Caça-Fantasma

Desdobramento da Lava Jato descobre ‘delivery das contas secretas’

Caça-Fantasma chegou à FPB Bank após um telefone criptografado

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A Operação Caça-Fantasmas, 32ª fase da Lava Jato, descobriu um serviço de “delivery da conta secreta” mantido por brasileiros, que atuavam numa agência clandestina do FPB Bank Inc, do Panamá.

Sem autorização do Banco Central, os alvos da operação buscavam clientes para abertura de contas nos paraísos fiscais e ofereciam o serviço de abertura de offshores, em parceria com o escritório panamenho da Mossack Fonseca, para ocultar a titularidade dos donos.

“O destaque dessa operação é a complexidade e a sofisticação do método utilizado de ocultação de recursos possivelmente ilícitos que são colocados nessas contas desse banco que atuava clandestinamente no território nacional. Havia uma dupla camada de lavagem de dinheiro. Além da constituição dessas offshores que era feita pela Mossack Fonseca em paraísos fiscais havia também a ocultação dos reais beneficiários desse dinheiro nesse banco”, afirmou a procuradora da República Jerusa Viecili, da força-tarefa da Lava Jato.

“Chama a atenção da terceirização da lavagem do dinheiro. Porque cada vez mais os criminosos têm se utilizado, não somente de operadores financeiros pessoas físicas, mas agora especificamente de uma instituição financeira para realizar a ocultação e a dissimulação e conseguir manter em anonimato os clientes e reais beneficiários desse dinheiro que está passeando escondido no exterior.”

‘Disk offshore’

Foi depois da descoberta de um telefone criptografado que servia de comunicação exclusiva entre o banco panamenho e o escritório da Mossack, que a Lava Jato chegou ao FPB. Pelo menos quatro alvos do esquema de corrupção na Petrobras, entre eles dois ex-executivos da estatal ligados ao PT, e dois operadores de propinas, tinham offshores abertas pela Mossack e podem ter algum elo com o esquema de delivery da conta secreta. A Polícia Federal anexou nos pedidos da Caça-Fantasmas as fotos do “disk offshore”.

“Era uma linha direta entre Mossack Fonseca e FPB no Brasil. Servia para falar de forma segura entre as duas partes”, explicou o delegado Rodrigo Sanfurgo, novo membro da equipe da Lava Jato, em Curitiba.

Os escritórios de “representação clandestina” do banco ficavam em São Paulo e foram alvos de buscas, na Caça-Fantasmas. Um desses alvos representantes do banco é um tio de um delegado da Polícia Federal, que acusou colegas da Lava Jato de atuação irregular nas investigações. Edson Paulo Fantom, tio do delegado Mário Fantom, atuava em nome do FPB no Brasil. Ele foi conduzido coercitivamente para depor. Com informações da Agência Estado.

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