Ibama multou em R$ 2,1 milhões

Eletronuclear negou por 4 meses que Angra 1 lançou radioatividade no mar

Ibama emitiu multas de R$ 2,1 milhões por despejo de substâncias radioativas em setembro de 2022

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Angra 1 despejou no mar 90 litros de água com substâncias radioativa e escondeu incidente do Ibama. Foto: Maurício de Almeida/TV Brasil

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou hoje (24) que a Eletronuclear demorou quatro meses para admitir que Angra 1 despejou no mar substâncias radioativas da usina nuclear.

O Ibama afirma que recebeu denúncia anônima sobre o incidente ocorrido em 16 de setembro de 2022. Mas a estatal responsável pelas usinas de Angra 1 e 2 só reconheceu o lançamento de radioatividade no mar em janeiro deste ano de 2023.

Ao tomar conhecimento do caso, em 29 de setembro, o Ibama imediatamente comunicou o ocorrido à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). E enviou equipe à usina, no dia seguinte.

Mas o representante de Angra 1 negou que tivesse ocorrido vazamento. Em 7 de outubro, a Eletronuclear voltou a negar ao Ibama o ocorrido, por meio de uma carta. E o reconhecimento oficial da Eletronuclear da ocorrência junto ao Ibama só ocorreu em 30 de janeiro deste ano.

No fim de janeiro, o Ibama decidiu emitir dois autos de infração contra a Eletronuclear, no valor total de R$ 2,1 milhões, porque a empresa não comunicou o incidente imediatamente após o ocorrido, como determina a Licença de Operação da empresa.

Radioatividade baixa

A Eletronuclear informou que foram despejados 90 litros de água contendo substâncias de “baixo teor radioativo”. Mas o Ibama informa que “estuda medidas adicionais para evitar que episódios semelhantes voltem a ocorrer”.

“Como os valores estavam muito abaixo dos limites da legislação que caracterizam a ocorrência de um acidente, a empresa tratou o evento como incidente operacional interno e informou o assunto nos relatórios regulares enviados às autoridades competentes”, disse a nota da estatal.

A nota informa ainda que fez análises de amostras da água do mar e de sedimentos marinhos, por conta própria e a pedido do Ibama, e encontrou radionuclídeos provenientes da usina em sedimentos marinhos.

“Foram encontrados dois elementos com uma atividade radiológica baixa, fato que foi devidamente informado aos órgãos fiscalizadores. Para se ter ideia, o valor verificado foi bem menor do que o recebido por um indivíduo submetido a uma radiografia de tórax e cerca de 1.000 vezes menor que a exposição anual proveniente da radiação natural, presente no nosso dia a dia.”

De acordo com a Eletronuclear, como o valor é também menos de 2% do limite de dose estabelecida pelas normas da Cnen, a estatal concluiu não ter havido impacto radiológico para o meio ambiente.

A estatal informou ainda que vai recorrer da multa junto ao Ibama, já que alega ter cumprido o que determina a legislação.

“A diretoria executiva da Eletronuclear, empossada após os acontecimentos, ressalta que abriu processo interno para apurar se houve alguma falha nas comunicações e está tomando as providências para que, daqui para frente, todos os eventos sejam divulgados com ampla transparência e publicidade”, conclui a nota. (Com informações da Agência Brasil)

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