'Sem palavra'

Oficiais da PM repudiam ‘presente maligno’ de Renan Filho, após sanção de lei de promoções

Associação questiona valor de homem sem palavra, ao reclamar de quebra de acordo por governador

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Governador de Alagoas Renan Filho. Foto: André Nery/MEC

A sanção, sem vetos, da nova lei de promoções dos oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros de Alagoas foi chamada de “presente maligno” em uma nota de repúdio contra o governador Renan Filho (MDB). O documento foi divulgado no último sábado (7) pela diretoria executiva da Associação dos Oficiais Militares de Alagoas (Assomal), e questiona o valor de um homem sem palavra, ao criticar a quebra do acordo firmado para aprovação da lei, sem emendas.

Para os oficiais militares, o governo de Renan Filho dá mais uma prova de toda sua desconsideração e desrespeito aos militares, por ignorar o trabalho realizado pelas associações militares e pelos comandantes-gerais da PM e do Corpo de Bombeiros de Alagoas, na elaboração do projeto de lei de promoções que foi aprovado com alterações feitas pela Assembleia Legislativa, na qual o governador tem maioria da bancada.

“Qual o valor de um homem sem palavra? A quem interessa uma Polícia Militar e um Corpo de Bombeiros geridos pela politicagem e não pela disciplina e hierarquia – alicerce destas corporações seculares? Como oficiais subservientes a politicagem irão comandar e defender os interesses da Instituição? Quem vai sentir o reflexo do descaso administrativo e disciplinar que esta Lei vai gerar dentro das Corporações?”, questiona a nota dos oficiais da PM e dos Bombeiros.

A nota lembra que Renan Filho empenhou sua palavra com as Associações, com o Alto-comando da PM de Alagoas e com o povo alagoano com o compromisso de valorizar os integrantes das corporações.

“Ele que diz reconhecer o trabalho dos militares no combate direto à criminalidade, mas sanciona uma Lei que privilegia o militar moderno em detrimento do antigo, desestabilizando a hierarquia e a disciplina enfraquecendo as instituições militares”, diz a nota da Assomal.

Subserviência a políticos

Segundo os oficiais militares, os critérios mantidos privilegiam militares que trabalham fora das ruas, ligados a grupos políticos e o descaso total com os militares que atuam fora da grande Maceió. “Nosso repúdio não está naqueles que serão beneficiados por esta Lei nociva ao futuro da PMAL e CBMAL. A indignação está naqueles que tem por obrigação moral lutar pelo futuro das corporações, mas se omitem em berço esplêndido aguardando a grande recompensa”, critica a associação.

“Parabéns governador por destruir dez anos de trabalho, tratativas e manifestações para que fossem dirimidas as distorções existentes no ciclo de promoções do oficialato alagoano. Com uma canetada apocalíptica, o senhor garantiu a subserviência das corporações aos interesses de políticos e autoridades que utilizam a força policial para defesa de seus próprios interesses, independente da coletividade”, resumem os oficiais militares.

Veja a íntegra da nota:

Qual o valor de um homem sem palavra? A quem interessa uma Polícia Militar e um Corpo de Bombeiros geridos pela politicagem e não pela disciplina e hierarquia – alicerce destas corporações seculares? Como oficiais subservientes a politicagem irão comandar e defender os interesses da Instituição? Quem vai sentir o reflexo do descaso administrativo e disciplinar que esta Lei vai gerar dentro das Corporações? Estes são alguns dos questionamentos decorrentes do presente maligno que o Governador Renan Filho deu aos militares alagoanos, conforme publicação no DOEAL de 05/12/2019, quando sancionou SEM NENHUM VETO o texto da “NOVA” Lei de Promoção dos Oficiais Militares de Alagoas.

Infelizmente, o governo estadual dá mais uma prova de toda sua desconsideração e desrespeito aos militares. Ele que empenhou sua palavra com as Associações, com o Alto-comando da PMAL, mas especialmente, com o povo alagoano em valorizar os integrantes das corporações; ele que têm a maioria na Casa de Tavares Bastos, mas nada fez para cumprir o que acordou – a aprovação da Lei sem emendas, respeitando o trabalho realizado pelas Associações e pelos Comandantes-gerais da PMAL e CBMAL; ele que diz reconhecer o trabalho dos militares no combate direto à criminalidade, mas sanciona uma Lei que privilegia o militar moderno em detrimento do antigo, desestabilizando a hierarquia e a disciplina enfraquecendo as instituições militares.

A promoção é um ato natural no meio castrense, mas há alguns anos não ocorre desta forma, TODOS merecem ser promovidos, até porque o ingresso foi para Oficial Militar e não para determinado posto. Porém, os critérios que privilegiam àqueles que trabalham fora das ruas; àqueles que são ligados a grupos políticos e o descaso total com os militares que atuam fora da grande Maceió – que não tem oportunidade de viajar a capital diariamente para ensinar, todos os semestres, nas unidades de ensino. Nosso repúdio não está naqueles que serão beneficiados por esta Lei nociva ao futuro da PMAL e CBMAL. A indignação está naqueles que tem por obrigação moral lutar pelo futuro das corporações, mas se omitem em berço esplêndido aguardando a grande recompensa.

Parabéns governador por destruir dez anos de trabalho, tratativas e manifestações para que fossem dirimidas as distorções existentes no ciclo de promoções do oficialato alagoano. Com uma CANETADA apocalíptica, o senhor garantiu a subserviência das corporações aos interesses de políticos e autoridades que utilizam a força policial para defesa de seus próprios interesses, independente da coletividade.

E quem poderá nos defender? Certamente não será o Chapolim Colorado, mas sim nossas atitudes no fortalecimento da personalidade institucional da PMAL E CBMAL. A maioria da tropa trabalha na consciência de sua responsabilidade social e não para angariar padrinhos para futuras promoções. Milhares de militares lutam diariamente para retornar aos seus lares em segurança, independente do reconhecimento de Renan Filho.

Precisamos resistir, rever nossas prerrogativas e amadurecer nossa melhor arma na luta pela independência e respeito aos valores seculares da hierarquia e disciplina – O NOSSO VOTO.

Maceió, 07 de dezembro de 2019.

DIRETORIA EXECUTIVA DA ASSOMAL

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