Lula volta a criticar juros: ‘Ninguém faz empréstimo a 13,75%’
Presidente participou do Fórum de Negócios Portugal-Brasil, em Matosinhos, cidade na região do Porto
O presidente Lula da Silva (PT) voltou a criticar nesta segunda-feira, 24, o patamar atual da taxa básica de juros da economia brasileira, definida em 13,75% ao ano, pelo Comitê de Política Monetária (Copom), pelo Banco Central (BC). As declarações do petista foram feitas desta vez em discurso a empresários, no Fórum de Negócios Portugal-Brasil, em Matosinhos, cidade na região do Porto, norte de Portugal.
“Nós temos um problema no Brasil, primeiro-ministro, que Portugal não sei se tem. É que a nossa taxa de juros é muito alta. No Brasil, a taxa Selic, que é a referencial, está em 13,75%. Ninguém toma dinheiro emprestado a 13,75%, ninguém. E não existe dinheiro mais barato”, disse Lula no evento que reuniu mais de 120 empresas de brasileiros e portugueses.
A taxa básica está no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava em 13,75% ao ano. Em março, pela quinta vez seguida, o BC não mexeu na taxa, que permanece nesse nível desde agosto do ano passado.
“E a verdade é que um país capitalista precisa de dinheiro, e esse dinheiro tem que circular. Não na mão de poucos, mas na mão de todos”, disse. “É a gente garantir que os pobres possam participar. Porque quando eles virarem consumidor, vão comprar. Quando eles comprarem, o comércio vai vender. Quando o comércio vender, vai gerar emprego, vai comprar mais produto na fábrica. […] Mais emprego vai gerar mais salário, é a coisa mais normal de uma roda gigante da economia”, enumerou Lula.
Lula aproveitou para dizer que não fará privatizações, mas “dialogar com empresários”.
“No Brasil, nós não vamos vender empresas públicas. Queremos convidar os empresários a fazerem parceria conosco, naquilo que a gente precisa criar de novo”, afirmou. Para atrair essas parcerias, prometeu estabilidade. “O presidente tem que oferecer estabilidade política, social e jurídica. Isso é uma coisa sem a qual nenhum investidor irá colocar dinheiro em outro país”, afirmou.
O petista disse ainda que, nos últimos seis anos, se vendeu muito patrimônio público “para simplesmente pagar juros da dívida pública”. “Nós nos desfizemos do nosso patrimônio. Nosso patrimônio ficou menor e a qualidade do serviço não melhorou”, disse.