Futuro eletrificado

‘Mobilidade Verde’ acelerará a reindustrialização automotiva brasileira, crê GWM

A marca, que inicia produção local em 2024, acredita que o programa atrairá investimentos em engenharia de alta qualidade para o Brasil

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Concessionária GWM.
‘Mobilidade Verde’ acelerará a reindustrialização automotiva brasileira, crê GWM. Foto: GWM.

A GWM (Great Wall Motors), grupo chinês que desembarcou ano passado no Brasil, acredita em uma visão otimista, e de parceria com o Governo Federal, sobre as discussões envolvendo a eletrificação dos veículos brasileiros e a estruturação do programa “Mobilidade Verde”, que deve ser anunciado em breve. 

Executivos da montadora foram a Brasília apresentar suas sugestões e propostas para o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, acerca do programa que deve substituir o plano Rota 2030 sobre a indústria automotiva nacional.

“A GWM apoia a estratégia do Governo de não se limitar apenas a discutir a alteração ou não da alíquota de importação para veículos elétricos. Acreditamos que o governo vai apresentar um programa robusto capaz de promover uma verdadeira reindustrialização do setor automotivo brasileiro. Esta é a oportunidade para o Brasil atrair investimentos em engenharia de última geração, que poderão tornar o país um novo polo exportador de veículos”, afirma Ricardo Bastos, diretor de assuntos institucionais da GWM.

A chinesa entende que ainda não chegou o momento de discutir a revisão das alíquotas de imposto de importação, pois esses volumes ainda são muito baixos. De acordo com a GWM, para que os consumidores brasileiros tenham acesso a novas tecnologias, é importante não desestimular o crescimento do mercado de veículos eletrificados no país, que hoje representa apenas 1,7% das vendas totais. 

Segundo a marca, um estudo global mostra que, no início do processo de eletrificação dos países, os carros plugáveis são mais “nichados”, já que requerem uma estação de recarga elétrica, representando entre 1% e 2% do mercado. Quando este volume chega perto de 4% a 5% das vendas totais, com a infraestrutura necessária já instalada, a curva vira exponencial e os elétricos invadem o mercado. 

“E isso vai acontecer no Brasil também. No final de 2025, essa curva vai disparar por aqui. E quem não investir em descarbonização estará fora do jogo. E a indústria precisa de previsibilidade para poder investir com segurança”, aponta Oswaldo Ramos, CCO da GWM.

Na avaliação da chinesa, a indústria automobilística brasileira tem dois anos para se preparar para esta nova era, desenvolvendo tecnologia local de última geração e criando a infraestrutura que os consumidores precisam. Para se ter ideia, só a GWM já emplacou mais de cinco mil veículos eletrificados em 2023 no Brasil.

“Por isso, neste momento é muito importante a importação destes modelos para criar este mercado, já que ninguém ainda produz carros 100% elétricos no Brasil”, ressalta Ricardo Bastos.  

De acordo com o executivo chefe da montadora, de modo geral, o Brasil vem fabricando carros similares ao início dos anos 2000 e o país precisa passar por uma revolução tecnológica.

“Na década de 1960 teve início a real industrialização do setor automotivo. Com a abertura dos portos, nos anos 1990, chegaram novas marcas e novas tecnologias que elevaram o padrão dos carros no Brasil. Mas faz cerca de três décadas que estamos estagnados em relação à revolução que está acontecendo globalmente nas áreas de eletrificação, conectividade e segurança”, explica o CCO. 

Segundo ele, a ausência de mais oferta de veículos eletrificados no mercado brasileiro é a falta de investimento. E, sem concorrência, não há como criar esse mercado de eletrificação. “Cadê a tecnologia? Foi esta oportunidade que motivou a GWM a vir para o Brasil e puxar uma nova era. Ninguém vai parar essa revolução. Quem não acompanhar vai fechar as portas”.

Segundo Ramos, o Brasil, inclusive, tem vantagens em relação ao resto do mundo, pois pode combinar a eletrificação com a motorização flex a etanol e, em uma segunda etapa, migrar para os veículos 100% elétricos, uma vez que o país possui matriz de energia renovável. A própria GWM já estuda a produção de um veículo 100% elétrico no Brasil.

Programa Mobilidade Verde

O Governo Federal vem trabalhando no programa Mobilidade Verde, que vai definir regras para apoiar empresas que investem no desenvolvimento local de novas tecnologias e, assim, contribuir para a descarbonização da frota nos próximos cinco anos. 

O tema está na fase final de definição. Segundo Ricardo Bastos, os pilares do projeto são: engenharia (investimento em Pesquisa & Desenvolvimento local), localização de produção (fabricação local) e importação, que permite a conexão com a tecnologia disponível em outros mercados. 

“Ao atender esses pré-requisitos, as empresas podem ser beneficiadas pelo programa. Nós acreditamos que esse é o caminho correto”, explica o executivo.

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