Caso Ceci Cunha

Senador repudia soltura de político que matou sua família por cargo

Rodrigo Cunha reage à impunidade sobre Talvane Albuquerque, que matou sua mãe Ceci Cunha e lhe tomou cargo na Câmara dos Deputados

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Senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL), na CCJ do Senado. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado/Arquivo

A progressão penal de um ex-deputado federal alagoano para o regime semiaberto reacendeu, na noite de ontem (25), o sentimento de impunidade para um dos maiores crimes políticos de pistolagem do Brasil, pelo qual Talvane Albuquerque foi condenado a mais de cem anos de prisão por mandar matar a ex-deputada federal Ceci Cunha para lhe tomar o cargo na Câmara dos Deputados, há quase 23 anos. O senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL) reagiu em nome de sua família, repudiando a libertação do criminoso condenado por matar seus pais e mais dois familiares, com tiros de metralhadora e espingarda 12 na varanda de sua casa, na noite em que Ceci Cunha foi diplomada pela Justiça Eleitoral, em 16 de dezembro de 1998.

Em nota enviada à imprensa, o herdeiro do legado político de Ceci Cunha disse que sua família seguirá lutando e não vai perder a fé na Justiça. Mas lamentou o fato de sua família ter que reviver o doloroso luto pelo crime brutal para o qual imaginava ter havido um desfecho, após 14 anos de impunidade, com a condenação de Talvane Albuquerque a 103 anos de prisão, pena esta reduzida para 92 anos de prisão, em maio deste ano, por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Leia a íntegra da nota do senador Rodrigo Cunha:

Seguiremos lutando e não vamos perder a fé na Justiça!

“Libertar o assassino da minha mãe Ceci Cunha, do meu pai Juvenal e de mais dois familiares representa mais um capítulo na história da impunidade em nosso estado e em nosso país. O criminoso Talvane Albuquerque, condenado a mais de 103 anos de prisão, está solto. Como pode???

Eu e minha família repudiamos esta soltura e não temos palavras capazes de expressar nosso lamento e nossa agonia. Hoje, mais uma vez, revivemos dolorosamente o luto que nos fere há mais de duas décadas diante de um crime brutal e que parecia ter tido um desfecho, com a condenação de seus autores intelectuais e materiais.

Seguiremos lutando e não vamos perder a fé na Justiça! A vida humana não pode ser tratada com tamanho menosprezo e quem causou tanto mal merece punição. Vamos novamente acionar o Judiciário buscando fazer com que Talvane Albuquerque pague pelo crime cometido”.

Ceci Cunha foi assassinada a mando de Talvane Albuquerque: Fotos: Divulgação e Reprodução Rede Globo

A progressão penal

A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL) informou que os juízes da 16ª Vara Criminal da Capital concederam ontem (25) a progressão da pena do ex-deputado federal Talvane Albuquerque. E definiram que o cumprimento da pena em regime semiaberto contará com fiscalização do réu por meio de monitoramento eletrônico, com raio de abrangência zero.

“O réu deve comparecer, mensalmente, perante a Justiça, para informar e justificar suas atividades. Se o reeducando quiser trabalhar deverá solicitar autorização à Justiça. O réu está proibido de frequentar bares, boates, botequins, prostíbulos ou casas de reputação duvidosa, não pode praticar nenhum crime doloso, nem se ausentar da cidade sem prévia autorização da Justiça. Ele também foi proibido de frequentar as dependências de quaisquer unidades do sistema prisional deste Estado, salvo com autorização judicial, e não poderá mudar de endereço, sem prévia comunicação”, informou o TJAL.

Uma audiência admonitória (para avaliar o cumprimento da condicional)  foi marcada para o próximo dia 22 de novembro, às 9h45, na 16ª Vara Criminal da Capital, ficando o reeducando intimado a comparecer sob pena de regressão de regime prisional para o fechado.

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