Hyundai HB20 Platinum Plus pede alto por uma segurança otimizada
Testamos a versão topo de linha do hatch sul-coreano, que tem uma lista de equipamentos generosa, mas um preço nada convidativo
O mercado automotivo brasileiro passou por diversas fases ao longo da história, da chegada do automóvel no fim do século 19, à revolução eletrificada de modelos chineses por agora, passando pela grande industrialização na década 1950, a abertura de mercado nos anos 1990 e a “invasão” asiática, liderada pelas chinesas, na virada da década de 2010.
De todos estes períodos um dos mais interessantes é o último citado, a chegada dos asiáticos, principalmente dos chineses, causou uma revolução no nosso mercado por conta da categoria que resolveram “atacar”, a de entrada. Se na abertura em 1990 surgiram marcas premium e de luxo como Honda, Toyota, Audi e BMW, nos anos 2010, vieram as populares.
Com uma ideia de custo benefício focando no preço baixo e na lista de equipamentos recheada, as asiáticas fizeram sucesso. Mas uma, em especial, se sobressaiu, a Hyundai. A sul-coreana já comercializava modelos premium no país pelo grupo Caoa, mas passou a produzir de forma própria no Brasil com a família HB20, em Piracicaba, interior de São Paulo
O modelo fez tanto sucesso que é um dos únicos representantes da “invasão” asiática disponível até hoje. Já na segunda geração, lançada em 2019, passou por um grande facelift no ano passado, onde mostrou a mesma receita, uma lista de equipamentos generosa e com itens inéditos, principalmente na versão topo de linha, a Platinum Plus, nosso “Teste da Vez”.
Fora da casinha
A principal diferença do atual HB20 para o lançado em 2012, conceitualmente falando, é o preço. Na época, ele veio com um valor agressivo para buscar espaço no mercado, hoje, é um dos mais caros entre os hatches compactos. Um modelo igual ao que testamos, na opção topo de linha e com pintura metálica, custa absurdos R$ 121.990.
Na categoria, apenas Toyota Yaris XLS (R$ 122.090) e Honda City Hatchback Touring, e seus insanos R$ 136.600, são mais caros que o sul-coreano produzido. Se for segmentar com os modelos turbo (os dois japoneses têm motores aspirados), o HB20 é disparado o mais caro, seguido por Volks Polo Highline (R$ 117.990), Chevrolet Onix Premier (R$ 115.170) e Peugeot 208 Griffe (R$ 114.990).
Melhorado
Com o facelift realizado no ano passado, a Hyundai atendeu ao apelo de, praticamente, todo mundo e modificou bem o visual do hatch. Quando a nova geração do HB20 surgiu, em 2019, ela chamou muito a atenção pelo visual e a marca viu uma “chuva” de críticas pela escolha nada ortodoxa do desenho do compacto.
Dessa vez o retorno é bem mais positivo. O design do modelo evoluiu bem e foi completamente atualizado na dianteira e na traseira. A grade agora é partida em duas peças e ocupa boa parte do, também renovado, para-choque.
Os faróis foram redesenhados e conversam bem com o resto da dianteira. Capô e para-lamas também recebem novos desenhos, mais retilíneos e angulares. Além disso, o estilo mais volumoso não é apenas visual, o hatch cresceu 75mm no comprimento, 50mm no balanço dianteiro e 25mm no traseiro.
Atrás, ele conta com lanternas renovadas e integradas que cruzam o carro de lado a lado, apesar de não acender totalmente (como é no HB20S), alinhada com outros modelos da Hyundai, como Tucson e Elantra. Além disso, para-choque e tampa do porta-malas contam com novos desenhos.
Por dentro, a topo de linha Platinum se destaca pelo painel de instrumentos 100% digital com um interessante conta-giros com mostrador em numeral e não em ponteiro, bem mais divertido de acompanhar. De resto, tudo igual, com a tela da central multimídia do tipo flutuante.
Parte do acabamento dos bancos e das portas, o volante, manopla do câmbio e apoio de braço central são em couro. O espaço também é o mesmo, levando quatro adultos com um mínimo de conforto, nada demais, mas um quinto é praticamente impossível. O porta-malas tem 300 litros, dentro da média da categoria, nem o maior, nem o menor do segmento.
Para justificar
O principal destaque dos itens de série do HB20 é o sistema SmartSense, que deixa-o como um dos mais completos da categoria, apesar que, por mais de R$ 120 mil, ele deveria contar também com sensor de estacionamento dianteiro (presente em vários dos rivais), piloto automático adaptativo (como no City) e auxiliar de estacionamento automático (Onix).
Ainda sim, os equipamentos são interessantes, como assistente de centralização (LCA) e de permanência (LKA) em faixa, o sistema ajuda a manter o veículo na via correta, sem invadir as dos lados e, dependendo da tangência e velocidade, até a fazer curvas, alerta de ponto cego ativo, que trabalha em conjunto com o LKA, assistente de tráfego cruzado traseiro, que avisa se estiver vindo qualquer veículo lateralmente ao dar ré.
Ele ainda tem alerta de presença nos bancos traseiros, detector de fadiga, farol alto adaptativo, monitoramento de pressão dos pneus e alertas de frenagem com auxiliar autônomo e de detecção de pedestres e de saída, que avisa se algum objeto ou veículo está se aproximando ao abrir a porta, inédito e único no segmento.
Além do sistema SmartSense, a lista de equipamentos da topo de linha é generosa. Ainda na parte da segurança, ela vem com seis airbags, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, piloto automático (que não é adaptativo), câmera de ré, sensores crepuscular e de estacionamento e faróis projetor com DRL e lanternas em LED.
Na parte da comodidade, ele conta com central multimídia com tela de oito polegadas e conectividade sem fio com smartphone via Android Auto e Apple CarPlay e três portas USB, o painel de instrumentos digital, chave sensorial, retrovisores com rebatimento elétrico.
Ar-condicionado digital e automático, partida remota, sistema Bluelink de conectividade, volante com regulagem de altura e profundidade e carregador de celular sem fio completam a generosa lista de equipamentos do HB20.
Foco no consumo
Outro ponto que a marca manteve do início da atual geração para o facelift é a motorização. Para a versão topo de linha, o HB20 permanece equipado com o moderno 1.0 turbo de 120 cavalos e 17,5kgfm de torque, tanto com etanol, quanto com gasolina, aliado ao câmbio automático de seis velocidades e direção elétrica, que conversam bem entre si.
Como é de se esperar, a motorização turbo deixa o hatch compacto esperto e bom de acelerar, basta pisar no acelerador que ele dispara pelo asfalto e ainda conta com borboletas no volante para trocas de marchas mais otimizadas. Assim, todas as manobras são feitas com conforto e segurança, de ultrapassagens a retomadas de velocidade.
A opção de realizar as trocas de marchas por meio das borboletas deixa o hatch ainda mais “na mão” do motorista, fazendo com que a condução fique mais divertida e otimizada. Mas se não quiser utilizar o sistema, as respostas do acelerador são praticamente imediatas. Seja na cidade, ou em rodovias, o HB20 anda muito bem.
Mas de tudo, o ponto alto do conjunto mecânico durante nosso teste foi o consumo. Rodamos mais de 500 quilômetros com o hatch na cidade e em rodovias. Abastecido com etanol, ao fim, ele marcou, 9,4km/l, com picos de 10,7km/l na estrada, um número excelente, já que alguns modelos fazem um pouco a mais do que isso com gasolina.
A opinião do Diário Motor
Em um segmento de entrada, qualquer ponto (positivo ou negativo) precisa ser levado em consideração. O HB20 Platinum Plus se destaca bem pela completa lista de equipamentos de série, mas pede muito caro por isso, mesmo em uma época de preços exagerados. Ele chega a ser R$ 7 mil mais caro do que um dos principais rivais, é uma diferença grande.
O preço é o principal empecilho da opção topo de linha do hatch, algo que já foi positivo na marca. Por este valor, as melhorias deveriam ser ainda maiores e, mesmo com elas, é preciso pensar se realmente vale a diferença no preço. Somente por isso, a nota não foi melhor e caiu em relação às “Primeiras Impressões”. Ainda assim, vale a compra! Nota: 8.
Ficha Técnica
Motor: 1.0 turbo
Potência máxima: 120cv
Torque máximo: 17,5kgfm
Transmissão: automática de 6 velocidades
Direção: elétrica
Suspensão: independente na dianteira e semi-independente na traseira
Freios: a disco na dianteira e tambor na traseira
Porta-malas: 300 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.470 x 1.720 x 4.015 x 2.530mm
Preço: R$ 120.390