Um elétrico do barulho! BYD Seal chega para ‘aterrorizar’ os rivais
O ousado chinês chega ao Brasil para gerar bastante ruído – apesar de ser elétrico – em um segmento dominado por alemães, o dos sedãs premium

São Paulo (SP) – No fim de 2021, a BYD iniciou a operação da divisão de veículos da marca no Brasil com o poderoso Tan EV, um SUV grande de sete lugares totalmente elétrico. Há época, a marca gerou um certo ruído em uma categoria bem nichada, afinal, o utilitário chegou custando mais de meio milhão.
O segundo modelo corroborou com essa ideia nichada. O Han EV – meio que uma versão sedã do Tan, com o mesmo conjunto mecânico poderoso – reafirmou a marca como uma montadora de luxo. Os seguintes, o primeiro híbrido com o Song Plus e um elétrico menor, o Yuan Plus, começaram a mostrar que a chinesa deslumbrava algo a mais.

O modelo é o quinto elétrico da marca no Brasil.
Este “a mais” da BYD veio com o penúltimo modelo apresentado no Brasil, o pequeno Dolphin, o primeiro de uma série de veículos inspirados nos mares. Com valor agressivo, ele fez a concorrência se mexer e gerar uma onda de derrubada de preços. Movimento parecido que deve ocorrer agora, mas uma prateleira acima, entre os sedãs premium.
Mesmo com um valor um pouco maior, R$ 296.800, a mais recente novidade da chinesa chega ao Brasil para gerar ainda mais barulho na concorrência. Com o Seal, o foco da BYD é, principalmente, os sedãs alemães, mesmo que não eletrificados. O “Foca” elétrico aposta em um visual deslumbrante, potência aterradora e muita tecnologia para gerar tremores nos rivais.
Briga boa

Um dos diferenciais: 3.8 segundos de 0 a 100km/h.
Assim como fez com o Dolphin, o Seal chega com preço super agressivo, para a categoria. Primeiro que ele não conta com nenhum concorrente direto, que una o conjunto elétrico, a alta potência, os equipamentos de série e o estilo luxuoso. Até por isso, o principal foco da marca são os sedãs premium, na sua maioria, puramente a combustão, com um ou outro eletrificado.
O modelo, disparado mais vendido da categoria, é o BMW Série 3, que a versão de entrada, a 320 GP, custa R$ 320 mil. Outro concorrente de peso é o Classe C, que parte de R$ 360 mil na C 200. Na Audi, A4 (R$ 326 mil) e A5 (R$ 364 mil) brigam com o Seal. Resta saber se as alemãs também entrarão na ciranda de baixa de preço para fazer frente ao ousado chinês.
Elegância do oceano

O sedã tem elegância de sobra.
Como sempre falamos, design, o visual de um veículo, está muito atrelado ao gosto pessoal. O que uma pessoa pode achar bonito, outra não o considera. E, em uma rara ocasião, pedimos licença a você, caro leitor, para elogiar o Seal neste ponto. O sedã esportivo entrega um estilo elegante e, na visão deste que vos escreve, de extrema beleza.
O Seal conta com linhas visualmente belas e, claramente inspiradas em outros dois modelos, igualmente elétricos. Ao bater os olhos no “Foca”, fica claro o estímulo que os designers chineses tiveram no Porsche Taycan e no Tesla Model S. É até difícil dizer o que chama mais a atenção na dianteira do Seal, se capô ou o ousado conjunto óptico.

O interior segue o padrão de luxo e esportividade.
Ao serem ligados, os faróis “saúdam” quem está fora do veículo. As maçanetas embutidas dão um charme e um luxo a mais ao sedã. As rodas e as saias laterais apontam o lado esportivo do elétrico, assim como o estilo coupé e o difusor no para-choque traseiro.
O interior, para variar, é um caso à parte. O visual interno mistura luxo e esportividade, o volante de base reta tem acabamento em couro e black piano, materiais que também são vistos no console central. O destaque, mais uma vez, é a gigante tela rotativa da central multimídia, que no Seal tem 15,6 polegadas e pode ficar na vertical ou na horizontal.

Até os bancos traseiros são belamente desenhados.
As linhas internas remetem a nova família inspirada nos mares, com bancos elegantemente desenhados, mesmo os traseiros. Falando neles, o espaço para os ocupantes da segunda fileira é generoso, mas para dois ocupantes, um terceiro gera um aperto desnecessário. O porta-malas conta com ótimos 400 litros de espaço.
O interior do Seal ainda apresenta dois pontos interessantes, como um bom sedã de luxo, ele tem saída do ar-condicionado e duas portas USB (uma normal e outra do tipo C) virado para o banco traseiro e o teto solar panorâmico, que não conta com cortina, mas sim um sistema de filtragem de luz e calor que deixa a cabine climatizada mesmo sob sol forte.
Foca eletrizante

A sensação ao volante é a mais divertida possível.
O primeiro contato com o Seal, o visual, já é algo impactante, mas não prepara o motorista para o que vem em seguida. Os números frios até dão uma ideia de como pode ser a condução do sedã, mas não chegam nem perto da realidade.
O chinês utiliza dois motores, um em cada eixo, que geram, juntos, surreais 531 cavalos. Ele supera, e muito, o Ford Mustang e seu poderoso V8 de 483 cavalos, só para deixar um exemplo. O torque é tão absurdo quanto, de 60,3kgfm – também superior ao “cavalo” americano.

O sedã acelera e freia como poucos.
A primeira sensação ao entrar no Seal é como o banco, belamente desenhado, “abraça” o motorista, o que mostra que a condução será, no mínimo, confortável. A partida, feita por meio de um botão no console central, gera aquela estranheza clássica dos elétricos, a completa ausência de som. E, é aí, que a diversão começa de verdade.
O mais leve toque no acelerador faz o sedã disparar como poucos veículos são capazes de fazer. O número “3.8” na traseira não está ali por acaso, é o tempo que ele gasta para ir do zero aos 100km/h, ou seja, praticamente num piscar de olhos. A aceleração é tão brutal e divertida, que é impossível não sentir o corpo sendo comprimido ao banco.

Além da aceleração, as retomadas são impressionantes.
Se o motorista estiver acompanhado de qualquer pessoa, ao pisar forte no acelerador, a reação da “visita” é apenas uma, da mais completa admiração, seguida de uma risada prazerosa. Tanta potência gera um outro fator impressionante, a retomada. Mesmo em velocidade, um toque no pedal da direita faz o carro disparar com extrema facilidade.
Como um bom esportivo, as frenagens também são feitas de forma primorosa. Os freios a disco ventilados nas quatro rodas e perfurados nas dianteiras fazem um trabalho tão bom quanto os poderosos motores elétricos. A suspensão, mesmo mais firme, como deve ser em um esportivo, absorve perfeitamente as imperfeições do solo, deixando o rolar confortável.
A poderosa Blade

O Inmetro fala de 372 de autonomia, mas a BYD garante mais.
O Seal, como todo BYD, utiliza o poderoso conjunto de baterias Blade. Mas o sedã inaugura uma tecnologia inovadora da marca, o “Cell-to-Body” (CTB), que permite que a peça seja uma parte da estrutura da carroceria. O que gera maior rigidez, segurança e melhora a eficiência do espaço no veículo, tanto para os passageiros, quanto para bagagem.
No sedã coupé, a Blade tem 82,56kWh de capacidade, com voltagem máxima de 645v. Segundo a marca, em um carregador ultrarrápido, de 150kW, ele gasta apenas 30 minutos para ir de 30% a 80%, o que garantiria uma autonomia de 300 quilômetros.
Pelo ciclo PBEV, medido pelo Inmetro (o padrão brasilerio), o número oficial é de até 372 quilômetros com apenas uma carga. Mas ao entrar no veículo que testamos em São Paulo, o painel apontava 92% com autonomia de quase 500 quilômetros. Como foi apenas um primeiro contato, não dá para garantir que ele realmente fará isso tudo.
Super caprichado

O gigante teto solar tem filtragem de luz e calor.
A lista de equipamentos do Seal é tão impressionante quanto o conjunto elétrico. Ele vem com conexão inteligente 4G, atualização Over The Air (OTA), a já mencionada tela rotativa 15,6 polegadas, com função de controle de voz, apps integrados, conexão Android Auto e Apple CarPlay e quatro portas USB, carregamento sem fio para smartphones.
Ele vem também com painel de instrumentos digital de 10,25 polegadas, áudio Dynaudio com 12 alto-falantes, maçanetas embutidas às portas, ar-condicionado dual zone com saída para traseira, porta-mala com abertura e fechamento elétrico, bancos dianteiros com ajustes elétricos, aquecimento, ventilação e memória e sistema “boas-vindas” para o motorista.

As maçanetas embutidas são um charme a mais.
Para completar os equipamentos de comodidade, chave sensorial, climatização com ativação remota, teto solar panorâmico com controle automático de controle de temperatura e volante com ajustes de altura e profundidade.
Na parte da segurança, sistema Adas completo, com alertas de colisão dianteiro e traseiro com frenagem de emergência automática e de tráfego cruzado traseiro, assistentes de manutenção e de mudança de faixa, piloto automático adaptativo, leitor de placas, oito airbags, conjunto óptico full LED, freio de estacionamento eletrônico com auto hold.

Saída de ar e portas USB para a traseira.
Monitoramento de ponto cego com alerta de tráfego, retrovisores externos com desembaçador e interno eletrocrômico, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, câmera 360º e três modos de condução (Eco, Normal e Sport), completam a lista de equipamentos de segurança.
A opinião do Diário Motor

BYD Seal.
O Seal é um daqueles raros veículos que geram diversos impactos. O primeiro é visual, graças ao estilo ousado e elegantemente esculpido do sedã coupé. O segundo é racional, os números dele, tanto do conjunto elétrico, quanto da lista de equipamentos, aliado ao preço, gera a super incomum estranheza de “deveria ser mais caro”.
Por fim, a sensorial, tanto pela completa ausência de ruído, comum aos elétricos e sempre esquisito, quanto – e principalmente – a força dos motores. A vitalidade do sedã ao pisar no acelerador é algo praticamente único, a “pancada” que ele dá é extremamente prazerosa. Ele não só vale a compra, como é grande concorrente a melhor veículo disponível no Brasil até R$ 300 mil! Nota: 10.
Ficha técnica
Motor: elétrico
Potência máxima: 531cv
Torque máximo: 60,3kgfm
Transmissão: automática
Direção: elétrica
Freios: a disco nas quatro rodas
Autonomia: 372 quilômetros (padrão Inmetro)
Porta-malas: 400 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.460 x 1.875 x 4.800 x 2.920mm
Valor: R$ 296.800
*Viagem a convite da BYD.