"Gerou Bolsonaro"

Gilmar Mendes é criticado por dizer que ‘Curitiba é o germe do fascismo’

Ministro do STF retificou o ataque direcionado a Bolsonaro e a Lava Jato

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Ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) (Foto: José Cruz/ABr)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes foi alvo de críticas após firmar que ‘‘Curitiba gerou Bolsonaro. Curitiba é o germe do fascismo’’. O magistrado precisou se retratar: “Não foi Curitiba o gérmen do fascismo; foi a assim chamada República de Curitiba”, nome dado à Operação Lava Jato, como divulgado na coluna do jornalista Cláudio Humberto nesta terça-feira, 10.

No entanto, continou recebendo críticas por sua fala. A sessão de ontem, 9, da Assembleia Legislativa foi dominada pela repercussão das declarações do ministro. Os deputados Denian Couto (Podemos) e Tito Barichello (União Brasil) defenderam que a Casa aprovasse um “voto de repúdio” contra Mendes, mas o presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano (PSD), rejeitou a ideia. Ele prometeu divulgar uma nota em nome do Legislativo paranaense, mas alegou que é “tradição” na Casa não aprovar votos de repúdio.

“O comportamento do ministro Gilmar Mendes é político. Ele rasgou a toga e não é de hoje. Ele é a voz da política e não da Justiça. Ou essa Casa se insurge verdadeiramente em uma posição formal de repudiar o que disse o ministro Gilmar Mendes ou o nosso silêncio poderá ser entendido com conivência, o que não podemos tolerar”, disse Couto.

Barichello defendeu a Lava Jato e propôs, além do voto de repúdio, a realização de uma audiência pública “em desagravo” a Curitiba.

“Ministro Gilmar, o mínimo que deve a Curitiba é um pedido de desculpas. É triste que um ministro do STF trate Curitiba como caricatura e por uma inverdade, valendo-se de uma fake news da esquerda”, afirmou a deputada Flávia Francischini (União Brasil).

O governador Ratinho Junior, em sua rede social, se pronunciou sobre a “fala infeliz” do Ministro. “O Paraná é terra de gente trabalhadora, que tem como norte o progresso, a lei e que repudia a corrupção e toda e qualquer forma de intolerância e preconceito”.

O prefeito Rafael Greca também utilizou sua rede social para comentar o episódio. “Não confundam o bom povo Curitibano e o grande nome da nossa amada Curitiba com qualquer briga política”.

O vereador Marcelo Fachinello ainda protocolou uma moção de desagravo, que é uma ação jurídica que prevê a reparação a uma afronta ou injúria às falas do ministro Gilmar Mendes sobre Curitiba.

A manifestação do ministro ocorreu no programa Roda Viva, da TV Cultura, durante uma pergunta se ele se arrepende de não ter permitido a posse de Lula da Silva como ministro da Casa Civil, em 2016. Mendes afirmou que, naquele momento, tinha convicção de que havia um desvio de finalidade na nomeação feita pela então presidente Dilma Rousseff.

Na sequência, o ministro emendou e falou sobre a Lava Jato. “Curitiba gerou Bolsonaro”, afirmou. “Curitiba tem o germe do fascismo. Inclusive todas as práticas que desenvolvem. Investigações a sorrelfa e atípicas. Não precisa dizer mais nada”, atacou Mendes. “Não é por acaso que os procuradores dizem, por uma falta de cultura, que aplicaram o Código Processual Penal do russo, talvez eles quisessem dizer do soviético”, acrescentou. “Moro tem o Código Penal dele próprio.”

O ministro também acusou os procuradores e o ex-juiz Sergio Moro de combinarem as acusações contra Lula. “Os procuradores eram parceiros, a denúncia contra Lula era combinada com o Moro”, disse.

“Moro vaza a delação de Palocci entre o primeiro e o segundo turno de 2018. Participa, portanto, do processo. Assume posição em favor da extrema direita”, acusou.

O senador Sergio Moro usou as redes sociais para rebater as declarações de Mendes. “Não tenho a mesma obsessão por Gilmar Mendes que ele tem por mim”, afirmou. “Combati a corrupção e prendi criminosos que saquearam a democracia. Não são muitos que podem dizer o mesmo neste país”, argumentou.

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