Americanas: deputado acusa ex-presidente da CPI de corrupção

O deputado federal João Carlos Bacelar (PL-BA) acusou o ex-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Americanas, deputado federal Gustinho Ribeiro (Rep-SE), de “enriquecer através da atuação na comissão”. Em entrevista à rádio do Sergipe Jornal FM, Bacelar associou a compra de um cavalo de R$1 milhão feita por Ribeiro a ações do parlamentar na CPI.

Bacelar que também era membro do colegiado, afirmou que Ribeiro“agiu de maneira suspeita para proteger os controladores das Lojas Americanas” e que o suposto esquema envolveu escritórios de advocacia.

O parlamentar defendeu ainda, a criação de uma “CPI da CPI” para investigar as suspeitas, e também desafiou Ribeiro a um confronto público em Aracaju ou em Lagarto, reduto eleitoral de Gustinho, para discutir as acusações.

“A maneira suspeita como o deputado Gustinho conduziu a CPI será revelada”, afirmou Bacelar.

Após falar sobre a suposta conduta de Ribeiro na CPI, o deputado baiano associou a compra do cavalo à atuação do parlamentar na comissão, e afirmou que recebeu “um vídeo há cerca de 15 dias” mostrando um indivíduo comprando um cavalo por 1 milhão de reais e pensou que era notícia falsa.

“Recebi um filme tem uns 15 dias e pensei que era fake news: um cidadão que teria coragem de comprar um cavalo de 1 milhão de reais. Mas eu procurei me informar por alguns colegas, e o próprio Gustinho confirmou para mim que adquiriu o cavalo por 1 milhão de reais, num consórcio aí (com) 50 parcelas de 20 mil reais, 19 mil e tantos, quase 20 mil reais. É um absurdo comprar um cavalo por 1 milhão de reais. Por coincidência, foi logo depois que a CPI acabou. Ele deve ser um grande empresário em Sergipe, não é? Deve ter uma declaração de renda grande, suponho que ele deva ser um grande empresário aí de Sergipe para poder comprar um cavalo de 1 milhão de reais. (…) É muita coincidência ele comprar um cavalo de 1 milhão logo após acabar a CPI”, declarou.

Ribeiro rebateu às acusações sugerindo que foi Bacelar quem “extorquiu os empresários envolvidos na investigação”. O deputado também confirmou que comprou cotas de um cavalo há cerca de dois meses, mas disse que a compra faz parte de “suas atividades comerciais” no setor agropecuário.

“Em relação ao meu patrimônio, tudo o que adquiri está declarado à Receita Federal. Eu trabalho no segmento do agronegócio toda a minha vida, eu e minha família, e a compra de cavalos é algo rotineiro no meu dia a dia porque trabalho com isso. É minha principal atividade comercial”, disse Gustinho Ribeiro ao Metrópoles.

O parlamentar afirmou que Bacelar é conhecido por “práticas de extorsão e chantagem”. Ele afirmou ainda que, a maioria dos membros do colegiado não concordou em transformar a CPI na situação que Bacelar queria praticar.

A comissão foi criada para investigar indícios de fraudes de mais de R$20 bilhões nas Lojas Americanas e terminou em setembro sem culpar ninguém.

O relatório final da CPI, elaborado pelo deputado Carlos Chiodini (MDB-SC), indicava que as provas apontavam para o possível envolvimento de pessoas que faziam parte da diretoria da empresa. No entanto, ressaltava que as evidências coletadas até então não eram suficientes para formar um julgamento seguro o suficiente para atribuir a autoria e fundamentar qualquer indiciamento.