Demagogia

Congresso anula o golpe, agora só falta ressuscitar Jango

A deposição de Jango permitiu a instalação do regime militar, em 1964

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O Congresso Nacional aprovou, durante a madrugada, um projeto de resolução que é um primor de demagogia, oportunismo e inutilidade: anulou a sessão que oficializou a destituição do ex-presidente João Goulart, em 1964, em um golpe militar que permitiu a posse do marechal Castelo Branco na Presidência e a instalação de uma ditadura militar que durante décadas submeteu os brasileiros a censura, prisões políticas, perseguições, tortura e corrupção. Agora só falta o Congresso tentar ressuscitar o ex-presidente, cujos restos mortais foram exumados na semana passada.

O projeto que declarou a vacância do cargo foi emplacado pelo então presidente do Congresso, senador Auro de Moura Andrade, que usou como argumento a viagem de Jango para o exterior sem autorização dos parlamentares. Porém, segundo o projeto agora aprovado, Jango estava no Rio Grande do Sul, onde buscava apoio aliados para brigar contra um possível golpe militar.

A ideia, já não muito útil, porque tem apenas valor simbólico e não reflete em nada na atual legislação foi do senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP). “Queremos anular essa triste sessão que declarou vaga a Presidência com o presidente em território nacional”, justificou  o senador. “Trata-se do resgate da história e da verdade, visando tornar clara a manobra golpista levada a cabo no plenário deste Congresso Nacional e corrigir, ainda que tardiamente, uma vergonha da história para o poder Legislativo brasileiro”, completou.

O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) disse que Jango foi deposto de forma legal e garante: personalidades democratas participaram da sessão que tomou essa decisão. Entre eles, segundo o senador, Ulysses Guimarães, que presidiu a Assembleia Nacional Constituinte, e o ex-presidente da República Juscelino Kubitschek. “Não podemos apagar a história?, acusou. ?Não estamos num regime comunista. Não é Stalin que está presidindo. Passamos 20 anos não de ditadura, mas um regime de autoridade, onde o Brasil cresceu, tinha pleno emprego. Nenhum presidente militar enriqueceu”, completou.

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