Jeep Renegade Trailhawk vai bem em qualquer terreno, mas derrapa no preço
A versão mais completa do SUV compacto mostra que realmente tem o DNA da marca
Desde o seu lançamento em 2015, o Jeep Renegade caiu nas graças do público brasileiro. De lá para cá, a marca já comercializou mais de 300 mil unidades do SUV, o único compacto com opção de motor flex e diesel, além da oferta de tração 4×4, um dos principais diferenciais do Renegade.
Com isso, assim como o irmão maior, o Compass, o utilitário compacto conta com opções bem distintas o que, praticamente, transforma o modelo em dois, com muitas diferenças entre eles. Até o visual muda um pouco entre as versões, das flex para as diesel, que são mais voltadas para o uso no fora de estrada.
E, é na opção mais completa do modelo, a Trailhawk, nosso Teste da Vez, que o Renegade mostra toda a sua força e capacidade e que ele é realmente um legítimo Jeep, com DNA da marca inspirado tanto no atual Wrangler, quanto no antepassado Willys.
Com alta capacidade para transpor qualquer terreno, o Renegade Trailhawk só tem um obstáculo, como todo veículo no país, o preço. Mesmo como versão mais completa do SUV, é insano imaginar que um utilitário compacto custe surreais R$ 168.890, sem falar na pintura. A metálica acrescenta R$ 1,7 mil e a perolizada R$ 2.380.
Sem alteração
Para a linha 2021, o Renegade não mudou nada visualmente, até porque, tem pouco tempo que o SUV passou pelo facelift de meio de vida. Como falamos, a versão topo de linha conta com detalhes exclusivos que apontam ainda mais para o lado fora de estrada do utilitário.
Na parte externa, ele conta com três ganchos, dois na dianteira e um na traseira para auxiliar em possíveis reboques. Sem falar nos apliques de plástico nas caixas de roda e nas laterais que ajudam a proteger em terrenos mais acidentados.
Por dentro, o grande diferencial da Trailhawk são os detalhes em vermelho na moldura dos alto falantes nas portas, nas saídas de ar laterais no painel e no console central. Os bancos de couro contam com costuras também em vermelho e ele vem com o nome da versão bordado no encosto dos assentos dianteiros.
O acabamento é muito bem feito, com couro nas portas, o que otimiza o conforto e não há qualquer peça mal encaixada ou com rebarbadas. O maior problema é o de sempre, o espaço interno e do porta-malas, enquanto a área de carga leva míseros 260 litros, o banco traseiro é apertado até para quatro adultos, um quinto é quase impossível.
Poderia ser melhor
Por ser a versão topo de linha do Renegade, a Trailhawk é muito bem equipada. Mas como estamos falando de um veículo de praticamente R$ 170 mil, a lista de equipamentos deveria ser melhor, principalmente na parte da segurança, que já é boa, mas poderia ter mais itens.
Ela vem com sete airbags, auxiliar de partida em rampa, controles de tração, estabilidade (quando equipado com engate Mopar, para trailer também) e anticapotamento, faróis full LED, freio de estacionamento eletrônico, câmera de ré e sensores de chuva, crepuscular e de estacionamento traseiro.
Na parte da comodidade, não há muito o que reclamar, ele vem com ar-condicionado digital dual zone (poderia ter saída para a traseira), duas portas USB, central multimídia com tela de 8.4 polegadas e conexão com smartphones, abertura das portas e partida do motor com chave sensorial, display de sete polegadas no painel de instrumentos e retrovisor eletrocrômico.
Entre os itens que ele não tem, a Trailhawk poderia vir com alertas de ponto cego, sensor de estacionamento dianteiro, alerta e auxiliares de frenagem, bancos dianteiros — no mínimo do motorista — com ajustes elétricos. E, por este preço, até o piloto automático adaptativo deveria estar presente.
Todo terreno
O grande diferencial das versões diesel do Renegade, principalmente da topo de linha, é o sistema 4×4. O SUV é equipado com o Jeep Active Drive Low com seletor para cinco tipos de terrenos (auto, snow, sand, mud e rock), auxiliar de descida e pneus de uso misto. Sem falar, claro, no forte motor turbo diesel.
Durante nosso teste, rodamos em regiões com terreno bem acidentado, com bastante cascalho solto e valas em subidas e descidas. Mesmo assim, são poucos os momentos que foram necessários ativar o modo 4WD Lock, na maioria das vezes, bastava ir para o modo Rock que ele passava sem nenhum problema.
A tração trabalha tão bem que, mesmo na hora de passar por uma vala, se alguma das rodas fica suspensa, sem tocar o solo, ele entende que não deve gerar força para ela, deixando-a travada e redirecionando a tração para as outras.
Com o auxiliar de descida, ativado por um botão no seletor da tração, o motorista pode deixar o próprio veículo cuidar da frenagem enquanto ele foca em ir pelo melhor caminho. O único porém do Renegade é não ser tão alto, o SUV tem 210mm de vão livre, o que faz com que, dependendo do obstáculo, ele raspe a parte inferior no solo.
Força de sobra
Desde o seu lançamento, as versões diesel do Renegade utilizam o mesmo conjunto mecânico, com motor 2.0 turbo diesel de 170 cavalos e 35,7kgfm de torque, aliado a uma transmissão automática de nove velocidades, direção elétrica e freio a disco e suspensão independente nas quatro rodas, além da tração 4×4.
Com esse conjunto, o SUV anda muito bem e não há manobra que ele não faça com facilidade. De ultrapassagens a retomadas de velocidades, basta pisar no acelerador (esperar o mini delay natural de motores diesel para a turbina encher) para ele disparar pelo asfalto.
Mesmo pesando mais de 1,6 toneladas, o utilitário não sente o peso em momento algum, fazendo com que todos os movimentos sejam realizados com bastante segurança. A direção elétrica progressiva deixa o volante leve, principalmente na hora de manobrar para estacionar e firme em alta velocidade, otimizando a segurança para o motorista.
A suspensão independente nas quatro rodas otimiza o conforto a bordo. O sistema não repassa as imperfeições do solo para a cabine, deixando o rolar bem confortável. E os freios a disco em todas as rodas deixam as frenagens ainda mais seguras. Além disso, o consumo é muito bom, durante o teste, mesmo rodando bem no fora de estrada, ele fez, em média, 11,7km/l.
A opinião do Diário Motor
A versão Trailhawk do Renegade mostra toda a capacidade, principalmente no fora de estrada, do SUV. A combinação da tração 4×4, com o motor diesel e os pneus de uso misto fazem do utilitário um excelente “brinquedo” para quem curte pegar uma trilha sem maiores preocupações.
Como sempre, o maior problema dele é o preço. Mesmo com a motorização diesel, estamos falando de um SUV compacto de insanos R$ 170.590 com a pintura metálica. Mas mesmo com esse valor absurdo, com as características fora de estrada, ele não tem nenhum concorrente a altura.
A lista de equipamentos é boa, mas poderia ser melhor. Pelo preço, deveria ser obrigatório alguns itens como auxiliar de frenagem e alertas de ponto cego, sem falar nos bancos que não tem regulagem elétrica, apenas manual e de altura só para o do motorista.
Além do valor exorbitante, o Renegade tem o mesmo problema desde o lançamento, o tamanho do porta-malas e o espaço traseiro. Mas como falamos, ele não tem nenhum concorrente a altura e, para quem procura um modelo que dê para fazer trilhas sem maiores problemas, vale a compra! Nota: 8.
Ficha Técnica
Motor: 2.0
Potência máxima: 170cv
Torque máximo: 35,7kgfm
Transmissão: automática de nove velocidades
Direção: elétrica
Suspensão: independente nas quatro rodas
Freios: a disco nas quatro rodas
Porta-malas: 260 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.714 x 1.798 x 4.232 x 2.570mm
Preço: R$ 168.890.