Deltan ironiza Dino por delação no caso Marielle: ‘É prova?’
Ex-coordenador da Lava Jato provoca ministro e secretário nacional da Justiça por fazer operação com base em delação que condenavam
O ex-coordenador da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol (Podemos-PR), ironizou o ministro da Justiça, Flávio Dino, e seu secretário Nacional de Justiça, Augusto de Arruda Botelho, por tomarem por base uma delação premiada para deflagrar, hoje (24), a Operação Élpis, e investigar assassinos da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes.
O ex-deputado federal cassado lembrou das críticas dos petistas ao instituto da delação premiada que levou o presidente Lula (PT) a ser preso por crimes investigados na Lava Jato. E provocou os integrantes do Ministério da Justiçla, a Procuradoria-Geral da República (PGR), o Supremo Tribunal Federal (STF) e até o ministro Gilmar Mendes.
“Delação agora é prova? Até ontem, o PGR tava desdenunciando e o STF tava desrecebendo denúncias adoidado contra corruptos sob o fundamento de que apenas a delação não é suficiente. Alguma lei deve ter mudado… Ou o que mudou foi a capa dos autos?”, criticou Deltan Dallagnol, no Twitter.
Na delação premiada utilizada para a Operação Élpis, o ex-policial militar Élcio Queiroz admitiu a própria culpa no caso Marielle e detalhou a participação do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, preso hoje, bem como do ex-policial militar Ronnie Lessa e de outras pessoas, no atentado a tiros que até hoje não teve mandante identificado.
“Assistam à mágica acontecer: agora delação premiada se tornará a coisa mais maravilhosa do mundo, capaz de resolver todos os problemas do Brasil. A esquerda, os garantistas de ocasião e os prerrogativistas todos festejerão o que até ontem eles criticavam na Lava Jato. Hipócritas”, condena o ex-chefe da Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF).
Deltan Dallagnol lembra que o delator Élcio Queiroz está preso preventivamente desde março de 2019, há mais de 1.500 dias. E questiona: “Cadê o ministro Gilmar Mendes, os advogados do ‘prerrô’ e os jornalistas que criticavam as prisões alongadas de Curitiba? O problema era a Lava Jato, né?”, provoca, citando a operação que mirava poderosos da República envolvidos no esquema bilionário de corrupção.
Arruda Botelho é lembrado por Deltan Dellagnol pelo seu posicionamento como advogado de empreiteiras, que chegou a publicar artigo na Folha, defendendo o fim da delação premiada. “Relembrar é sofrer”, conclui, na publicação que remete ao texto do agora secretário Nacional de Justiça.