Ram Rampage Rebel, a melhor versão da potente picape intermediária
Testamos a opção de entrada com o poderoso motor Hurricane da caminhonete pernambucana, que se mostra a mais acertada
Em uma indústria mais que centenária como a automotiva, grandes novidades são um pouco raras de se ver. Aqui no Brasil, tivemos uma importante há quase 10 anos, com a criação de uma nova categoria, a de picapes intermediárias. O subsegmento surgiu da necessidade de modelos maiores do que as compactas, mas mais práticas do que as médias.
Um ponto interessante é que a primeira representante, a que inaugurou a categoria, foi a Renault Oroch, apresentada no fim de 2015 só que sem um grande leque de opções, como tração 4×4, câmbio automático ou motor diesel. Com isso, a que elevou o segmento foi a segunda a ser lançada, no início de 2016, a Fiat Toro, com todas essas variações.
A Rampage é apenas a quinta representante da categoria.
A italiana logo desbancou a rival na categoria e rapidamente chegou ao segundo lugar entre todas as picapes mais vendidas do país. Com o grande sucesso, era de se esperar uma maior aposta das marcas rivais. Mas não foi o que ocorreu na prática. A terceira representante do segmento só veio em 2021, com a Ford Maverick.
A quarta veio no ano seguinte, com uma reformulada Chevrolet Montana. A quinta e última surgiu em 2023, com a Ram Rampage. Ou seja, em quase 10 anos, a categoria conta apenas com cinco representantes, sendo a mais ousada justamente a caçula, que tem o poderoso motor Hurricane 4 desde a versão de entrada, a Rebel, nosso “Teste da Vez”.
Precificação
A Rebel é a opção de entrada da picape intermediária.
A Rampage tem um aspecto um pouco diferente de outros veículos, até mesmo dentro da marca. Apesar de serem três versões, as principais diferenças são visuais. Os itens de série são quase iguais e a motorização é idêntica. Assim, a Rebel se mostra bem interessante, principalmente por custar R$ 264.990 contra quase R$ 300 mil da R/T, a topo de linha.
Como falamos, o segmento é super novo e pouco diversificado. A rival mais alinhada com a Rampage é a Ford Maverick (R$ 229.500), principalmente no quesito conjunto mecânico. A categoria ainda conta com a prima dela, a Fiat Toro (R$ 219.990) e Chevrolet Montana (R$ 162.950), além, claro, da Oroch (R$ 157.200), todas essas no preço da topo de linha.
“Mini” 1500
O visual é praticamente o mesmo visto nas versões Rebel da irmã 1500.
Desde que foi lançada, no meio do ano passado, a Rampage tinha uma proposta de ser uma “mini” 1500, com a versão Rebel mais parecida com a irmã maior (que tinha a mesma configuração, até chegar a nova geração agora no fim do ano). Ela tem um visual mais robusto, quase esportivo, apesar dessa função ser da topo de linha R/T.
O desenho da grade é diferenciado, hoje, com um estilo único dentro da marca. O acabamento da peça é em preto fosco, assim como o visto no volumoso para-choque dianteiro e no traseiro, capas dos retrovisores e caixas de roda. Os farois, full LED, são afilados e as lanternas têm o desenho da bandeira dos Estados Unidos.
Na traseira, o curioso ester-egg da bandeira dos EUA nas lanternas.
Ao redor da carroceria, os nomes, tanto da marca, quanto do modelo e da versão também são em preto. A cor é aplicada também nas rodas e no escape de saída dupla. Nas laterais do capô há um detalhe escuro com Ram aplicado e o termo “turbo” em fundo vazio, ou seja, será na cor da carroceria, no caso da unidade que testamos, o vermelho flame.
Por dentro, o tom escuro está bem presente. Colunas e teto são em preto, assim como os assentos, forros das portas, painel, volante e apoio de braço central, todos contam com costura na mesma cor. Um detalhe legal é a cabeça de bode, símbolo da marca, em alto relevo no encosto de braço. Já o nome Ram está em baixo relevo no painel e nos bancos.
O interior é bem requintado, fugindo do clássico da categoria.
Uma coisa que chama bastante a atenção no interior da Rampage, além das gigantes telas digitais, é a qualidade dos materiais empregados. Fugindo totalmente do clássico da categoria, a pernambucana conta com um uso abundante de couro e, mais importante, plástico macio ao toque, nas portas e no painel, típico de SUVs premium.
Enquanto o acabamento foge do estilo da categoria, o espaço interno é condizente com o segmento. Cinco pessoas geram um aperto desnecessário, para viagens confortáveis, o ideal são quatro. Quem for atrás, se for muito alto, tende a roçar a cabeça no teto. Na caçamba, nada de uma tonelada de capacidade, ela leva apenas 750kg.
Nível topo de linha
Mesmo sendo de entrada, a Rebel é bastate completa.
Não é só no acabamento que a Rampage faz bonito, na lista de equipamentos também. Como falamos, ela é quase idêntica a R/T. A diferença fica pela ausência de ajustes elétricos para o banco do passageiro, luz ambiente em LED e som premium da Harman Kardon, que podem ser adicionados no pacote extra “Elite”, por R$ 6 mil.
Assim, de comodidade, ela vem com central multimídia de 12,3 polegadas com conexão sem fio e possibilidade de conectar até dois aparelhos, carregador por indução, wi-fi embarcado, seis portas USB, painel de instrumentos digital de 10,3 polegadas, ar-condicionado dual zone com saída para a traseira e chave sensorial com partida remota.
Os ocupantes do banco traseiro têm portas USB e saída de ar.
Já na parte da segurança, a Rebel conta com sete airbags, controles de tração, estabilidade e de mitigação de rolagem da carroceria, farol alto automático, alertas de colisão frontal com frenagem autônoma de emergência e detecção de pedestres e ciclistas e de saída de faixa com correção e detecção de tráfego traseiro cruzado.
Ela ainda conta com monitoramentos da pressão dos pneus e de ponto cego, piloto automático adaptativo com Stop&Go, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, de chuva e crepuscular, câmera de ré, retrovisor eletrocrômico, freio de estacionamento eletrônico com auto hold e auxiliares de partida e de descida em rampa.
Onde mora a diversão
O poderoso conjunto mecânico é o grande astro da Rampage.
Graças ao poderoso motor Hurricane 4, o mesmo que desembarcou por aqui pela primeira vez no primo Jeep Wrangler e hoje também equipa Compass e Commander, a Rampage detém o título de picape de maior potência fabricada no Brasil, no caso, em Goiana, Pernambuco. Mas este status não são só números, ele se justifica bem no dia a dia.
O motor é um 2.0 turbo de fortes 272 “bodes” e ótimos 40,8kgfm de torque. Aliado a ele, está a direção elétrica, câmbio automático de nove velocidades, modo Sport e tração integral, que garantem uma aceleração fora do comum para uma picape. O poderoso conjunto se resume a uma tocada impressionante da Rampage, bastante divertida.
Seja no asfalto ou fora dele, a picape anda muito bem.
Os 272 bodes trabalham com vigor e, além de divertidas deixam as acelerações da caminhonete super seguras. O alto torque ajuda nas saídas e qualquer toque no acelerador faz a Rampage disparar com vigor pelo asfalto, o modo “Sport” deixa a tocada mais esperta. Sem falar que toda e qualquer manobra é feita com extrema facilidade.
Ultrapassagens, retomadas e saídas em velocidades são realizadas com segurança e sem esforço. Mas mais assombroso do que a aceleração é a forma como a Rampage faz curvas, a sensação é de estar em um hot hatch, ou um esportivo de verdade. Você só se lembra que está em uma picape por conta da altura e ao olhar para o retrovisor e ver a caçamba.
O motorista tem um veículo divertido e seguro a mão.
A dirigibilidade beira a perfeição, em momento algum ela passa a sensação de perda de controle, de sair de traseira ou de que a caçamba passará a dianteira, pelo contrário, mostra que o motorista está sempre no controle e, mesmo em curvas de alta, tem a picape na mão.
Em um veículo de quase 300 cavalos, a última preocupação é o consumo, mas ao fim do nosso teste, rodando na cidade, estrada e fora dela e ainda fazendo trilha off-road, ela fez média de 7,3km/l, praticamente o mesmo que a R/T fez.
Diversão na terra
A tração integral 4×4 também garante uma diversão a mais no fora de estrada.
Antes de mais nada, a Rampage é uma picape e, como toda boa caminhonete, o uso no fora de estrada também é importante. Aqui, mais uma vez, a pernambucana faz bonito. O sistema 4×4 integral funciona muito bem e ainda conta com opção de reduzida, ativada por meio de um simples botão e sem a necessidade de colocar o câmbio em neutro.
O sistema trabalha tão bem, que é capaz de você esquecer que ele está ali atuando. Ao encarar uma via sem asfalto, basta seguir viagem, já que a tração integral continua atuando de forma primorosa, demandando a força para as rodas de acordo com a sensibilidade da via. Mesmo em trilhas mais pesadas, com valas e cascalho solto, ela supera com facilidade
As medidas dela são ótimas para encarar grandes desafios no off-road.
Ao se deparar com algo ainda mais desafiador, basta ativar a reduzida. Aí, a Rampage se comporta como se estivesse em um passeio pelo parque, mesmo em um terreno repleto de valas ou cascalho solto. Ainda tem um plus, o auxiliar de descida tem controle de velocidade, o que ajuda ainda mais na hora de superar os mais variados obstáculos.
Ela ainda conta bons ângulos, são 25,7º de ataque, 25,3º de saída e 23,9º de rampa, além de ter 264mm de altura livre do solo. Um fator interessante é que, por não ser tão comprida como as médias, em momento algum ela arrasta ou passa a sensação que a parte inferior da caçamba baterá no chão, o que deixa a aventura fora de estrada ainda mais divertida e segura.
A opinião do Diário Motor
Ram Rampage Rebel.
A Rebel se mostra a melhor versão da Rampage. Com o mesmo conjunto mecânico das demais, que é o grande astro da picape, ela consegue alinhar melhor o preço com a entrega. Não quer dizer que os R$ 265 mil sejam baratos, mas mais condizentes do que os quase R$ 300 mil da R/T.
Com uma lista de equipamentos bem completa e interessante, o poderoso motor Hurricane que deixa a condução mais divertida que muito esportivado por aí, a tração integral 4×4 capaz de superar os mais variados desafios off-road e uma cabine confortável, a Rampage Rebel briga até com opções intermediárias das picapes médias. Vale a compra! Nota: 9.
Ficha Técnica
Motor: 2.0 turbo
Potência máxima: 272cv
Torque máximo: 40,8kgfm
Direção: elétrica
Suspensão: independente nas quatro rodas
Freios: a disco nas quatro rodas
Capacidade de carga: 750kg
Dimensões (A x L x C x EE): 1.771 x 1.886 x 5.028 x 2.994mm
Preço: R$ 264.990
