OAB estranha pensão que Moro exigiu para aceitar cargo de ministro
'Ou se aceita a nomeação ou não', diz Felipe Santna Cruz, 'não existe lei que dê base a isso'
O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (PAB), Felipe Santa Cruz, ficou intrigado com a revelação do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, durante pronunciamento na manhã desta sexta-feira (24), de que só impôs uma condição para aceitar o convite do então presidente eleito Jair Bolsonaro para aceitar o cargo: a garantia de que a família receberia uma pensão, no caso de “algo” lhe acontecer.
“Quero entender que benefícios pessoais ‘para não desassistir a família’ foram prometidos como condicionante ao aceite do cargo de ministros”, afirmou Santa Cruz em mensagem publicada no Twitter. “Ou se aceita a nomeação ou não” – disse o presidente da OAB, em sua mensagem – “não existe lei que dê base a isso”, concluiu.
Felipe Santa Cruz também viu nas palavras de Moro a denúncia de “vários crimes” atribuídos ao presidente da República. Ele anunciou haver solicitado à Comissão de Assuntos Constitucionais da OAB estudo detalhado do pronunciamento do ex-ministro para examinar as medidas a serem tomadas contra Bolsonaro.
Bandeira permanente
Ganhou contornos de briga pessoal a disputa entre Bolsonaro e o atual presidente da OAB é filho de Fernando Augusto Santa Cruz de Oliveira, desaparecido em fevereiro de 1974, após ter sido preso durante o carnaval, no Rio.
Durante palestra na Universidade Federal Fluminense, em 2011, o então deputado Jair Bolsonaro declarou que Fernando Santa Cruz teria morrido “bêbado” após pular o carnaval, o que iniciou cruzada de Felipe contra o atual presidente, culminando com um pedido de sua cassação em nome da OAB-RJ, quando a entidade era presidida por Felipe.
Após assumir a OAB-RJ, em 2016, Felipe passou a pedir a cassação de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal por “apologia à tortura”. Ao ser eleito presidente da OAB nacional, transformou a cassação de Bolsonaro sua motivação.