Zé Rainha é preso em SP suspeito de extorquir fazendeiros e invadir terras
Ex-líder do MST comandou nove invasões de terras no Carnaval Vermelho da FNL em São Paulo e Mato Grosso
A Polícia Civil de São Paulo prendeu ontem (4) o líder da Frente Nacional de Lutas Campo e Cidade (FNL), José Rainha Júnior, o “Zé Rainha”, junto com outra liderança do movimento, Luciano de Lima, na cidade de Mirante do Paranapanema. A suspeita é de que o ex-líder do MST e a outra líderança do FNL teriam extorquido ao menos seis fazendeiros para não invadir suas propriedades rurais na região do Pontal do Paranapanema. Em outra frente, a polícia apreendeu armas supostamente usadas para conter as invasões.
A operação policial iniciada na sexta-feira (3) combate conflitos agrários, após o chamado “Carnaval Vermelho”, em que movimentos de camponeses invadiram oito fazendas na região do Pontal do Paranapanema e uma no Mato Grosso.
A Polícia de São Paulo cumpriu mandados de prisões preventivas das lideranças do movimento que pressiona o governo de Lula por reforma agrária, expedidos pela Justiça. E ainda realizou buscas de pessoas que estariam utilizando armas para expulsar invasores de terras, resultando na apreensão de dois fuzis calibre 556, duas espingardas calibre 12 e uma calibre 357.
Pacificação
Em comunicado, a Polícia Civil de São Paulo disse que as prisões preventivas têm como objetivo a interrupção do ciclo delitivo e promoção de prevenção geral e paz no campo. Mas ressaltou que as prisões “em nada se confundem com os atos decorrentes do Carnaval de 2023”, o Carnaval Vermelho.
A polícia paulista ainda explica que a operação visa apurar o ciclo de violência decorrentes de extorsões e dos disparos de arma de fogo, incluindo fuzil, o que colocou em risco número indeterminado de pessoas.
Alegação de ‘cunho político’
A FNL divulgou nota em que atribui “cunho político” às prisões e confronta a versão oficial de que a operação não teria relação com o “Carnaval Vermelho”. O movimento liderado por Zé Rainha vê as prisões como ato de retaliação ao que chama de “jornada de ocupações”. E diz que seu líder teria direito de responder a qualquer acusação em liberdade, por não haver fundamento para a prisão.
“Exigimos a imediata liberdade e convocamos todos aqueles que lutam a se solidarizar, pois não podemos tolerar que o Estado haja de maneira arbitrária contra quem luta”, diz o comunicado da FNL.