Chevrolet Spin Premier: design e tecnologia de ponta, mas ‘coração’ fraco
Testamos a versão topo de linha da renovada minivan. Mais completa do que nunca, ela mantém o velho e ultrapassado motor 1.8 aspirado
Não é de hoje que a Chevrolet passa por uma completa reformulação da sua linha de veículos no Brasil. O atual processo começou em 2020, com a apresentação da segunda geração do Onix, que teve um salto de tecnologia, design, segurança e no conjunto mecânico e que deve culminar no facelift da linha dele no ano que vem.
De lá para cá, quase todos os modelos da marca passaram por profundas reformulações, principalmente no quesito visual e tecnologia embarcada. O único que não foi alterado consideravelmente foi o Cruze, porque estava previsto de sair de linha, o que ocorreu com o fim da produção em dezembro de 2023 e as últimas unidades vendidas ao longo deste ano.
Ainda assim, neste meio tempo, o sedã e o hatch médio passaram por um breve facelift. Um que mudou muito, até de geração, foi o Tracker, que ainda serviu de base para a irmã picape Montana crescer consideravelmente. Recentemente, os últimos a passarem por atualizações consideráveis foram a S10, o Trailblazer e a Spin.
A minivan finalmente ganhou um “banho de loja”, deixando completamente o visual antigo de lado e alinhando com os irmãos. No entanto, assim como os utilitários, não foi uma mudança de geração, mas sim um facelift profundo. E, apesar da grande evolução, principalmente nos equipamentos, a motorização não foi devidamente atualizada, como vimos na nova versão topo de linha, a Premier, o nosso “Teste da Vez”.
Precificação
Um fator interessante é que, quando lançada, a Spin Premier custava insanos R$ 144.990. Provavelmente percebendo o equívoco, atualmente, a marca cobra menos salgados R$ 136.730, ou seja, uma redução de pouco mais de R$ 8 mil. Em relação à concorrência, a Spin meio que “nada” sozinha.
Tecnicamente, ela não tem nenhum rival direto, pois não só é apenas a última minivan de sete lugares do mercado brasileiro, como também não há outro monovolume, independente do porte. O único modelo que compete com ela, mas mais pelos sete assentos, é o Citroën C3 Aircross, que virou um SUV, e seus R$ 137.490, na opção topo de linha.
Repaginada
O ideal seria que, assim como a linha Onix e o Tracker, a Spin tivesse uma nova geração e não apenas um profundo facelift. Pelo menos, após errar no estilo da minivan no seu lançamento, há 12 anos, a Chevrolet mostra que aprendeu a melhorar, e muito, o visual dos seus veículos e a Spin é um dos grandes exemplos disso.
Quando lançada, a minivan ganhou o maldoso apelido de “capivara”, por conta da semelhança com o roedor. Agora, ela finalmente ganha um design refinado e fica mais perto dos demais modelos da marca. Inclusive, a dianteira segue o padrão apresentado nos irmãos, com o capô elevado, grade bipartida e faróis em LED afilados, mas de desenho próprio.
A dianteira tem um visual mais elegante e sem perder o ar de robustez, com o acréscimo de apliques plásticos nas saias laterais e nos para-choques e de uma proteção no meio das portas. A traseira mantém a tampa gigante do porta-malas, mas com novo desenho, assim como as grandes lanternas. E ela ainda vem com um spoiler e rack de teto.
Se por fora as mudanças foram grandes, por dentro, foram ainda maiores. O painel foi completamente redesenhado – a Spin foi o primeiro modelo da marca a receber a nova identidade visual interna – , com central multimídia de 11 polegadas alinhada ao inédito painel de instrumentos 100% digital com display de oito polegadas.
O acabamento interno é bem-feito e não apresenta rebarbas ou peças mal encaixadas, apesar dos materiais não serem dos melhores. O tom azul dos bancos dá um ar de maior elegância à minivan. Falando dos assentos, com o já conhecido sistema de trilhos, é possível otimizar o espaço interno para os ocupantes ou para acomodar grandes bagagens.
Lógico que, na terceira fila, adultos não ficarão tão confortáveis, mas ajustando a do meio, para uma viagem rápida, é possível levar sete pessoas tranquilamente. Com cinco, a Spin tem incríveis 756 litros no porta-malas, mesmo com o banco traseiro dobrado, podendo levar muita bagagem. Com ele na posição final, logicamente, a área de carga fica reduzida.
Clara evolução
Apesar de ser algo estritamente pessoal, é flagrante que o visual da Spin melhorou. Mas a evolução dele não chega nem perto do que a Chevrolet fez com a lista de equipamentos. Até então, a minivan era, de longe, o modelo mais defasado da marca. Agora, está bem alinhado e, até acima, dos irmãos.
A topo de linha Premier vem com ar-condicionado digital com saída para a traseira, chave sensorial, partida por botão, as telas digitais de oito e 11 polegadas, conexão sem fio com smartphones, wi-fi embarcado, atualizações OTA, bancos e volante com revestimento premium, carregador por indução e rodas de liga leve de 16 polegadas.
Na parte da segurança, ela conta com seis airbags, faróis full LED, câmera de ré, sistema OnStar, piloto automático, sensores de chuva, crepuscular e de estacionamento traseiro, alertas de colisão e de saída de faixa, frenagem autônoma de emergência, indicador de distância do carro à frente e monitoramento de ponto cego.
Parou por aqui
Toda a evolução vista no visual e nos equipamentos da Spin passaram longe do conjunto mecânico. A Chevrolet teima em manter o antigo e ultrapassado motor 1.8 aspirado de míseros 111 cavalos e 17,7kgfm de torque. Ele é o segundo mais fraco da marca atualmente no Brasil, ganhando apenas do 1.0 aspirado do Onix.
Até o 1.0 turbo é mais potente, com 116 cavalos. Mas o ideal mesmo, seria a Spin utilizar o moderno 1.2 turbo, que equipa Tracker e Montana e seus 133 cavalos, o que seria um ganho de algumas boas décadas em tecnologia do propulsor. O câmbio, automático de seis marchas, e a direção elétrica, são os pontos altos do conjunto mecânico.
Assim, não espere uma condução esperta, longe disso, principalmente com carga completa, seja de passageiros, seja de bagagem. Falta, e não é pouco, fôlego para o motor, tanto na cidade, quanto na estrada. Com isso, o motorista precisa ter um cuidado a mais na direção.
Com a falta de força do motor, as manobras, como ultrapassagens, saídas e retomadas de velocidade, precisam ser realizadas com maior atenção e cuidado. Se estiver carregada, a Spin demora a responder aos comandos do acelerador e é visível o esforço do propulsor.
Apesar das claras limitações do motor, ao menos, a transmissão trabalha bem, sem trancos nas trocas de marcha. A direção elétrica atua bem, deixando o volante leve em baixa velocidade e firme em alta, neste aspecto, deixando a condução segura. A suspensão também trabalha bem, sem repassar os inúmeros defeitos do asfalto para a cabine.
O consumo da nova Spin tem um aspecto interessante. Primeiro, que agora ele pode ser analisado direto na central multimídia. Segundo, que há mais dados, como o geral e o por trajeto, além do pico de melhor gasto, que, no caso, foi de 15,2km/l, claro que rodando com ela vazia. No geral, a média ficou em 11,4km/l, com parte do trajeto em 10,7km/l.
A opinião do Diário Motor
A Spin sempre foi mais uma busca de necessidade do que de querer. Para quem precisa de um veículo com porta-malas generoso ou com capacidade de levar até sete pessoas. Com isso, parecia que a marca deixava a minivan de lado no quesito evolução. Ainda vemos isso na parte da motorização.
Com o novo facelift, o visual e as tecnologias evoluíram muito, principalmente na parte da segurança. Se antes ela não oferecia quase nada a mais e só era uma boa opção para quem precisava de sete lugares, atualmente é muito bem equipada e vira uma alternativa interessante para quem quer fugir dos SUVs, mesmo com o fator motor. Vale a compra! Nota: 8.
Ficha técnica
Motor: 1.8
Potência máxima: 111/106cv
Torque máximo: 17,7/16,8kgfm
Transmissão: automática de 6 velocidades
Direção: elétrica
Suspensão: independente na dianteira e eixo de torção na traseira
Freios: a disco na dianteira e tambor na traseira
Porta-malas: até 710 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.698 x 1.768 x 4.420 x 2.620mm
Preço: R$ 137.490