Fomento à militância

CPI investiga gasto milionário com sem-terra no governo de Alagoas

Dirigentes do Iteral foram intimados a esclarecer contratos suspeitos como o de R$6 milhões no aluguel de ônibus

acessibilidade:
Deputados Ricardo Salles e Fábio Costa com documentação que comprova financiamento público dos movimentos de sem-terra, em Alagoas. Foto: Divulgação

A Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o Movimento dos Trabalhadores sem Terra (CPI do MST) aprovou a investigação de gastos milionários do governo de Alagoas com manifestações e mobilizações políticas de movimentos de luta pela reforma agrária no estado. E convocou para depor o diretor-presidente do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), Jaime Messias Silva, e de José Rodrigo Marques Quaresma, que foi gerente executivo administrativo do mesmo órgão, à época em que iniciaram contratos investigados.

O avanço das investigações é resultado da diligência da CPI do MST realizada em 11 de agosto, no Iteral, quando obtiveram documentos que comprovam que o governo estadual financia alimentação, aquisição de lonas e aluguéis de ônibus para movimentos sociais realizarem seus atos no território alagoano. Sendo o contrato mais vultoso um que resultou na destinação de cerca de R$ 6 milhões a uma única empresa de locação de ônibus, sem licitação, ainda no governo do senador licenciado e ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB).

O deputado federal Fabio Costa (PP-AL) foi o membro da CPI do MST apresentou os requerimentos de convocação dos dirigentes do Iteral e ressalta a importância de esclarecer suas suspeitas de desvios de recursos públicos para financiar atos do MST e as ligações políticas dos manifestantes com o Estado. E quer debater a responsabilização dos gestores estaduais pelo uso impróprio de dinheiro público para o movimento que classifica como  fomentador de atividades criminosas no campo, que têm causado intranquilidade e insegurança no meio rural.

“Não podemos permitir que recursos destinados ao desenvolvimento e ao bem-estar da sociedade sejam canalizados para práticas ilícitas que prejudicam a ordem e a segurança em nosso país”, afirma Fabio Costa.

O Diário do Poder buscou respostas do diretor-presidente do Iteral, Jaime Messias Silva, sobre as convocações e suspeitas. E tenta obter posicionamento do Governo de alagoas e de José Rodrigo Marques Quaresma. Sem respostas até a última atualização desta matéria.

Provas de despesas

Após a diligência de agosto, a CPI do MST divulgou parte dos processos do Iteral que financiam atos de acampamentos e mobilizações, em Maceió e em municípios do interior de movimentos como a Frente Nacional de Lutas Campo e Cidade (FNL) e Via do Trabalho, além do próprio MST, ocorridos entre 2017 e 2020, e continuado no governo do afilhado político de Renan Filho, o governador Paulo Dantas (MDB).

Entre os gastos flagrados pela CPI do MST, financiados pela população do estado campeão nacional da fome, estão:

– R$ 8.351,85 da compra de alimentos, entre eles 60 kg de charque, 30 kg de mortadela, 40 kg de frango, entre outros itens para alimentar famílias levadas a Maceió, em janeiro de 2018;

– R$ 19.950,00 da compra de 25 rolos de lona plástica preta para montagem de acampamento na Praça dos Martírios, diante da sede histórica do governo de Alagoas;

– R$ 2.799,84 do aluguel de dois ônibus para levar de volta a acampamentos famílias que ocupavam a Praça Sinimbu, em Maceió, em abril de 2018;

– Além de um pedido da FNL para o Iteral pagar o aluguel de quatro ônibus para manifestação partindo de acampamentos no interior de Alagoas para Maceió, e retornando em seguida, em março de 2020.

Processos liberam recursos do Estado de Alagoas para atos de movimentos de sem-terra. Foto: Reprodução

 

 

Reportar Erro