Verificamos o que o Volks T-Cross tem que o fez líder entre os SUVs
Testamos a versão topo de linha do utilitário mais vendido do Brasil em 2024, renovado, está mais completo e caro do que nunca

Vivemos falando por aqui que os SUVs estão dominando o mercado automotivo brasileiro e global. Não é para menos, a categoria que mais cresce é também a que mais emplaca, só no último ano no Brasil foram quase um milhão de modelos (939.279, mais especificamente) emplacados, o que representa nada menos que 37,8% de todas as vendas.
Para se ter uma ideia, em 2023, o segmento foi responsável pelo emplacamento de 782.354 unidades, ou seja, para 2024, houve uma alta de 20,05 (maior que os 15,49% do mercado geral ou dos 14,02% entre os veículos leves). Além do número absoluto, a participação de mercado da categoria também subiu, há dois anos era de 35,9%.

Logo os SUVs serão metade do mercado automotivo brasileiro.
Neste ritmo, logo os utilitários serão responsáveis por 50% das vendas gerais. Mas segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), sem contar picapes e comerciais leves (furgões e vans) os SUVs foram responsáveis por impressionantes 48,22% dos emplacamentos em 2024, contra 45,46% de 2023.
E, claro, os lançamentos não param, sejam de modelos totalmente novos ou de atualizações por facelift ou nova geração, somente em 2024 foram cerca de 50 novidades, entre elas, a renovação do líder da categoria pelo segundo ano seguido e o nosso “Teste da Vez”, o T-Cross, na sua versão mais completa, a Highline.
Precificação

A Highline é a versão topo de linha do SUV mais vendido do Brasil.
De longe o principal ponto negativo do T-Cross é o preço, principalmente da versão topo de linha e com todos os extras. Quando foi apresentado o facelift, ele já estava em salgados R$ 175.990, mas agora está ainda mais caro, partindo de R$ 184.490, quase R$ 10 mil a mais em nove meses. E, ao acrescentar todos os kits, ele pode chegar a impressionantes R$ 199.990. Ou seja, em breve, será o segundo SUV compacto a superar os R$ 200 mil.
Analisando apenas o preço sem os extras, ele só é menos caro que Honda HR-V e seus insanos R$ 204.200 e Hyundai Creta (R$ 196.960) e mas custa mais que Fiat Fastback Abarth (R$ 171.990), Jeep Renegade Sahara (R$ 179.990), Peugeot 2008 (R$ 173.990), Chevrolet Tracker (R$ 172.860) e Caoa Chery Tiggo 5X Hybrid (R$ 157.990).
Maquiagem refeita

O utilitário passou por um facelift no meio do ano passado.
Lançado em 2019, o T-Cross passou pelo primeiro facelift no meio do ano passado. Mesmo se tratando de uma atualização maior, o visual não foi tão profundamente alterado. Na dianteira, o para-choque foi redesenhado, com um estilo mais limpo e harmônico, os faróis foram mantidos, mas a grade ganhou um filete cromado interligando as luzes do DRL.
Na traseira, o foco maior das mudanças também foi o para-choque, completamente redesenhado. As lanternas e o aplique central da tampa do porta-malas passaram por uma leve alteração, quase imperceptível. Nas loterias, apenas as rodas foram trocadas. E, a unidade que testamos contava com o Pack Dark (R$ 2.650).

Por dentro, a principal mudançã foi no estilo da tela da central multimídia.
O kit extra, como o nome indica, deixa o visual do T-Cross mais escurecido. Com ele, todos os badges do SUV nas laterais, o nome T-Cross e o logo 250 TSI são em preto, assim como o rack de teto e as rodas de 17 polegadas que calçam pneus Scorpion. Os retrovisores, o teto e as colunas A, B e C são pintados em preto brilhante.
Por dentro, as mudanças foram ainda mais recatadas. Os bancos contam com novo desenho, com direito ao nome do veículo em baixo relevo e a tela da central multimídia foi completamente alterada. Um fator engraçado é que, enquanto praticamente todas as marcas estão deixando de lado o estilo flutuante, a Volks resolveu adotar o visual agora.

Um charme a mais, o teto solar custa caríssimos R$ 7.550.
No mais, tudo permanece exatamente igual, do volante a manopla do câmbio, passando pelo painel de instrumentos digital e pelos comandos digitais do ar-condicionado. Outro item extra presente na unidade que testamos é o teto solar panorâmico, batizado de pacote sky view (R$ 7.550), ele agrega o teto e duas luzes de leitura na dianteira.
Outro ponto inalterado é o excesso de plástico duro em toda a cabine e que não condiz com um veículo de quase R$ 200 mil. O material está longe de ser dos melhores, mas ao menos é bem-feito, sem nenhuma rebarba ou peça mal encaixada. O espaço é condizente com o da categoria, quatro adultos viajam com conforto e um quinto gera aperto desnecessário. O porta-malas tem bons 420 litros, não é o maior, nem o menor do segmento.
Bem equipado

Ao menos, o piloto automático adaptativo é de série.
A lista de equipamentos é até generosa, mas um veículo que já custa R$ 185 mil, deveria vir de série com os itens vistos no “Pacote Adas”, que agrega assistente ativo de mudança de faixa, auxiliar de estacionamento automático, câmera multifuncional e monitoramento de ponto cego com assistente de saída de vaga, por mais R$ 3.550.
De série, ele vem com piloto automático adaptativo, frenagem autônoma de emergência, seis airbags, controles de tração e estabilidade, retrovisor eletrocrômico, auxiliar de partida em rampa, faróis full LED, sensores de chuva e de estacionamento dianteiro e traseiro, alerta de pressão dos pneus, frenagem automática pós-colisão e detector de fadiga.

Já o ar-condicionado deveria ser dual zone, em um veículo de quase R$ 200 mil.
Entre os itens de comodidade, o único extra é o já citado teto solar panorâmico. No mais, o SUV vem com ar-condicionado digital com saída para o banco traseiro (mas só de uma zona), volante com ajustes de altura e profundidade, chave sensorial para abertura das portas, partida por botão, carregador de celular por indução, iluminação ambiente
A central multimídia tem tela de 10,1 polegadas, suporte para aplicativos VW Play, conexão sem fio via Android Auto e Apple CarPlay e quatro portas USB do tipo C (duas atrás e duas na frente), o painel de instrumentos digital tem display de 10,25 polegadas e os retrovisores externos são rebatíveis.
Conjunto consagrado

O conjunto mecânico é o consagrado 1.4 TSI.
O T-Cross foi o primeiro SUV compacto do mercado brasileiro a contar apenas com motores turbo. No caso, o 1.0 e o 1.4 TSI. Desde o seu lançamento, a Highline é a única opção com o propulsor mais forte. Ele gera bons 150 cavalos e 25,5kgfm de torque e está alinhado à direção elétrica, câmbio automático de seis marchas, freios a disco nas quatro rodas e suspensão tipo McPherson na dianteira e semi independente na traseira.
Com uma motorização consagrada, o T-Cross na sua versão topo de linha responde bem e realiza manobras como ultrapassagens e retomadas de velocidade com segurança. Já as saídas demandam um certo cuidado, por conta do delay do câmbio, um pouco maior do que deveria. A resposta ao acelerador não é exatamente instantânea.

O câmbio automático de seis marchas tem um leve delay nas saídas.
Apesar da leve demora nas respostas, o câmbio realiza trocas com suavidade, sem qualquer tipo de tranco. E o motorista pode fazer as alternâncias de marcha de forma manual por meio das borboletas no volante, o que pode deixar a condução um pouco mais divertida, mas o ideal mesmo é deixar a transmissão trabalhando sozinha.
Como um bom SUV feito para o Brasil, com asfaltos péssimos por todos os lugares, a suspensão do T-Cross absorve bem as inúmeras imperfeições das pistas e não repassa para a cabine, deixando a viagem bem confortável. Ao fim do nosso teste, o consumo foi de bons 12,4km/l com gasolina.
A opinião do Diário Motor

Volkswagen T-Cross Highline.
Com um mercado inflacionado, o preço da versão topo de linha do T-Cross, apesar de alto, está no meio do valor dos principais concorrentes. Ele não é o mais caro, mas também não é o mais barato. Mas os R$ 184.490 poderiam ser já com todos os extras, o que deixaria o preço mais interessante. Apesar da pedida alta, os equipamentos são condizentes.
O conjunto mecânico é um velho conhecido da marca, atende super bem e, apesar do leve delay do câmbio, garante um andar tranquilo e até divertido para o SUV, usando as trocas manuais. Os atributos do T-Cross só corroboram os números de vendas e o segundo título seguido de mais emplacado da categoria. Vale a compra! Nota: 8,5.
Ficha Técnica
Motor: 1.5 turbo
Potência máxima: 150cv
Torque máximo: 25,5kgfm
Transmissão: automática de seis velocidades
Direção: elétrica
Suspensão: independente na dianteira e semi independente na traseira
Freios: a disco nas quatro rodas
Porta-malas: 420 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.575 x 1.760 x 4.218 x 2.651mm
Preço: a partir de R$ 184.490