Peugeot 2008 GT, a renovação tão esperada do SUV compacto
Testamos um renovado 2008, que finalmente chega à segunda geração no Brasil, com direito a motorização do lado italiano da família
A história da Peugeot é mais que centenária. A marca começou como uma moedora, com um moinho familiar, e foi expandindo os negócios até produzir o primeiro veículo em 1889, que nada mais era do que um triciclo motorizado. Percebendo um novo nicho, passou a focar na produção de automóveis, de início, basicamente charretes com motor.
Ao se tornar uma verdadeira montadora de veículos no fim do século XIX e início do XX, a francesa apresentou diversos modelos importantes. Em 1929 veio aquele que mudaria para sempre a história da Peugeot, o 201. Foi com ele que a marca passou a nomear seus veículos com três números, sempre com o zero no meio (graças a isso, a Porsche teve que batizar seu novo esportivo, lá em 1964, de 911, mas isso é história para outra hora).
Com o tempo, a trinca de números foi se difundindo na marca, principalmente entre a linha principal de veículos, e passou a ter um sentido mais claro. O primeiro indica o porte da linha (no caso do 2, de um compacto), o segundo se manteve sempre com o 0 e terceiro a geração. Por aqui, a mais famosa foi a linha 6, com o 206 e o 306 (este de médio porte).
Os SUVs “forçaram” a marca a se reinventar. Para manter a tradição dos números, ela resolveu dobrar o 0 e, assim, surgiram o 2008 e o 3008. O 8 indica a oitava geração, os utilitários nasceram nela. Mas de forma inexplicável, ao renovar a linha, a Peugeot resolveu quebrar a tradição, manter o 8 e não lançar a 9. Assim, os novos modelos ganharam uma segunda geração, como 2008, que foi atualizado neste ano e é o nosso “Teste da Vez”.
Precificação
Para o Brasil, a Peugeot não tinha trago a segunda geração do 2008. Ela só veio agora, já com o facelift de meio de vida, e com uma nova versão topo de linha, a GT. Ela segue um novo padrão, meio maluco da Stellantis, principalmente do lado francês do grupo, ao lançar um modelo com preço oficial (salgados R$ 169.990), mas o praticado sendo menor, no caso, R$ 154.990, o que o deixa na faixa de rivais intermediários.
Se focarmos no preço praticado, ele tem um dos melhores custo-benefícios atualmente. Pegando apenas as versões mais caras com motor 1.0 turbo dos rivais (os que têm), temos o Volks T-Cross (R$ 167.790), o Hyundai Creta (R$ 182.090), Chevrolet Tracker (R$ 159.990) e o Fiat Fastback (R$ 159.990). Ou seja, o 2008 é menos caro deles.
Garras do leão
Como falamos, a segunda geração do 2008 demorou para chegar ao Brasil. Com isso, o utilitário compacto passa a contar com todo um novo estilo, visto no facelift de meio de vida lá fora. A mudança, que naturalmente seria brusca, foi ainda mais impactante, por conta do “pulo” nas atualizações, com o visual mudando por completo.
Dessa forma, ao contrário do 208, o SUV não recebeu os “dentes de sabre”, mas o que a marca batizou de “garras do leão”, por serem três filetes curtos de cada lado, em vez de um único longo, que fazem a vez de luz de circulação diurna. Grade, capô, para-choques e até o logo da marca foram redesenhados, apresentando um estilo mais imponente.
A traseira tem um filete em preto brilhante que une as lanternas e leva o nome da marca, escrito de forma espaçado. Há ainda um pequeno spoiler no alto da tampa do porta-malas e uma imitação de rack no teto. Nas laterais, rodas de visual diferenciado e saias de proteção. A coluna C, assim como as inscrições que indicam o modelo e a versão, são escurecidos.
Por dentro, a mudança também foi grande. Um fator curioso é que, quem andou no 208 de nova geração, não perceberá tantas modificações, já que hatch recebeu a atualização que não chegou no SUV. O destaque fica pelas teclas tipo piano (vistos também no 3008), pelo teto solar panorâmico, painel de instrumentos 3D e o volante de base dupla achatada
O acabamento é uma mistura de materiais, com couro sintético, bastante uso de preto brilhante, principalmente no console central, e ainda há detalhes que imitam fibra de carbono nas portas e no painel, mas apenas para deixar um visual diferente, porque não passam de plástico duro, visto com abundância pela cabine.
O ponto negativo do estilo do novo 2008 é a tela da central multimídia, que além da baixa qualidade, destoa do visual da cabine. A marca poderia ter trabalhado um pouco melhor neste aspecto. Já o espaço é bom, leva quatro adultos com muito conforto, claro que um quinto gera um certo aperto, mas não muito. O porta-malas têm 374 litros.
Na medida
No quesito equipamentos, o 2008 nunca fez feio, mas está ainda melhor com a atualização. Ele conta com a central multimídia com tela de 10,3 polegadas e conexão sem fio para smartphones via Android Auto e Apple CarPlay, chave sensorial, partida por botão, carregamento de celular por indução, ar-condicionado digital e com saida para a traseira
Painel de instrumentos digital com visualização 3D, banco do motorista com regulagem de altura, teto biton, identidade GT com badge, adesivo e tapetes exclusivos, grade bodycolor, pedais esportivos em alumínio, borboletas no volante para trocas de marchas, bancos exclusivos em couro com costura verde e teto solar panorâmico.
Na parte da segurança, seis airbags, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, crepuscular e de chuva, faróis e luz de circulação diurna em LED, freio de estacionamento eletrônico, retrovisores externos com rebatimento elétrico, câmera 360º, monitoramento de ponto cego e Peugeot Driver Assist.
O novo sistema de auxiliares de condução da marca agrega alerta de colisão, frenagem de emergência automática, auxílio de farol alto, reconhecimento automático de sinalização de velocidade, detector de fadiga e alerta e correção de permanência em faixa.
À italiana
Desde que a Peugeot Citroen (PSA) e a Fiat Chrysler (FCA) se fundiram e criaram a Stellantis, no Brasil, a marca que mais fez bom uso da sinergia do novo grupo foi a Peugeot. Uma prova disso é o conjunto mecânico do 2008, que mudou mais do que o visual.
Ao contrário da primeira geração, que utilizava dois 1.6 (aspirado e turbinado), o SUV faz uso do moderno motor 1.0 turbo. Atualmente, ele é visto nos primos Fiat Fastback e Pulse, Citroën C3, Aircross e Basalt, e no irmão 208. A caixa de força gera 130 cavalos com etanol e 125 cavalos com gasolina, o torque é sempre de 20,4kgfm.
No SUV francês, a motorização italiana fica bem ajustada. Não há folga para uma tocada mais esportiva, mas também não há falta de fôlego. Com ele, o 2008 anda bem, de forma segura, e possibilita que manobras, como ultrapassagens, saídas e retomadas de velocidade, sejam feitas sempre com segurança.
A transmissão é automática tipo CVT e, apesar disso, funciona de forma otimizada. Este tipo de câmbio, normalmente, é moroso e deixa a condução chata. Mas a Stellantis conseguiu encaixá-lo perfeitamente bem nos motores pequenos turbinados, como o T200. Como não há trocas físicas, a condução fica sem trancos e é sempre confortável.
Falando em conforto, a suspensão também trabalha muito bem, ela deixa o rolar do SUV macio e absorve bem as – inúmeras – imperfeições das nossas vias, não repassando para a cabine os defeitos do asfalto, o que deixa a viagem o mais confortável possível.
O consumo não foi tão bom quanto o esperado, principalmente para Brasília, onde realizamos nossos testes. A capital federal conta com vias mais largas e planas e, normalmente, o gasto de combustível fica mais parecido com o visto na estrada. Durante nosso teste, ele fez média de 10.3km/l.
A opinião do Diário Motor
O 2008 foi um dos primeiros modelos da nova leva de SUVs lançados no Brasil, lá em 2015. O modelo envelheceu e não ganhou a segunda geração por aqui, o que finalmente aconteceu agora e deu um “grow-up”, principalmente no visual, já que ele chegou direto com o facelift de meio de vida. Apesar de ter perdido o poderoso motor 1.6 THP, continua bom de guiar, só não tão divertido quanto antes.
As mudanças foram tão grandes que até o logo é novo. Mas o mais importante é o preço. Em um momento onde tudo está caro, e ele não foge disso, ter um veículo completo e na faixa de preço de rivais intermediários é um alento, mesmo custando R$ 155 mil (no valor utilizado, não o oficial). Com isso, ele se torna uma boa opção para quem procura um SUV compacto. Vale a compra! Nota: 8,5.
Ficha técnica
Motor: 1.0 turbo
Potência máxima: 130/125cv
Torque máximo: 20,4kgfm
Transmissão: automática tipo CVT
Direção: elétrica
Suspensão: independente na dianteira e eixo de torção na traseira
Freios: a disco na dianteira e tambor na traseira
Porta-malas: até 374 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.548 x 1.776 x 4.309 x 2.612mm
Preço: R$ 154.990