Última resistência: testamos a versão topo de linha da GM Spin
Único veículo de sete lugares à venda no Brasil que não é um SUV resiste os utilitários, apesar do motor e da lista de equipamentos defasados
Não é de hoje que a Chevrolet de tempos em tempos atualiza todo – ou quase todo – seu portfólio. Em 2011, a marca da gravata fez uma verdadeira revolução interna aposentando diversos modelos e lançando outros. No ano seguinte, a principal novidade foi a Spin, que de uma vez só aposentou a Meriva e a Zafira.
Há época, existiam vários modelos com opção de até sete lugares e poucos eram SUVs. De lá para cá, as coisas mudaram e os utilitários dominaram o mercado brasileiro e mundial, “forçando” o fim precoce de diversos modelos e até categorias. Com a aposentadoria do Fiat Doblò em 2021, a Spin é o único modelo que ainda “luta” contra os utilitários.
A minivan “briga para sobreviver” até dentro da própria marca, já que, de 2019 para cá, a GM iniciou outra rodada de atualizações da linha de produtos, com modelos renovados e muito mais modernos, do conjunto mecânico, passando pelo visual e pela lista de equipamentos.
No entanto, a Spin ainda não recebeu essa “dádiva” e vive sob a última grande atualização, realizada em julho de 2018, ou seja, está bem defasada perante os outros modelos da marca. Com tudo isso e somado ao preço surreal da versão topo de linha, a Activ por R$ 124.260, nosso “Teste da Vez”, ainda resiste bravamente.
Até sete
De início, lá na época do lançamento, um fator chamou muito a atenção da Spin, o visual nada ortodoxo. É certo que as minivans sempre contam com uma dificuldade maior para ter um design mais agradável, mas a Chevrolet “caprichou”. Com o facelift, o estilo foi atualizado e mudou completamente, ficando bem mais agradável.
Como sempre falamos, gosto é algo muito particular, cada pessoa tem o seu. É complicado afirmar se algo é bonito ou não. Mas podemos afirmar sem erro que o design da Spin melhorou consideravelmente. A versão que testamos ainda conta com detalhes escurecidos, o que melhora ainda mais o visual.
A grade frontal é toda em preto brilhante, assim como a gravata que deixa de lado o dourado para assumir estilo escuro. Ainda são em preto, os apliques no para-choque e o rack de teto. As rodas também poderiam ser escurecidas, mas o acabamento fosco já ajuda.
Se a carroceria evoluiu com o facelift de quase quatro anos atrás, o mesmo não podemos dizer do interior. A cabine sentiu muito a idade e está bem defasada em relação aos outros modelos da marca. O mais estranho é o painel de instrumentos, que é todo analógico e de difícil leitura, sendo que a versão anterior tinha velocímetro digital.
Apesar do visual e dos materiais simplórios, o acabamento é bom, com peças bem encaixadas e sem rebarbas. Mas mesmo sendo a versão mais completa, faltam bancos em couro e o visual interno poderia aderir ao estilo escurecido também.
Sobre o espaço interno, uma das grandes vantagens da Spin é que a segunda fileira de assentos é corrediça e bipartida, o que ajuda a equilibrar a área para todos os ocupantes. Para acessar os traseiros, o lado direito do banco do meio levanta para facilitar a entrada.
Na última fileira, graças ao sistema de trilho adotado na do meio, é possível até levar dois adultos, mas para uma viagem curta, quase de emergência, para algo mais longo, o ideal mesmo é só para crianças. Assim como nos assentos centrais, que até levam três pessoas, mas o ideal, para um maior conforto, são duas mesmo.
Com todos os bancos levantados, o porta-malas tem um tamanho razoável, suficiente para levar duas malas pequenas, daquelas de mão. Com a terceira rebatida, o espaço aumenta, mas não o suficiente para levar grandes objetos, por causa da forma que o assento fica, ocupando parte da área de carga.
O calcanhar de Aquiles
Como falamos, os principais modelos da Chevrolet passaram por uma boa atualização. O que ainda não ocorreu com a Spin. Com isso, um dos pontos no qual a minivan está mais defasada é a lista de equipamentos. Ela não tem nenhum item de destaque.
De série, ela vem com ar-condicionado, retrovisores elétricos, central multimídia com conexão bluetooth, Android Auto e Apple CarPlay, banco do motorista com regulagem de altura manual, sistema OnStar, faróis de neblina e piloto automático.
Na parte da segurança, ela conta com sensores de estacionamento, de chuva e crepuscular, câmera de ré, controles de tração e estabilidade, auxiliar de partida em rampa e os itens obrigatórios por lei como airbag duplo, isofix e cinto de três pontos e encosto de cabeça para todos os ocupantes.
Lembrando que estamos falando de um carro de R$ 124.260. Por esse preço, apesar de ser de sete lugares, ele deveria ter, no mínimo, luz de circulação diurna em LED, mais quatro airbags, alerta de colisão e até auxiliar de frenagem, monitoramento de ponto cego. Faltam ainda, carregamento por indução, wi-fi nativo e o painel de instrumentos digital.
O maior porém
A lista de equipamentos da Spin deixa a desejar, mas ainda assim não chega perto do tanto que a motorização está defasada. A minivan ainda utiliza o ultrapassado motor 1.8 aspirado de “emocionantes” 111 cavalos que, além de fraco, não é nada econômico. Durante o teste ele fez 9.9km/l de média, mesmo com boa parte do tempo rodando praticamente vazio.
O conjunto mecânico é outro ponto que mostra o tanto que a Spin está defasada em relação aos “irmãos”. Enquanto o resto da linha aposta nas caixas turbinadas – seja a 1.0 ou a 1.2 –, ela mantém o antiquado motor aspirado, que gera 106 cavalos com gasolina (além dos 111 com etanol), o torque de 17,7kgfm e 16,8kgfm.
Durante o teste, não chegamos a andar com a carga máxima de passageiros, mas colocamos quatro adultos, o que já foi suficiente para fazer o motor sofrer na estrada. Falta fôlego em todas as manobras. Dessa forma, a movimentação precisa ser feita com um certo cuidado, principalmente nas ultrapassagens, saídas e retomadas de velocidade.
A minivan clama pelo motor 1.2 turbo presente no Tracker. Mas se o motor não é lá essas coisas, o mesmo não podemos dizer do câmbio e da direção. Apesar das limitações do motor, a transmissão automática de seis velocidades trabalha bem, sem trancos nas trocas. A direção elétrica deixa o volante leve em baixa e firme em alta.
A opinião do Diário Motor
A Spin tem como grande diferencial ser o único modelo que não é um SUV a contar com opção de sete lugares. Com isso, mesmo custando insanos R$ 124.260, ela é a opção mais barata, ou menos cara, de quem procura um veículo que leve mais pessoas.
Olhando apenas para questão do número de assentos, ela não deixa de ser a melhor opção, mesmo com uma lista de equipamentos e motorização totalmente defasada. Esse é exatamente um dos grandes problemas da Spin, não ter concorrência.
Assim, é difícil cravar se ela vale ou não a compra. Olhando no contexto geral, não vale, mas se há necessidade dos sete lugares, acaba que é uma boa opção, já que os SUVs com este tanto de assento estão na casa dos R$ 200 mil para cima. Vale o teste! Nota: 6,5.
Ficha técnica
Motor: 1.8
Potência máxima: 111/106cv
Torque máximo: 17,7/16,8kgfm
Transmissão: automática de 6 velocidades
Direção: elétrica
Suspensão: independente na dianteira e eixo de torção na traseira
Freios: a disco na dianteira e tambor na traseira
Porta-malas: 162 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.685 x 1.764 x 4.415 x 2.620mm
Preço: R$ 124.260