Aval à autocracia

Brasil na posse de ditador é ‘ritual democrático’, para governo Lula

'Assessor especial' do presidente petista explicou diplomata na cerimônia que tenta legitimar autoritarismo de Maduro na Venezuela

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Lula e seu amigão, o ditador venezuelano Nicolás Maduro (Foto: Ricardo Stuckert)

Dois dias após “abraçar a democracia” em ato político-partidário contra os ataques que ameaçaram o resultado das urnas brasileiras, o Brasil governado pelo presidente Lula (PT) decidiu prestigiar, nesta sexta (10), a cerimônia que tenta legitimar o autoritarismo do regime do ditador Nicolás Maduro, na Venezuela. A nova relativização da democracia ocorre sob a alegação de que o Brasil “cumpre o ritual diplomático de relação entre Estados”.

A desculpa para o gesto de adesão do governo Lula à ditadura de esquerda foi dada à CNN Brasil pelo assessor especial da presidência da República para assuntos internacionais, Celso Amorim. A manifestação lacônica foi de que “Glivânia Oliveira está em Caracas, à frente do posto” de embaixadora do Brasil, em Caracas, para cumprir tal rito.

A decisão ocorre após uma mal ensaiada denúncia de prisão da líder oposicionista Maria Corina Machado, nos atos de ontem contra Maduro, que acabou sendo divulgada pelo rival de Maduro, Edmundo González, naturalmente desmentida pelo regime autoritário e tendo versões conflitantes contestadas, sem consenso entre os próprios oposicionistas.

Lula ficou acuado entre o autocrata venezuelano e brasileiros que o pressionam para defender a democracia, após relativizar a ditadura de Maduro e ficar em cima do muro sobre o resultado nebuloso das eleições presidenciais de julho do ano passado, com atas jamais divulgadas oficialmente.

Agora, o governo petista optou por mandar uma representante hierarquicamente inferior, para sinalizar um acanhado descontentamento com a ditadura. Não enviar o chanceler Mauro Vieira, o assessor Amorim, ou ir o próprio Lula, é mais um gesto duvidoso, que sinaliza à autocracia venezuelana que as relações de Estado com o Brasil seguem preservadas.

Maduro assumirá o 3ª mandato consecutivo, após suceder, em 2013, o então presidente Hugo Chávez, do qual foi vice. O ditador que governa por decreto, com poderes especiais, tem como marca de governo a crise devastadora socioeconômica da Venezuela que ampliou a miséria e a fome, a inflação e a criminalidade.

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