Hyundai Creta Ultimate, quando uma troca de motor faz todo sentido
Fomos conferir de perto o facelift da segunda geração do SUV compacto, que muda do visual ao conjunto mecânico
Na indústria automotiva, como em qualquer outra, existem ciclos bem característicos de produção. Ao pensar em um produto novo, no caso, um veículo, uma montadora projeta um tempo no qual ele será comercializado sem precisar passar por grandes mudanças, as gerações de cada modelo, que, normalmente, duram entre sete e 10 anos.
Claro que o tempo pode variar de marca para marca, ou até mesmo de uma categoria para outra. Outro ponto em comum é que, para não ficar obsoleto, ou como falam, não chegar cansado ao fim da vida, as montadoras criam os chamados facelifts, geralmente, realizados no meio do tempo de vida da geração, entre três e cinco anos.
É a segunda vez que a Hyundai aposta em um facelift mais profundo.
Este processo nada mais é do que fazer uma atualização mais profunda no veículo, mas sem mexer na plataforma. É até comum existir breves modificações de uma linha para a outra, mas é no facelift que marcas atualizam melhor cada modelo, principalmente no visual. Mas tem uma montadora que vem mudando essa estrutura lógica, a Hyundai.
Além de diminuir o tempo de uma atualização para outra, a sul-coreana vem apresentando facelifts bem mais profundos. Fez isso com o HB20 e, agora, com o Creta. A segunda geração do SUV foi lançada em 2021, apenas cinco anos depois do lançamento da primeira. E, agora, três anos depois, apresenta um facelift bem profundo, como visto na versão topo de linha, a Ultimate, que apresentamos as “Primeiras Impressões” agora.
Precificação
O preço, para variar, é um exagero.
Para quase toda a linha, apesar das novidades, a Hyundai manteve os preços. Apenas a Ultimate, a topo, teve uma alteração, saiu de R$ 187 mil para R$ 189.990. O preço continua mais do que salgado. Mesmo assim, ele não é o mais caro da categoria, que está prestes a superar a barreira dos R$ 200 mil.
Os mais caros são o Honda HR-V (R$ 199.990) e o Volkswagen T-Cross, que pode chegar a R$ 196.250. Abaixo do Creta, tem o Jeep Renegade, que bate em R$ 180.990, Chevrolet Tracker (R$ 177.990), Fiat Fastback (R$ 164.990) e o CaoaChery Tiggo 5x (R$ 139.990).
Mudança radical
As mudanças foram tantas, que é quase um carro completamente novo.
Quando apresentou a segunda geração do Creta, a Hyundai trouxe um visual, digamos, exótico para o SUV. Agora, da mesma forma que fez com o HB20, o facelift muda radicalmente o design do utilitário, tanto externo, quanto interno. Com destaque para a versão topo de linha, a Ultimate, que tivemos um primeiro contato durante o lançamento.
Agora, o utilitário segue o padrão visto em outros modelos da marca, como o recém-chegado Palisade e o novo Santa Fé, que ainda não é comercializado por aqui. A grade frontal foi totalmente renovada, de estilo geométrico com grandes retângulos, aliado ao para-choque robusto, com um gigante skid plat e faróis super afilados.
O interior também foi completamente modificado.
O conjunto óptico também foi todo redesenhado e, agora, traz uma faixa de LED que percorre toda a frente do carro, com luzes de seta sequenciais nas pontas. Nas laterais, a principal mudança está na coluna C, que ganha novo desenho, assim como toda a traseira, das lanternas ao para-choque, passando pela tampa do porta-malas e spoiler.
Já a cabine segue um padrão diferente do visto no HB20. No hatch e no sedã o interior não foi alterado. No Creta, tudo é novo. O utilitário passa a contar com uma tela dupla, ambas de 10,25 polegadas, uma para a central multimídia e outra para o painel de instrumentos. Mas algo não caiu bem na renovação, o display de comandos do ar e da central.
Os comandos do ar destoam muito do visual do resto da cabine.
A peça destoa muito do resto da cabine. A impressão é que esqueceram dos comandos e utilizaram a primeira coisa que acharam. Mas tirando esta parte, o acabamento é bem-feito, sem rebarbas ou peças mal encaixadas e a Hyundai ainda conta com opções variadas de cores para o interior, sendo possível fugir do tom claro, como da unidade que estávamos.
Como falamos, este é apenas um facelift, mesmo que profundo, do Creta, ou seja, a estrutura base dele, no caso, a plataforma, permanece igual. Assim, o tamanho não foi alterado. Com isso, ele leva quatro adultos com extremo conforto, um quinto gera apertos desnecessários. E o porta-malas tem bons 422 litros de capacidade.
Modo ultimate
O sistema de câmera 360º é um show a parte.
Em uma tradução simplória, “ultimate” é a versão final, a mais aprimorada de algo, no caso do Creta, a mais completa das configurações. E os itens de série, que já eram bons, estão melhores ainda. O sul-coreano chega renovado para ser o SUV compacto mais bem equipado do Brasil.
Na parte segurança, ele vem com conjunto óptico full LED e farol alto adaptativo, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, seis airbags, detector de fadiga, monitoramento de ponto cego com sistema de câmeras, freio de estacionamento eletrônico com auto hold, câmeras 360º, monitoramento de pressão dos pneus.
Ele é um dos raros com saída de ar para a traseira.
Pacote Adas que agrega frenagem autônoma (convergência à esquerda e tradicional), alertas de colisão dianteiro, traseiro e cruzado e de saída segura, assistentes de permanência e centralização de faixa e de tráfego cruzado traseiro, sensores crepuscular, de chuva e de estacionamento dianteiro e traseiro, além de retrovisor eletrocrômico.
De conforto, teto solar panorâmico, as telas digitais, conexão e carregador sem fio para smartphones, iluminação ambiente, ar-condicionado digital, dual zone e saída para a traseira, banco do motorista com ajuste elétricos (exceto o de altura) e refrigerado, chave sensorial, partida por botão e sistemas conectados “Bluelink”.
O astro
O novo motor 1.6 turbo é o mais potente da categoria.
Outro ponto divergente do Creta para o HB20, em relação às últimas atualizações, é que no SUV houve uma troca de conjunto mecânico, em um primeiro momento, apenas para a versão Ultimate. Ela finalmente aposenta o ultrapassado motor 2.0 aspirado e, agora, passa a utilizar um moderno e potente propulsor 1.6 turbo, movido apenas a gasolina.
A nova caixa de força faz com que o sul-coreano seja o utilitário compacto mais potente do mercado brasileiro no momento. Ela gera ótimos 193 cavalos e bons 27kgfm de torque. O novo propulsor está aliado à transmissão automática de dupla embreagem de sete marchas, direção elétrica e freios a disco nas quatro rodas.
O câmbio também trabalha muito bem.
Durante o lançamento, tivemos contato com a Ultimate na pista de provas da Pirelli, o Circuito Panamericano, no interior de São Paulo. Apesar deste tipo de teste não permitir avaliar o comportamento do carro para o uso no dia a dia, ele possibilita mostrar toda a capacidade do modelo, principalmente com um motor novo e potente.
O Creta apresenta uma direção firme e segura, com o volante sempre “na mão” do motorista. Mesmo em curvas de alta, a carroceria rola de forma correta, sempre no traçado, e, em momento algum, há a percepção de a mínima perda de controle. As acelerações são vigorosas e divertidas.
Na direção, o Creta Ultimate se mostra divertido e seguro.
Nem é preciso pisar fundo para fazer o SUV disparar pelo asfalto, o mais leve toque faz ele acelerar com vigor, o que certamente permitirá manobras, como ultrapassagens, saídas e retomadas de velocidades, seguras e precisas. A transmissão também trabalha bem, com trocas precisas e opção de mudanças manuais por meio das borboletas no volante.
Os sistemas de segurança do pacote Adas atuam de forma primorosa, seja o alerta de saída de faixa, ou os auxiliares de frenagem, tanto dianteiros, quanto traseiro, inclusive com detecção de tráfego cruzado. Uma melhoria, de algo que já existia, é da forma de visualizar as imagens das câmeras de ponto cego, elas aparecem à direita e à esquerda da tela do painel de instrumentos, no mesmo sentido das setas.
A Opinião do Diário Motor
Hyundai Creta Ultimate.
Desde seu lançamento, lá em 2016, o Creta se mostra um concorrente duro em um dos segmentos mais disputados do mercado nacional. Com esta nova atualização, de visual renovado, excelente lista de equipamentos e ótimo conjunto mecânico, o sul-coreano ganha ainda mais fôlego para encarar de frente os principais concorrentes.
Com o motor 1.6 turbo, o SUV é esperto e tem uma vida a bordo segura, conectada e confortável. Como sempre, o porém fica pelo preço, na casa dos R$ 190 mil, o que acaba por derrubar a nota final. Mas ainda assim, não é o mais caro. Como a versão topo de linha do utilitário anda muito e é bem equipada, ele vale a compra! Nota: 8,5.
Ficha Técnica
Motor: 1.6 turbo
Potência máxima: 193cv
Torque máximo: 27kgfm
Transmissão: automática de dupla embreagem de 7 velocidades
Direção: elétrica
Suspensão: independente na dianteira e semi-independente na traseira
Freios: a disco nas quatro rodas
Porta-malas: 422 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.635 x 1.790 x 4.330 x 2.610mm
Preço: R$ 189.990
