Testamos o Hyundai Creta Platinum e seu visual nada ortodoxo
O SUV compacto passou por uma profunda atualização em 2021 e ainda alcançou o maior número de vendas do modelo em um ano
No fim de 2016, a Hyundai apresentou seu primeiro – e único até o momento – SUV compacto no Brasil, o Creta. O modelo, que chegou ao mercado nacional ao longo de 2017, seguiu o primo HB20 e logo caiu nas graças do público brasileiro, assumindo o segundo lugar da categoria mesmo sem um ano cheio nas vendas.
Nos anos seguintes, o modelo não saiu do pódio e liderou em 2018, até vir a crise de 2020. Com a queda nas vendas de todo o mercado por causa da pandemia do coronavírus, o sul-coreano feito em São Paulo, despencou no ranking, fechando o ano em quarto, com apenas 47 mil unidades comercializadas, o pior número em 12 meses.
Em 2021, a marca apresentou o primeiro facelift do Creta, tão profundo que praticamente foi uma nova geração. Lançado no início do segundo semestre, o SUV chamou muita atenção pelo visual nada ortodoxo. Mas o que surpreendeu mesmo foram os números, voltando ao pódio, o utilitário teve seu melhor ano no Brasil, com quase 65 mil emplacamentos.
Desse total, cerca de um terço já foi com a versão 2022 nas lojas, ou seja, mesmo com o desenho ousado, ele continuou agradando aos consumidores. Com novidades no conjunto mecânico e na lista de equipamentos, um dos destaques da nova linha é a configuração Platinum e seus surreais R$ 149.190, nosso “Teste da Vez”.
Chamativo
Sempre afirmamos que design é relativo a gosto, que é algo totalmente pessoal, cada um tem o seu, até por isso, não falamos que determinado veículo é bonito, ou feio. Mas podemos afirmar sem medo de errar que o novo Creta é, no mínimo, ousado.
A marca, assim como na segunda geração do HB20, foi além do usual e criou um visual, digamos, criativo e nada ortodoxo. Inspirado na atual linguagem de design da montadora, a “Esportividade Sensual”, o desenho do SUV mudou completamente.
Para o Brasil, a grade em formato hexagonal conta com um estilo exclusivo com elementos em “cascata”, emoldurada por detalhes cromados. Os faróis também contam com um estilo bem próprio, marcado por vincos e recortes diferenciados, assim como as lanternas. O capô alongado e as caixas de rodas apresentam um ar de maior robustez ao SUV.
A cabine também foi totalmente reformulada, das portas aos bancos. O console central está mais elevado, o painel de instrumentos e a central multimídia contam com novas telas digitais, o volante esportivo tem base reta e a alavanca de câmbio é no formato “T”.
O SUV busca um alto padrão e, para isso, utiliza materiais de boa qualidade como peças cromadas e couro, inclusive nas portas. O acabamento é muito bem-feito, sem qualquer tipo de rebarba ou peça mal encaixada. O destaque do interior fica pelo gigante teto panorâmico e pela saída de ar-condicionado e da porta USB voltados para a traseira.
Para a atual linha, o Creta cresceu levemente (10mm na largura, 30mm no comprimento e 10mm no entre-eixos). Mas como qualquer SUV compacto, o espaço interno é ideal para quatro passageiros, um quinto sempre gera apertos desnecessários. O porta-malas tem um tamanho muito bom, com 422 litros, é possível levar bastante bagagem.
Podia ser 10
O Creta, como diversos modelos da categoria, adotou a motorização turbo. Mas de forma totalmente estranha, a Hyundai decidiu que a versão topo de linha seria equipada com o antigo propulsor aspirado 2.0. Dessa forma, a Platinum é a opção mais completa do SUV com a caixa turbinada, mas bem que poderia ser tão bem equipada quanto a Ultimate.
A configuração que testamos, a Platinum, conta com bons equipamentos, alguns inéditos e outros exclusivos, mas a lista é menor que na Ultimate. Já que a marca quis manter o motor 2.0 aspirado, poderia ter feito então duas versões topo, só alterando o propulsor.
A Platinum vem de série com seis airbags, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, monitoramento de pressão dos pneus, sensores de estacionamento e crepuscular, câmera para monitoramento de ponto cego, freio de estacionamento eletrônico com auto hold, alerta de presença nos bancos traseiros, piloto automático e câmera 360º.
Na parte da comodidade, ele vem com ar-condicionado automático digital e com saída para a traseira, chave sensorial para abertura das portas e partida do motor por botão, carregador sem fio para smartphones, retrovisores externos com rebatimento elétrico, banco do motorista com ventilação, painel de instrumentos com tela digital de sete polegadas e central multimídia com display de 10,25 polegadas.
Pois ela bem que poderia – deveria – ter os itens da Ultimate, como detector de fadiga, frenagem autônoma, airbag de cortina, sensor de estacionamento dianteiro, assistente de permanência em faixa, farol alto adaptativo, piloto automático adaptativo e faróis full LED.
Entre todos os equipamentos da Platinum, o que mais chama a atenção é a câmera para monitorar o ponto cego, ao dar seta, ela projeta a imagem lateral do veículo na tela do painel de instrumentos, facilitando muito a vida do motorista ao verificar se é possível mudar de faixa com segurança. O assento do motorista com refrigeração também é bem-vindo, ainda mais nas épocas de grande calor.
Pequeno e potente
O utilitário sul-coreano fabricado em Piracicaba, interior de São Paulo, finalmente adere à onda turbinada – mesmo que não de forma completa – com o propulsor 1.0 turbo de 120 cavalos e 17,5kgfm de torque, também utilizado na família HB20.
A caixa turbinada está aliada a transmissão automática de seis velocidades, direção elétrica, freios a disco nas quatro rodas e suspensão independente na dianteira e semi-independente na traseira com eixo de torção.
Olhando apenas os números, os 120 cavalos podem parecer fracos, mas não são. Eles trabalham de forma primorosa, deixando o SUV esperto para realizar qualquer tipo de manobra, seja ultrapassagens, saídas ou retomadas de velocidades, tudo é feito com segurança e sem sustos. Além disso, o câmbio casou muito bem com o motor.
O Creta ainda conta com quatro modos de condução (Smart, Eco, Normal e Sport), que alteram os padrões do câmbio e do motor atuando nos pontos de troca de marcha (que também podem ser controladas pelas borboletas no volante), aceleração e direção, além do visual do painel de instrumentos digital, deixando a tocada mais econômica ou esportiva.
No modo Sport, o utilitário responde melhor os comandos do acelerador, o que acaba prejudicando o consumo. Para um gasto mais otimizado, o ideal é o modo Eco. O Smart “estuda” o jeito do motorista de dirigir para se adaptar melhor às condições necessárias. Já o normal alinha a potência com gasto com combustível.
Falando em gasto com gasolina, em tempos de preços nas alturas, o Creta 1.0 turbo não fez nem feio, nem bonito. O consumo foi mediano. Após rodar mais de 500 quilômetros pelas ruas de Brasília, o SUV fez 10.8km/l com gasolina. Para uma média na cidade, não foi tão ruim, mas poderia ter sido melhor também.
A opinião do Diário Motor
O Creta se mostra um concorrente duro em um dos segmentos mais disputados do mercado nacional. Com a recente renovação, o sul-coreano ganhou fôlego extra perante os principais concorrentes, mesmo com o visual nada ortodoxo (apesar deste que vos escreve ter gostado bastante do estilo do SUV).
A versão mais completa com motor turbo, que anda muito bem, poderia ser ainda mais, se a marca tivesse decidido utilizar os equipamentos presentes na opção topo de linha, mas com o antigo propulsor 2.0 aspirado. E, apesar do preço assustador, praticamente R$ 150 mil (mas qual veículo no Brasil não está assustando), ele vale a compra! Nota: 9.
Ficha Técnica
Motor: 1.0 turbo
Potência máxima: 120cv
Torque máximo: 17,5kgfm
Transmissão: automática de 6 velocidades
Direção: elétrica
Suspensão: independente na dianteira e semi-independente na traseira
Freios: a disco nas quatro rodas
Porta-malas: 422 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.635 x 1.790 x 4.300 x 2.610mm
Preço: R$ 149.190