Crimes por ouro Pará

Garimpo destruiu R$ 20 bi e ameaçou maior ‘linhão’ de energia do mundo

PF prendeu fazendeiro em combate extração ilegal de ouro e crimes ambientais, onde passa linhão de energia Xingu-Rio, entre Norte e Sudeste

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Garimpos na região quadruplicaram entre 2010 e 2020. Foto: Divulgação PF

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (8) a Operação Boi de Ouro, que prendeu um fazendeiro e realizou nove buscas por provas de crimes ligados à extração ilegal de ouro e crimes ambientais conexos no Pará. O garimpo ilegal causou danos ambientais de R$ 20 bilhões. E ameaçava o abastecimento de energia do estado do Rio de Janeiro, na região mais desenvolvida do Brasil, o Sudeste.

A devastação promovida pelos crimes cometidos em uma fazenda entre Marabá e Curionópolis, por onde passa a linha de transmissão Xingu-Rio, ameaçava o maior “linhão” do mundo, que leva energia para cerca de 20 milhões de pessoas. A energia gerada em Belo Monte, desde Anapú, no Pará, é levada pelo linhão Xingu-Rio até Paracambi, no Rio de Janeiro, sendo responsável por cerca de 40% do abastecimento elétrico do estado do Sudeste.

A Justiça Federal mandou sequestrar bens e valores em R$ 161 milhões, além da inalienabilidade da fazenda, avaliada em R$ 200 milhões. E policiais federais cumpriram o mandado de prisão preventiva e nove mandados de busca e apreensão nos municípios paraenses de Curionópolis e Marabá] e ainda em Goiânia(GO).

Os envolvidos devem responder pelos crimes de usurpação de bens da união, crimes ambientais e associação criminosa.

Policiais federais prenderam grande pecuarista acusado de garimpo ilegal em fazenda do Pará. Foto: Divulgação PF

Pecuarista preso

A PF informou que o proprietário da fazenda preso na operação é um grande empresário pecuarista, que não tem permissão de lavra garimpeira ou concessão de lavra, emitida pela Agência Nacional de Mineração (AMN) e que também não dispõe das licenças ambientais.

E a investigação identificou movimentações financeiras do suspeito apontam a existência de intermediários na venda do ouro extraído ilegalmente. O empresário buscou apagar evidências de crimes ambientais e, portanto, sua liberdade coloca em risco a obtenção de provas e a persecução penal, afirma PF.

Riscos à energia e à natureza

Moradores das proximidades da fazenda e informação da empresa Xingu-Rio denunciaram os crimes. Durante a fiscalização das 4.448 torres de energia, a empresa percebeu que a extração de ouro se aproximava da linha de transmissão.

Em setembro de 2022, foi deflagrada a primeira fase da operação, denominada Saturnus, ocasião em que foi cumprido mandado de busca e apreensão na fazenda e inutilização de três pás carregadeira.

Cálculo dos prejuízos ambientais

O dano ambiental causado devido à extração ilegal de minério é estimado em R$ 20 bilhões, valor mensurado a partir da vastidão da área de extração ilegal, desmatamento, escavações, gravíssima contaminação do sono, assoreamento e contaminação do rio próximo a propriedade com mercúrio e outras substâncias.

A perícia policial realizada durante a operação deve dar estimativa mais precisa sobre o dano ambiental, que inclui a poluição do rio Sereno – afluente do rio Tocantins responsável pelo abastecimento de várias cidades. O valor leva em consideração o gasto necessário para se recompor o meio ambiente.

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