SETE USINAS FALINDO

Sindicalista vê 'golpe' em recuperação judicial de usinas alagoanas

Federação não crê em crise, apesar dos salários atrasados

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“Um golpe contra todos os trabalhadores”. É assim que o presidente da Federação dos Trabalhadores Assalariados Rurais de Alagoas (Fetar/AL), Cícero Domingos Oliveira, classifica o pedido de recuperação judicial feito na semana passada por sete usinas ligadas à Cooperativa Regional dos Produtores de Açúcar e Álcool de Alagoas. O processo atinge 50 mil pessoas em Alagoas.

O presidente da Fetar diz que os trabalhadores não creem na “choradeira” dos usineiros e nem foram surpreendidos com o processo similar à antiga concordata, aberto pelas usinas Sinimbu, Sumaúma, Paisa, Capricho, Seresta, Porto Rico e Porto Alegre. Ele orienta a categoria a não esperar pelos resultados da recuperação judicial e ir logo à Justiça cobrar seus direitos.

Trabalhadores assalariados já sofriam calote (Foto: Tiago Queiroz/AE)Em entrevista à Gazeta de Alagoas, Cícero Oliveira condenou a estratégia que, segundo ele, será adotada pelas usinas, muitas delas que não vinham honrando seus compromissos com os trabalhadores, atrasando salários, não recolhendo os tributos trabalhistas e descumprindo até acordos de rescisões homologados pela Justiça, na Porto Rico e na Sinimbu.

“Não concordamos com essa choradeira [dos usineiros]. Três dessas sete usinas já vinham sem moer: a Capricho, a Sinimbu e a Porto Alegre”, denunciou Oliveira, depois de afirmar que as usinas vão dispensar o pessoal mais antigo, que têm direitos a receber, e contratar gente nova para fazer o serviço; gente sem vínculo nenhum ainda, sem dinheiro a receber.

O pedido de recuperação Judicial já foi aceito pelo juiz da 4ª Vara Cível da Capital, Ayrton de Luna Tenório. E o Ministério Público Estadual destacou nove promotores para investigar e acompanhar o processo que envolve uma dívida bilionária.

O MP quer analisar minúcias como saber como foi indicado o juízo e sua competência em que está distribuída a ação; como foi indicado o administrador judicial; saber se tem pessoa física escondendo dinheiro e deixando as empresas falidas, etc.

Há um ano, fornecedores de cana já denunciavam um calote das usinas, no pagamento de R$ 250 milhões em cana fornecida nos três anos anteriores. E pediam o fim do que chamam de massacre financeiro contra a classe e as 300 mil pessoas que vêm sendo afetadas de forma direta e indireta pela dívida. (Com informações da Gazeta de Alagoas)

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