Moro sabia que facção planejava matá-lo há mais de um mês
Presidente do Senado acionou a Polícia Legislativa para providenciar escolta para o senador quando informada do risco
O senador e ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil-PR) já sabia da existência de um plano de uma facção criminosa para matá-lo e contava com escolta da Polícia Legislativa do Senado para manter sua segurança. Nesta quarta-feira, 22, a Polícia Federal deflagrou operação para prender integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) que pretendiam executar e extorquir mediante sequestro o senador e outras autoridades.
“Ele já tinha essa informação [sobre o plano para assassiná-lo] havia mais de um mês e que isso estava sendo monitorado pela Polícia Federal. Houve um desfecho para se prender os criminosos que estavam engendrando este plano. A polícia estava fornecendo segurança a Moro e sua família”, disse o senador Rogério Marinho (PL-RN), em entrevista ao UOL na manhã desta quarta-feira.
Moro passou a ser alvo de facções criminosas quando ainda ocupava o cargo de ministro da Justiça, no governo de Jair Bolsonaro (PL). Ele foi responsável por enviar pelo menos 113 líderes de facções criminosas de quatro estados para presídios federais. Entre eles estava Marcola, líder do PCC.
Além de Moro, o plano de execução envolvia atentados contra o promotor de Justiça de São Paulo Linconln Gakiya, que investiga o PCC há mais de 18 anos, um comandante de Polícia Militar e policiais penais, entre outros agentes públicos.
Segundo Gakiya, que atua no GAECO de Presidente Prudente, o plano para matar o ex-juiz foi identificado por meio de um depoimento colhido de uma testemunha em investigações no final de janeiro. Ele afirmou ainda que a ação foi articulada por uma espécie de “departamento de homicídios” da facção criminosa, que usava um codinome para se referir a Moro: “Tóquio”.
“Não é surpresa para mim. Convivo com isso há mais de quatro anos. Desde que fiz a remoção [de Marcola], minha vida virou de cabeça para baixo. Quase mensalmente tem um plano para me matar”, afirma o promotor que investiga a facção há 18 anos.
De acordo com o promotor, as lideranças da facção estavam particularmente incomodadas com o fim da visita íntima nos presídios federais. “Os presos odeiam o Moro por causa disso. Por causa da portaria que proíbe isso no sistema federal. A ordem veio de lá”.
Após a deflagração da Operação Sequaz, Moro agradeceu os agentes policiais e anunciou um pronunciamento para a tarde desta quarta-feira no Congresso. “Por ora, agradeço a PF, PM/PR, Polícias legislativas do Senado e da Câmara, PM/SP, MPE/SP, e aos seus dirigentes pelo apoio e trabalho realizado”, postou o parlamentar nas redes sociais. A escolta de Moro foi acionada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Segundo Rogério Marinho, Moro deve aproveitar o pronunciamento para propor medidas mais duras para o combate ao crime organizado no Brasil.
Por medo de atentado, Rosangela Moro, esposa do senador, fazia questão de carro blindado e seguranças desde a campanha eleitoral de 2022.