Guardião da memória

Morre Vladimir Carvalho aos 89 anos, eternizado no cinema nacional

Jornalista paraibano radicado em Brasília foi eternizado como guardião da memória cinematográfica do Brasil e de Brasília

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Vladimir Carvalho é referência da memória cinematográfica brasiliense e brasileira (Foto: Reprodução/TV Brasil)

O jornalista e cineasta Vladimir Carvalho morreu na manhã desta quinta-feira (24), em Brasília, vítima de infarto aos 89 anos de idade. Documentarista de renome nacional, o paraibano radicado no Distrito Federal estava internado em decorrência da paralisação do funcionamento dos rins e era submetido a tratamento de hemodiálise.

Com uma trajetória de mais de meio século fomentando o cenário cinematográfico brasiliense e brasileiro, Vladimir Carvalho teve sua obra celebrada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no mês passado, com a entrega do diagnóstico do acervo do cineasta e documentarista, em cerimônia realizada em Brasília (DF).

O trabalho de catalogação e análise da vasta coleção foi feito em parceria entre o Iphan e a Universidade Federal do Tocantins (UFT), ressaltando a importância da carreira de Carvalho para o cinema nacional. Tal acervo atualmente se encontra no Cinememória de Brasília. 

Trajetória e legado

Vladimir Carvalho nasceu em Itabaiana, na Paraíba, em 1935. Iniciou sua carreira escrevendo críticas para os jornais A União e Correio da Paraíba.

Com João Ramiro e produz, em 1962, seu primeiro filme, Os Romeiros da Guia, um curta-metragem em preto e branco, filmado com uma câmera de 35 mm. Em 1964, Vladimir é convidado por Eduardo Coutinho, para ser seus assistente de direção do seu filme Cabra Marcado para Morrer (1964/1984), que chegou a ser interrompido pelo golpe militar de abril de 1964, período da ditadura que obrigou a dupla viver na clandestinidade.

Vladimir Carvalho nasceu em Itabaiana (PB) e tem vasta produção de documentários sobre política e história do Brasil. (Foto: Mila Petrillo/Divulgação)

No Rio de Janeiro, conheceu Arnaldo Jabor de quem foi assistente de direção no documentário Opinião Pública (1966), sobre a juventude da classe média carioca em tempos de regime totalitário. Em 1967, durante o Festival de Brasília, foi convidado pelo fotógrafo Fernando Duarte para continuar em Brasília e realizar o projeto do núcleo de produção de documentários do Centro-Oeste pela Universidade de Brasília (UNB), da qual se tornou professor até seus últimos anos.

A obra cinematográfica de Vladimir Carvalho é constituída por documentários que totalizam 23 títulos e vários prêmios. O cineasta fundou, em Brasília, a Associação Brasileira de Documentaristas e em 1994 cria a Fundação Cinememória, que abriga todo o seu acervo. (Com informações da FGV CPDoc)

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