Primeiras impressões: BYD Dolphin se mostra um elétrico interessante
Fomos a São Paulo conhecer de perto o mais novo lançamento da chinesa no Brasil, que chega para encarar rivais menores e de mesmo preço
São Paulo (SP) – Dentre os segmentos industriais, o automotivo sempre foi um dos que mais demora para passar por grandes atualizações. Até pouco tempo, as montadoras gastavam mais de cinco anos na produção de um veículo, da ideia ao lançamento. Este intervalo tem diminuído cada vez mais, com alguns modelos levando pouco mais de dois anos da prancheta à loja.
Uma “prova” da aceleração da indústria são os eletrificados. Olhando apenas para o mercado brasileiro, há menos de cinco anos, não conseguíamos montar uma lista de 10 modelos híbridos, seja de qual tipo for. Hoje, são mais de 30 representantes 100% elétricos, dos mais variados tamanhos e preços, tendo o BYD Dolphin EV como último integrante.
O chinês foi apresentado ao público brasileiro na última semana em São Paulo e mostra que o segmento está em plena evolução, seja em tecnologia, carregamento e, o mais importante, no valor. Mesmo que ainda esteja longe de ser popular, afinal são R$ 149.800, ele mostra que existe sim espaço para melhorar e evoluir no quesito preço final.
Fomos até a capital paulista ver de perto a novidade que chega para “bagunçar” a cabeça de quem procura um veículo 100% elétrico de entrada, mas que sempre fugiu dos hatches supercompactos. O Dolphin assume a posição de segundo modelo totalmente eletrificado mais barato do Brasil, mesmo tendo um porte que briga até com hatches médios.
Precificando
O Dolphin chega ao Brasil como o modelo de entrada da BYD e a chinesa foi além na precificação do hatch. Como falamos, ele assume o segundo lugar entre os veículos 100% elétricos mais baratos do Brasil, atrás apenas do pequeno JAC E-JS1, que custa cerca de R$ 4 mil a menos, mas assim como o Renault Kwid e o Caoa Chery iCar, é minúsculo.
Para se ter uma ideia, o chinês tem 2.700mm de entre-eixos, exatamente o mesmo do Nissan Leaf, que é um hatch médio elétrico e custa praticamente o dobro. Comparado com outros compactos, como BMW i3, Mini Cooper e Peugeot e-208, ele é bem maior e custa cerca de R$ 100 mil a menos do que cada um.
Ida e volta
Como sempre costumamos dizer, gosto é algo muito particular e, o que uma pessoa pode achar bonito, outra não. Assim, o desenho de um carro pode ser atrativo para alguns e estranho para outros. Mas não podemos negar que o design do BYD Dolphin é, no mínimo, chamativo, mas mais pela traseira do que pela dianteira.
O desenho frontal parece ter sido tirado diretamente de veículos japoneses da década de 1990, com uma dianteira curta e linhas bem arredondadas. Já a traseira inspira modernidade, principalmente por conta da luz de posição da lanterna, uma linha estilizada de LED que vai de um lado a outro da tampa do porta-malas. O aerofólio dá um charme a mais ao hatch, assim como a coluna C escurecida.
Por dentro, apesar de alguns botões estranhos no console central, painel e volante, o visual também é bem moderno, exemplificado pela gigante tela giratória de 12,8 polegadas da central multimídia. A cabine é futurista como nos primeiros veículos elétricos, mas sem ser extravagante. Os bancos também possuem um visual diferenciado.
Um outro ponto que diferencia o Dolphin dos principais concorrentes na mesma faixa de preço é a qualidade dos materiais empregados no acabamento que, inclusive, é muito bem feito. Um ponto interessante é que as cores mudam de acordo com a pintura da cabine, podendo ser branco e preto com laranja, branco com rosa ou preto com marrom.
O espaço interno é divergente. Levar cinco pessoas, como em qualquer hatch compacto, é quase impossível, mas quatro viajam com extremo conforto, principalmente para as pernas. Já o motorista, dependendo do porte, pode ficar um pouco mais apertado do que deveria por conta do desnecessário console central. O porta-malas leva bons 250 litros.
Equilibrado
Em versão única, o Dolphin vem com faróis full LED, seis airbags, câmera panorâmica 360º, piloto automático, assistente de partida em rampa, assistente de frenagem, controles de tração e estabilidade, sensores de estacionamento traseiro e crepuscular, monitoramento de pressão dos pneus e freios regenerativos inteligentes e de estacionamento eletrônico.
Na parte da comodidade, chave sensorial com sistema NFC com opção de cartão ou anel, painel de instrumentos digital com tela de cinco polegadas, bancos em couro sintético, ar-condicionado digital, a central multimídia giratória de 12,8 polegadas com conexão Android Auto e Apple CarPlay, navegador embarcado e três portas USB.
O hatch conta também com o sistema Vehicle to Load (VTOL). Com um adaptador, que não vem com o veículo, a bateria do carro se transforma em uma fonte de energia, que pode utilizar equipamentos externos como cafeteira, laptop, pipoqueira ou luminária.
Golfinho eletrizante
O Dolphin conta com motor elétrico aliado a bateria blade de 44,9kWh, que gera 95 cavalos e 18,1kgfm de torque que, segundo a BYD, garante uma aceleração de zero a 100km/h em 10,9 segundos, com máxima de 160km/h. Ele ainda conta com três modos de condução: Sport, ECO e Snowfield.
Tivemos um primeiro contato com o chinês pelas ruas de São Paulo. O alto volume de torque instantâneo garante uma boa aceleração por parte do hatch, basta pisar no acelerador que o carro dispara pelo asfalto e com aquela sensação boa de ganho imediato de velocidade. A direção é leve e, por ser elétrica, passa uma boa impressão de segurança.
Por ser compacto, ele é fácil de manobrar e se mostra um bom veículo para o trânsito no dia a dia de grandes cidades. O maior porém fica pelo ruído que ele emite em baixa velocidade para alertar quem esteja em volta do veículo, o som acaba invadindo a cabine e, de certa forma, incomoda um pouco e mostra que o isolamento acústico não é dos melhores.
De acordo com o chinesa, o Dolphin tem uma autonomia 291 quilômetros, já no padrão brasilieiro, aferido pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), como estas são apenas as primeiras impressões do hatch, não foi possível verificar se estes números conferem com a realidade.
De fato, como ele conta com freios regenerativos, durante nosso breve contato pelas ruas de São Paulo, a autonomia do Dolphin praticamente não alterou, o que mostra que ele pode sim funcionar bem no dia a dia de uma grande cidade.
Sobre a recarga, a BYD afirma que ele gasta 25 minutos para ir de 20 a 80% de carga em um carregador de alta potência de corrente alternada. Mas o hatch pode ser carregado até em tomadas comuns, de 127 ou 220V, a depender da região do país, com um adaptador.
A opinião do Diário Motor
Até o lançamento do Dolphin, ao falar de elétricos de entrada as opções ou eram muito caras, acima dos R$ 200 mil, ou muito pequenas, como os hatches supercompatos. O Dolphin EV chega justamente para abrir um novo leque de possibilidades, aliando um espaço interno interessante com um valor bastante agressivo, para modelos 100% eletrificados.
A lista de equipamentos é honesta, com destaque para a gigante tela da central multimídia. O “golfinho” mostra ser bom na direção, tanto em manobras, quanto nas acelerações. Assim, para quem procura um veículo 100% elétrico e não quer gastar R$ 200 mil para isso, o Dolphin se mostra como uma boa opção. Vale a compra! Nota: 8.
Ficha técnica
Motor: elétrico
Potência máxima: 95cv
Torque máximo: 18,1kgfm
Transmissão: automática
Direção: elétrica
Freios: a disco nas quatro rodas
Autonomia: 291 quilômetros (padrão Inmetro)
Porta-malas: 250 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.570 x 1.770 x 4.125 x 2.700mm
Valor: R$ 149.800
*Viagem a convite da BYD