Ministro quer apressar limites para polícias, após PRF balear jovem no RJ
Lewandowski reage à abordagem violenta e a críticas ao decreto de Lula para regular uso de armas pelas polícias
A ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que baleou na cabeça Juliana Leite Rangel, de 26 anos, na véspera do Natal, motivou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, a mobilizar estratégia para agilizar a regulação do decreto do presidente Lula (PT) para limitar o uso de armas de fogo pelas polícias no Brasil. O ministro reagiu a críticas à iniciativa considerada por governadores uma intervenção nas polícias estaduais e um “presente de Natal” para criminosos. E cobrou que as forças federais devem dar exemplo às demais polícias.
A ocorrência violência na esfera federal da segurança pública levou o ministro a sinalizar que pretende “cortar na própria carne”, não apenas direcionar às polícias estaduais o maior rigor sugerido pelo governo Lula contra o uso indiscriminado de armas de fogo por agentes de segurança.
Além de usar a abordagem violenta para sinalizar estar empenhando esforços para apurar responsabilidades e evitar novos casos de inocentes baleados, o ministro e o governo federal quer agilizar aprovação da também criticada proposta de emenda constitucional (PEC) da Segurança Pública no Congresso Nacional.
A fala de Lewandowski, aliada à decisão da direção da PRF de afastar preventivamente das ruas os três policiais que atiraram por engano no carro em que a jovem estava com o pai, em Duque de Caxias, reitera a ideia do governo de Lula de que o combate a criminosos não pode liberar as forças policiais para cometer crimes. Posição que é contraponto da esquerda ao recurso de “excludente de ilicitude” pleiteada pela direita para policiais, sem sucesso, no governo de Jair Bolsonaro (PL).
“A polícia não pode combater a criminalidade cometendo crimes. As polícias federais precisam dar o exemplo às demais polícias. O lamentável incidente ocorrido nesta terça-feira (24), no Rio de Janeiro, demonstra a importância de uma normativa federal que padronize o uso da força pelas polícias em todo o país”, argumentou Lewandowski, ao lamentar o ocorrido e se solidarizar com a vítima e seus familiares.
Juliana Leite Rangel está internada em estado gravíssimo, após ser baleada pela Polícia Rodoviária Federal, na noite desta terça-feira (24), na rodovia Washington Luís (BR-040), na Baixada Fluminense. Seu pai, que dirigia o carro, disse que não esperava ser alvo de tiros da PRF, cujos policiais disseram ter confundido o veículo com outro usado por criminosos.
O Ministério Público Federal (MPF) investiga o caso como tentativa de homicídio. E a Polícia Federal também instaurou inquérito, paralelamente à investigação interna da própria PRF.