Testamos a Renault Oroch Outsider, que pode ser ‘salva’ pelo motor turbo
A nova versão topo de linha da picape recebe a moderna e divertida caixa 1.3 TCe, mas peca na lista de equipamentos de segurança e no preço
Em abril, a Renault apresentou o primeiro facelift da Oroch. A pioneira picape intermediária do país ganhava uma pequena alteração visual externa, uma boa mudança interna, uma parca atualização nos itens de série e – a melhor novidade – recebeu o moderno conjunto mecânico com o esperto motor 1.3 turbo e um renovado câmbio CVT.
A atualização fez bem para a picape. Um exemplo é que, em abril, ela teve apenas 297 emplacamentos e apresentava um acumulado de míseras 2.518 unidades. Com a renovação, os números foram melhorando, tendo o melhor mês do ano em setembro, com 1.641 unidades, totalizando 7.977 emplacamentos até aqui.
O problema da francesa é que, mesmo com este exponencial aumento nas vendas, ela ainda está longe, bem longe, das principais rivais, as Fiats Toro e Strada (esta última uma concorrente indireta), que contam com 38.820 e 86.007 unidades emplacadas até aqui no ano.
A melhora nos números se deve principalmente às novidades – apesar dos deslizes na lista de equipamentos de segurança – que a picape recebeu lá em abril, como mostra a novíssima versão topo de linha, a Outsider, nosso “Teste da Vez”, com seus salgados R$ 145.700 e que tem como grande destaque o motor 1.3 turbo.
Erro contínuo
No lançamento, além da questão dos itens de série, um dos pontos mais negativos que apontamos na Oroch Outsider foi o preço. Em abril, ela chegou por salgados R$ 137.100, ou seja, em seis meses ficou R$ 8.600 mais cara.
Além disso, o aumento foi tão grande que, agora, ela é R$ 3,2 mil mais cara que a opção de entrada da Toro, antes era R$ 1 mil mais barata. A diferença para a Strada se manteve no patamar dos R$ 17 mil acima. Ou seja, no período, a Renault subiu bem mais o valor da Oroch do que a Fiat para Strada e Toro.
Semelhança familiar
Quando a Renault lançou a Oroch, ela tinha o prenome “Duster”, pois era a variante picape do SUV. Com o facelift, a francesa retirou a primeira alcunha e misturou o design da caminhonete com dos primos utilitários, além do Duster, o Captur.
A grade frontal e o para-choque foram redesenhados, o que permite um maior ângulo de entrada, de 27,6º – não que você vá fazer algum off-road pesado, já que ela é apenas 4×2. A Outsider ainda conta com alargadores de para-lamas, faróis de neblina auxiliares e os altos nos airbumps dianteiros e frisos laterais.
Além disso, as saias laterais remetem a um estribo, mas não o são, não servem de apoio para embarcar na picape. O santo antônio e o rack de teto também foram modificados e as lanternas receberam acabamento fumê.
A cabine é uma fusão de estilos, com peças dos primos e próprias. A grande novidade é a tela da central multimídia que passa a ser no estilo flutuante, a posição elevada permite uma visualização bem melhor. As saídas e controles do ar-condicionado são idênticas ao Duster, já o painel de instrumentos veio do Captur.
O acabamento é escurecido, o que dá um visual mais interessante à picape. Os bancos têm revestimento premium e contam com costura laranja, o mesmo detalhe é visto no painel e nas portas. Apesar dos materiais simplórios – é um uso abundante de plástico duro –, como é comum em caminhonetes, o acabamento é bem feito, sem rebarbas e não há peças mal encaixadas.
Por compartilhar a plataforma com o Duster, o espaço traseiro é bom, levando quatro adultos com certo conforto, um quinto sempre gera apertos desnecessários. A caçamba, que vem com capota marítima de série, pode levar até 650kg, número melhor que o da gigante Ram Classic, por exemplo, mas dentro da média das picapes a gasolina.
Os deslizes
A lista de equipamentos da Oroch na sua versão topo de linha seria bem honesta, não fossem dois fatores, o preço (surreal como já falamos) e a Renault ter itens presentes em outros modelos e que poderiam estar na picape, mas que não estão.
De série, ela vem com ar-condicionado digital, central multimídia com tela de oito polegadas e conexão sem fios para smartphones, rodas diamantadas, computador de bordo com velocímetro digital, bancos com revestimento premium e os básicos vidros, travas e retrovisores elétricos, a capota marítima e só.
Na parte da segurança, nada demais também, ela vem apenas com controles de tração, estabilidade e anticapotamento, assistente de partida em rampas, piloto automático, luz de circulação diurna halógena, sensores de estacionamento, crepuscular e de chuva (esses dois últimos os maiores diferenciais) e câmera de ré.
A Renault insiste em utilizar apenas os airbags obrigatórios, quando até o Kwid tem quatro bolsas de proteção. Além disso, a marca conta com alerta de ponto cego, câmeras 360º e chave sensorial com partida por botão no Duster e no Captur, que compartilham plataforma e, visualmente, servem de base para a picape. Os faróis poderiam ser em LED também. Tivessem esses itens, a caminhonete ficaria ainda mais segura e interessante.
A joia da coroa
De todas as novidades da Oroch, a melhor delas é o conjunto mecânico. A picape segue os primos Duster e Captur e passa a contar com o moderno motor 1.3 TCe. A caixa turbinada gera excelentes 170 cavalos e 27,5kgfm de torque e está aliada a transmissão automática CVT, direção eletro-hidráulica (um pequeno deslize) e suspensão independente nas quatro rodas.
Se nos utilitários o motor caiu bem, na picape ele encaixou ainda mais perfeitamente. A picape ganha um fôlego novo e tem vitalidade de sobra com a caixa turbinada. E, assim como nos SUVs, a transmissão CVT surpreende positivamente, com uma pegada esperta e sem ruídos exagerados, como é de costume destes modelos.
Com o bom casamento do câmbio com o motor, a picape é bem esperta. Toda manobra é feita com extrema facilidade, sejam ultrapassagens, saídas ou retomadas de velocidades, basta o mais leve toque no acelerador para a caminhonete disparar pelo asfalto.
A suspensão é outro ponto positivo. Por ser independente multilink, o sistema trabalha bem, não repassa as – muitas – irregularidades do asfalto para a cabine. Até em trechos mais acidentados, como estradas de chão, ela manda bem, mas nada muito exagerado, já que ela não é 4×4.
Como é monobloco, a Oroch também tem uma boa dirigibilidade, que ficou melhor ainda com a nova motorização. Mesmo em curvas de alta ela não sai de traseira e sempre se mantém “na mão”. Mesmo acelerando fundo, ela não sai do traçado.
O grande porém do conjunto mecânico é a direção, que deveria ser elétrica, 2022 e a Renault insistindo no sistema eletro-hidráulico. O consumo foi bom, nem excepcional, nem ruim, ao fim do teste, com gasolina, a picape estava marcando 10,3km/l.
A opinião do Diário Motor
A Renault Oroch tem dois gigantes poréns, o preço exagerado e a parca lista de equipamentos. Praticamente um “Duster de caçamba”, a picape é mais cara e tem menos itens que o primo, quando comparado com as versões topo de linha, sendo que ela faz uso de bons atributos do SUV, como o espaço interno e o novo conjunto mecânico.
Fica a dúvida do porquê que a Renault não equiparou a lista de equipamentos da picape com a do SUV, teria deixado a Oroch como uma das melhores opções do mercado. O ponto alto está no motor turbo, de ótima dirigibilidade, e no conforto à bordo. Graças a eles, vale fazer o teste drive na caminhonete com uma possível compra! Nota: 6.
Ficha Técnica
Motor: 1.3 turbo
Potência máxima: 170cv
Torque máximo: 27,5kgfm
Direção: eletro-hidráulica
Suspensão: independente nas quatro rodas
Freios: a disco na dianteira e tambor na traseira
Capacidade de carga: 650kg
Dimensões (A x L x C x EE): 1.634 x 1.834 x 4.719 x 2.829mm
Preço: R$ 145.700