Saúde

Zika infectou ao menos 500 mil neste ano e casos de microcefalia crescem 41%

O Brasil já soma 1.761 casos suspeitos de má-formação, com 19 mortes de bebês notificadas

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Apontado como responsável pelo aumento de casos de microcefalia no País, o zika vírus infectou ao menos meio milhão de brasileiros neste ano, de acordo com a estimativa mais otimista do Ministério da Saúde. Na previsão mais pessimista, foi contaminado 1,4 milhão de pessoas, segundo o Protocolo de Vigilância e Resposta à Microcefalia e ao Zika, divulgado nesta terça-feira, 8. O Brasil já soma 1.761 casos suspeitos de má-formação, com 19 mortes de bebês notificadas. Para o ministro da Saúde, Marcelo Castro, a situação é "gravíssima".

O governo federal publica, pela primeira vez, uma projeção sobre o grau de disseminação do zika pelo País. Embora ainda não existam testes em quantidade e qualidade suficientes para diagnosticá-lo e, como em 80% dos casos o paciente infectado não apresenta sintomas, o ministério fez uma projeção com base em casos descartados de dengue – as duas doenças têm sintomas semelhantes – e em referências da literatura médica internacional. O ministério chegou ao número mínimo de 497.593 casos e máximo de 1.482.701.

Por se tratar de uma doença nova em território nacional, não havia teste de sorologia específico para o zika no início da epidemia e, portanto, também não era possível, sem métodos diagnósticos, exigir das prefeituras a notificação obrigatória de todos os casos, como acontece com a dengue.

A estimativa foi feita considerando apenas os 19 Estados com circulação autóctone (interna) do vírus confirmada por laboratório. Considerando a projeção mais conservadora, São Paulo é o Estado com o maior número de casos estimados: 236 mil. Em seguida, aparecem Minas (54 mil), Paraná (42 mil), Ceará (38 mil) e Pernambuco (34 mil). O documento no qual constam as projeções também estabelece diretrizes aos profissionais de saúde e áreas técnicas para lidar com casos suspeitos e pacientes confirmados de microcefalia.

Professor de Infectologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Edimilson Migowski afirma que é bastante provável que a projeção do ministério esteja correta. "Quando verificamos que o número de casos de dengue no último verão estava muito alto no País, eu já levantava a hipótese de que alguns deles poderiam estar sendo confundidos com zika", disse ele.

"Infelizmente, temos no País todos os ingredientes para a epidemia de zika: boa parte dos municípios tem altos índices de infestação pelo Aedes aegypti e, por se tratar de uma doença nova, quase 100% da população está suscetível a ela", completou.

Segundo o especialista, com o alto número de casos estimados, é provável que o País continue assistindo a um aumento de notificações de microcefalia. (AE)

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