Abuso eleitoral da fome 

Senador que denunciou abusos cobra cassação de governador de Alagoas

Rodrigo Cunha acusou Paulo Dantas de explorar fome para se reeleito em 2022, e cobra que TRE decida por cassação, como ocorreu em Roraima

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Governador de Alagoas, Paulo Dantas, foi denunciado à Justiça Eleitoral pelo senador Rodrigo Cunha (Fotos: Edson Ferreira/Agência Alagoas e Instagram)

Quase dois anos após denunciar distribuições de cestas básicas turbinadas em 84% no ano eleitoral de 2022, o senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL), celebrou o pedido do Ministério Público Eleitoral pela cassação do mandato do governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), por abuso de poder político e econômico. Derrotado para Dantas no 2º turno, Rodrigo cobra que a Justiça Eleitoral reproduza, em Alagoas, a decisão que concluiu pela cassação do mandato do governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), em caso similar ao de Paulo Dantas.

Afilhado político do ministro dos Transportes e senador Renan Filho (MDB), o governador alagoano voltou a ser acusado por Rodrigo Cunha de ter criado um programa social “fajuto e de caráter eleitoreiro”.

No vídeo em que celebra o parecer do MP Eleitoral, o senador do Podemos cita reportagem do Diário do Poder, que expôs que o abandono das doações de alimentos em Alagoas, em 2023, foi tratado pela Procuradoria Eleitoral como uma das evidências de que houve exploração eleitoreira da pobreza dos alagoanos, para eleger ilegalmente Paulo Dantas.

“Durante a disputa, o governador Paulo Dantas utilizou a máquina pública e criou um programa fajuto, de distribuição de cestas básicas, às vésperas da eleição. O programa era tão fajuto, que acabou logo após a eleição, demonstrando seu caráter eleitoreiro”, disse o senador do Podemos.

Cestas básicas distribuídas pelo governo de Alagoas. Foto: Agência Alagoas/Arquivo

‘Cruealdade’

Rodrigo Cunha ressalta que a suspensão da distribuição dos alimentos, em 2023, para eleitores do Estado reconhecido em 2022 como campeão nacional da fome evidenciaria o patamar de crueldade de seu rival.

Os dados são de estudo da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (PENSSAN), que constatou, em 2022, que 36,7% das famílias alagoanas enfrentavam algum nível de falta de alimentos e passavam fome, no Estado governado por Renan Filho (MDB) desde janeiro de 2015 até abril daquele ano eleitoral.

“Imagina o nível de crueldade que alguém pode ter, ao usar o sofrimento da fome para obter votos e se manter no poder. Um a cada três alagoanos enfrenta a fome”, criticou o senador Rodrigo, ao citar outra matéria do Diário do Poder, para lembrar que foi ele que ingressou com a ação de investigação eleitoral pedindo a cassação não apenas de Paulo Dantas, mas também de seu vice Ronaldo Lessa (PDT) e do senador Renan Filho, hoje licenciado.

‘E aqui, quando será?’ 

O senador do Podemos questiona quando a Justiça Eleitoral terá o mesmo rigor do Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR), que cassou três vezes o governador Antonio Denarium, que segue no cargo, à espera de julgamento de recurso que apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em fevereiro, o MP Eleitoral deu parecer pela rejeição do recurso e manutenção da cassação do chefe do Executivo de Roraima.

“Espero, sinceramente, que essa decisão seja breve. Em outro estado, a Justiça já cassou o governador [Denarium] pela mesma prática. E, aqui em Alagoas, quando será?”, cobra Rodrigo Cunha.

No parecer apresentado nesta semana, ao TRE de Alagoas, o procurador do MP Eleitoral, Antonio Henrique de Amorim Cadete, concluiu ser evidente o impacto do programa social de distribuição das cestas básicas na normalidade e legitimidade da eleição de 2022, que teve quebrada a isonomia entre os concorrentes, Paulo Dantas e Rodrigo Cunha.

A defesa do governador Paulo Dantas emitiu nota, em março de 2023, em que alegou que “já comprovou na Justiça que a acusação, originária de denúncia da coligação que não aceita o resultado das urnas em 2022, não se sustenta”.

Assista ao vídeo em que Rodrigo Cunha cobra a cassação de Paulo Dantas:

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