Honda City e a dura missão de ter que ‘substituir’ o Civic
A quinta geração do sedã deixa o japonês maior, mais equipado e tenta suprimir um espaço deixado pelo Civic
Até pouco tempo atrás, a Honda tinha bem definido os papéis dos seus sedãs. O City figurava como compacto e porta de entrada para os modelos da marca. O Civic era o grande astro da montadora, o “galã” do trio. E o Accord, o grandão da família, era – ainda é – o mais completo e caro da japonesa.
Com a recente reestruturação, as coisas mudaram bastante na japonesa. O Accord mantém o status de modelo mais caro e completo. O Civic deixa de ser produzido por aqui, não é vendido ao longo do ano e só deve retornar ao mercado nacional em dezembro, importado, em única versão e eletrificado. Com isso, o City muda seu papel no line up da marca.
Ele mantém o padrão de veículo de entrada, mas em outro patamar. Apresentado recentemente na quinta geração, o modelo ganhou duas carrocerias, a inédita hatch (essa sim a mais barata) e a três volumes de sempre, com novas versões. Inclusive, a topo de linha passa a ser chamada de Touring e é o nosso “Teste da Vez”.
Para ocupar o espaço deixado pelas versões de entrada do Civic, o City cresceu e ficou mais completo na atual geração, principalmente na nova configuração topo de linha. Mas como já de costume da marca, a Touring pesa – e muito – em um fator, o preço. Ela surge por impressionantes R$ 125 mil, sendo o sedã compacto aspirado mais caro do país.
“Mini Civic”
Desde que surgiu, o City nunca seguiu o padrão visual do irmão do meio. Ele focava mais no estilo da família de compactos, com o Fit entre eles. Mas para a quinta geração, o pequeno finalmente ficou mais alinhado aos irmãos maiores, com alguns aspectos do Accord e se tornando um “mini Civic”.
Por dentro e por fora, o City evoluiu e segue o novo padrão mundial da marca, sendo o primeiro modelo a adotar a nova identidade visual da Honda no Brasil. Com visual mais elegante, o sedã tem faróis que combinam bem com a parte inicial da barra dianteira, que exagera no cromado, envolvendo quase todo o logo da marca.
As rodas contam com desenho mais executivo, acompanhando bem o visual da carroceria, que ainda conta com lanternas em LED que avançam pela lateral do veículo. Outro ponto que aponta a maior elegância do City é a antena do tipo barbatana de tubarão, raro de se ver em veículos compactos, mas que faz jus aos R$ 125 mil pedidos pela Honda.
O interior é um caso à parte e, assim como a carroceria, mudou completamente. Como outros veículos da marca, a Touring conta com acabamento claro, que deixa o visual mais elegante, mas com um pequeno porém, o tom quase branco em um veículo familiar pode ser complexo, principalmente para quem anda com crianças.
Falando do acabamento, pelo menos a Honda trabalhou com materiais de boa qualidade, focando bem no uso do couro, visto nos bancos, portas, console central e painel. As peças são bem encaixadas e sem rebarba. O espaço, que já era bom, está ainda melhor. O sedã leva quatro adultos com extremo conforto e o porta-malas conta com excelentes 519 litros.
Além do espaço generoso, outros destaques da cabine são as modernas telas, da central multimídia de oito polegadas e do painel de instrumentos de sete polegadas. Ele ainda conta com saída de ar para a traseira. O único porém da cabine é a parca quantidade de nichos, para um modelo familiar, deveria ter mais.
Quase um 10
Para se aproximar do que era o Civic, a Honda não poupou equipamentos para a versão topo de linha do City. O sedã conta com uma lista generosa, como deveria ser, afinal – como já reafirmamos – é um veículo compacto de R$ 125 mil. Mesmo assim, não tirou um 10 neste quesito, mas foi por pouco.
Na parte da segurança, ele vem com seis airbags, câmera de ré, monitoramento de pressão dos pneus, sensores de chuva, crepuscular e de estacionamento dianteiro e traseiro, controles de tração e estabilidade, auxiliar de partida em rampa, retrovisor eletrocrômico, LaneWatch que elimina o ponto cego a direita e o moderno sistema Sensing.
O pacote é o grande diferencial do City, único da categoria. Ele conta com cinco funções: piloto automático adaptativo (mas sem stop&go, vacilo da marca), auxiliar de frenagem de emergência, assistente de permanência em faixa, alerta de saída de pista e farol alto automático.
Na parte do conforto, ele conta com chave sensorial para abertura das portas e partida do motor por botão, ar-condicionado automático e digital com saída para a traseira e as telas da central multimídia, que tem conectividade sem fio para smartphones, e a do painel de instrumentos.
Mas apesar de bem completo, o compacto não conta com alguns itens que deveriam estar presentes no modelo. Afinal, ele tenta substituir o Civic como sedã mais importante da marca e modelo de volume.
Ele deveria ter freio de estacionamento eletrônico com Auto Hold, falta carregador de indução para smartphones e o já citado sistema stop&go do ACC, tivesse estes itens, a lista de equipamentos do japonês seria perfeita.
Velho, mas novo
O City, ao contrário do que a categoria vem apresentando, segue utilizando um motor aspirado em vez de apostar nas caixas mais modernas e turbinadas como os principais concorrentes. Ele utiliza o mesmo propulsor 1.5 da geração anterior, mas modernizado e melhorado.
A caixa de força gera 126 cavalos e 15,8kgfm de torque, o ganho dos 10 cavalos em relação ao motor anterior se deve, principalmente, a adoção de injeção direta de combustível. Ele está aliado ao câmbio automático CVT com borboletas no volante e direção elétrica.
Por utilizar a transmissão CVT, o conjunto mecânico não é dos mais “animados”. A caixa, como todas do tipo, deixa a direção morosa. Mesmo pisando fundo no acelerador, o carro não dispara pelo asfalto. Com isso, é preciso um certo cuidado, principalmente nas ultrapassagens, acelerações e saídas em velocidade.
A aceleração é constante, como permite o câmbio. Mas apesar do cuidado a mais, ela é segura e confortável. Como um bom sedã, a suspensão trabalha bem, não repassando os desníveis das pistas para a cabine. Mas o ponto alto do conjunto é o consumo, durante o nosso teste, ele fez excelentes 16,1km/l, dado importante em época de gasolina nas alturas.
A opinião do Diário Motor
A nova, e quinta, geração do City tem a árdua missão de substituir, em partes, o Civic, um dos maiores, se não o maior, ícone da marca no país. Para isso, a Honda aposta em um sedã compacto com porte de médio, bem equipado, mas com motorização que poderia ser melhor.
O visual é, de longe, o melhor de todas as gerações do City, tanto por fora quanto por dentro. A cabine é bem desenhada, com materiais e acabamento de boa qualidade. Os equipamentos também se sobressaem, faltando pouco para o 10. Os destaques do sedã são o espaço interno, o conforto a bordo e o excelente consumo, acima dos 16km/l.
O grande porém, como de costume, é o preço. Mas mesmo com o mercado surtando nos valores, a Honda conseguiu ir além com o City. Um dos mais caros do segmento, ele chega a ser R$ 15 mil mais caro do que alguns concorrentes e turbinados, ainda por cima. O valor pode ser determinante na hora da escolha. Só por isso, vale o teste drive com possível compra! Nota: 7,5.
Ficha Técnica
Motor: 1.5
Potência máxima: 126cv
Torque máximo: 15,8kgfm
Transmissão: automática CVT
Direção: elétrica
Suspensão: independente na dianteira e semi-independente na traseira
Freios: a disco na dianteira e tambor na traseira
Porta-malas: 519 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.477 x 1.748 x 4.549 x 2.600mm
Preço: R$ 125 mil