Moto Morini: as pretensões da nova marca de motos para o Brasil
Conversamos com Gunther Hofstatter, diretor de vendas e pós-vendas da Moto Morini Brasil, que conta sobre as ideias da marca por aqui

No universo das duas rodas, as marcas italianas têm uma importância significativa no cenário global por conta das inovações, além de toda uma contribuição cultural com grande impacto no estilo de vida dos motociclistas. As montadoras oriundas da Itália contribuem nos mais variados mercados, mas em um dos mais importantes, o nosso, elas não estão muito presentes.
O Brasil é o maior mercado de motos da América Latina e o sétimo do mundo e, ainda assim, só conta, atualmente, com uma marca italiana por aqui, a Ducati. Mas isto está para mudar, enquanto montadoras como Moto Guzzi, MV Agusta e Aprilia não fazem nenhum movimento para vir para o Brasil, a Moto Morini está com o “visto autorizado” para desembarcar por aqui.

A logo da Moto Morini.
Durante o último EICMA, maior feira voltada para as duas rodas do mundo, realizado justamente na Itália, a Morini confirmou que virá para o Brasil. Recentemente, a marca lançou o portal brasileiro com direito a um concierge digital.
Conversamos com Gunther Hofstatter, diretor de vendas e pós-vendas da Moto Morini Brasil sobre as pretensões da marca por aqui, de como ela pretende atuar, o tipo de público, rede de concessionários, o presente e o futuro da italiana no Brasil.

Gunther Hofstatter, diretor de vendas e pós-vendas da Moto Morini Brasil (foto: Estúdio Velvet).
Criada em 1937 em Bolonha, na Itália, a Moto Morini passou por uma grave crise, como diversas montadoras de duas e quatro rodas e, em 2018, foi adquirida pelo grupo chinês Zhongneng, que decidiu reformular a italiana e realizar uma expansão mundial da marca. Com isso, ela passou a operar em diversos países, até confirmar a vinda ao Brasil.
“Um fator determinante para a Moto Morini estar vindo para o Brasil é que, desde 2018, houve uma grande transição de fronteiras, encabeçada pela estratégia do grupo Zhongneng, de globalização da marca, então essa é a grande relevância, o grande ponto que a gente observou. O mercado brasileiro sempre foi um dos grandes de motocicletas, então, para qualquer marca que tenha ambições, o Brasil é um país chave.”

Moto Morini X-Cape 650.
Gunther acrescenta ainda que, além da relevância do Brasil no mercado mundial de motocicletas, a marca percebeu um movimento importante dos motociclistas brasileiros, onde muitos estão procurando dar o segundo passo no universo das duas rodas, saindo da base da pirâmide, formada por modelos de baixa cilindrada, e indo para as de média.
“Há um aumento das médias cilindradas no nosso mercado. Com upgrades, muitos clientes buscam transacionar da baixa para a média cilindrada, atrás de um apelo maior de passeio e de conforto. É neste nicho que a Moto Morini se encontra, em termos de produtos, de motocicletas, com motos de média para alta cilindrada e que atenderão perfeitamente este volume enorme de motociclistas que entraram no universo duas rodas pela baixa cilindrada e que em algum momento farão sua evolução para a média.”

Moto Morini Calibro 700.
Assim, o executivo afirma que, o grande público que a Moto Morini busca atingir seja o que está indo para a segunda, terceira moto, alguém que busca por estilo, performance, maior conforto, uma moto de grande confiabilidade, de qualidade, um público que sabe exatamente o que quer e onde buscar toda essa evolução dentro do motociclismo.
“Eu costumo dizer que uma das coisas mais gostosas da motocicleta é trocar de moto, é um prazer tão grande quanto você ter a primeira, poder trocar pela segunda, terceira, ter uma nova experiência, uma nova sensação. A gente acredita muito que nosso público estará neste momento, de evolução dele como pessoa, buscando algo de referência de maior qualidade, de maior característica, de maior confiança, esse será o nosso público!”.
Para conquistar este exigente motociclista, a Moto Morini contará com line-up completo, não exatamente neste primeiro momento. De início, serão três motocicletas completamente distintas uma das outras, todas de média cilindradas, mas que possam atender um público diferenciado. Já confirmadas, o Brasil receberá primeiro a X-Cape, a Seimmezzo e a Calibro.

Moto Morini Seiemmezzo 650.
A X-Cape é uma trail, uma aventureira, que permite rodar tanto no on, quanto no off-road, ela chegará em três versões (de rodas de liga, de rodas raiadas e uma especial, a Gold Edition). A Seimmezzo será dividida em dois modelos, street e scrambler. E a Calibro, uma cruiser estradeira, terá duas versões, a custom e a bagger, essa já virá com baús laterais e para-brisa frontal.
Todos os modelos da Moto Morini vendidos no Brasil serão montados no regime de CKD na planta da marca no Polo Industrial de Manaus, Amazonas, assim como a maioria das montadoras que atuam por aqui. A produção de peças e de componentes será feita na China, com a montagem realizada aqui. O que, segundo Gunther, facilitará a marca a ter um preço competitivo dentro do mercado brasileiro.

Por aqui, a X-Cape 650 terá três versões diferentes.
“A ideia é que a gente consiga entrar no mercado com um preço que permita o acesso de um grande público. Obviamente estamos falando de veículos representados por componentes de alta qualidade. Por exemplo, os pneus são da Pirelli, os freios ABS são da Brembo, a injeção eletrônica é da Bosch e a suspensão da KYB. Isso agrega valor e traz uma linha premium dos componentes. Por conta disso, é óbvio que não teremos motos com preço popular, mas elas estarão totalmente facilitadas e acessíveis em comparação com as principais concorrentes, serão modelos melhores e mais baratos do que das rivais.”
Sobre a rede de concessionários, o executivo afirma que o plano de desenvolvimento é de médio a longo prazo. De início, serão quatro lojas em São Paulo, Campinas, Brasília e Recife. A fase dois, prevista para o fim deste ano, contemplará o Rio de Janeiro e Belo Horizonte. A fase três foca a região sul, com Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de estados chaves como Goiás, Espírito Santo e Bahia.

Já a Seiemmezzo 650 terá duas opções, uma street e e outra scrambler.
“Hoje a gente vê muitos motociclistas, principalmente o público de X-Cape e Calibro, com o movimento de viajar para além do Brasil, para outros países da América do Sul, como Argentina, Uruguai, Chile, Equador, Peru e Venezuela. É importante frisar que em todos estes países a Moto Morini está presente, que realmente só faltava o Brasil, Assim quem, sair pela América do Sul, contará com a nossa presença por onde for, com uma rede de concessionários completa, com serviços e assistência técnica a disposição.”
Além das concessionárias, até 2027, a marca pretende contar com um line-up completo por aqui, com motos de que variam de 350cc até 1200cc, dos mais variados estilos e que serão inseridos gradualmente de acordo com a demanda do público brasileiro, com duas no fim deste ano, outras duas em 2026 e mais uma ou duas no início de 2027.

A Calibro 700 terá uma versão com direito a baús laterais e tudo mais.
“Temos uma estratégia de três pilares, que entendemos serem importantes para mostrar ao público brasileiro que viemos para ficar. O primeiro deles é a montagem nacional, com investimentos substanciais para trazer recursos ao país e para adaptar uma linha de montagem de nível de qualidade elevado. O segundo é pós venda, algo extremamente estratégico para que a gente impacte de forma positiva os clientes. Teremos um amplo estoque, com ampla capacidade e alta distribuição de peças. O terceiro pilar é escolher muito bem a nossa rede de concessionários.”
O executivo afirma que a rede da Moto Morini será composta por concessionárias topo de linha, que possuem estabilidade e referências nas suas praças e que somarão para mostrar ao público que a italiana não é uma aventureira, que vem para o Brasil para ficar. A loja de São Paulo será representada pelo Grupo Nova, já a de Campinas, pelo Triplo Power e o grupo Remaza ficará responsável pelos pontos de Brasília e Recife.

No primeiro momento, serão três modelos distintos.
A primeira loja será inaugurada entre o fim de junho e início de julho em São Paulo e será batizada de “Prima”. Ao longo do segundo semestre, as demais serão abertas ao público, que poderá, ao menos o paulista, ter um primeiro contato com os três modelos no fim de maio, durante um evento voltado para o universo das duas rodas realizado em Interlagos.
Gunther afirma que é quando será realizada a materialização da Moto Morini no Brasil, com a demonstração de todas as motos disponíveis neste primeiro momento, inclusive, com a possibilidade de testes rides. Já a comunicação oficial sobre as três motocicletas, como preços, versões definitivas e fichas técnicas, serão reveladas com o início da pré-venda, previsto para início de maio em um processo totalmente digital.