Indicação à PGR

Associação de procuradores crítica ‘sentimento de revanche’ de Lula

ANPR se pronunciou após Lula dizer que "não vai escolher mais na lista tríplice da categoria", por "irresponsabilidades" da Lava Jato

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Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil).

O presidente Lula foi criticado nesta quarta-feira, 22, pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) por seu “entimento de revanche” por ter sido preso e condenado na Operação Lava Jato.

A nota da ANPR acontece um dia depois da declaração do petista de que não seguirá a lista tríplice da categoria para definir o comando da Procuradoria-Geral da República (PGR). “O Ministério Público Federal tem que saber que não vou escolher por responsabilidade da força-tarefa do Paraná que foi moleque, que prejudicou a imagem do MPF. Um bando de moleque irresponsável”, disse Lula em entrevista ao site Brasil 247.

Segundo a associação, ao tratar a decisão como uma escolha pessoal, Lula “abre mão da transparência necessária ao processo e se desvincula da preocupação com a autonomia da instituição e com a independência do PGR”.

A ANPR é a entidade responsável pelo processo de indicação dos três nomes escolhidos pelos integrantes do Ministério Público Federal. divulgou há pouco uma nota pública na qual critica o “sentimento de revanche” do presidente.

“É compreensível que o presidente manifeste contrariedade com os Procuradores da República que o denunciaram. O sentimento de revanche, contudo, não deveria ser a marca do estadista verdadeiramente preocupado com o fortalecimento das instituições e da democracia brasileiras”, respondeu a Associação em nota.

Leia a nota na íntegra abaixo:

A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) vem, em razão de declarações do Presidente Lula nas últimas semanas sobre a não observância da lista tríplice para a definição do Procurador-Geral da República, apontar questões fundamentais para que esse debate seja conduzido de forma republicana e democrática.

A lista tríplice é adotada em todos os outros Ministérios Públicos, e o processo de escolha permite ao país conhecer melhor os postulantes ao cargo. Os candidatos são devidamente escrutinados não apenas pela carreira, mas também pela imprensa e pela sociedade, podendo ser identificados suas qualidades e aptidões ao cargo.

Ao tratar a definição do PGR como uma escolha pessoal, o presidente da República abre mão da transparência necessária ao processo e se desvincula da preocupação com a autonomia da instituição e com a independência do PGR. Com isso, contraria o próprio discurso de campanha, quando mencionou, de forma correta, o mérito de seus governos anteriores ao escolher o PGR com base na lista, de forma a demonstrar que, diferentemente do que entendia ser uma prática de seu oponente, não tentaria exercer qualquer controle indevido sobre o Ministério Público Federal.

É compreensível que o presidente manifeste contrariedade com os Procuradores da República que o denunciaram. O sentimento de revanche, contudo, não deveria ser a marca do estadista verdadeiramente preocupado com o fortalecimento das instituições e da democracia brasileiras.

Da mesma forma, a generalização sobre o papel do MPF, como se este pudesse ser resumido à Operação Lava Jato, despreza a importância histórica da instituição em diversas outras atuações e na defesa de direitos, sobretudo nos campos socioambiental e da cidadania.

A ANPR segue confiante que o diálogo, com a sociedade e com o próprio Presidente Lula, permitirá a tomada de decisão que fortaleça a democracia e sinalize para a institucionalização de um modelo transparente.

Assim, permaneceremos na defesa da lista tríplice, pois ela atende de forma eficaz ao comando constitucional que trata o MPF como instituição de Estado, e não de governo.

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