OPORTUNISMO

Senador faz uso político de tragédia das chuvas em Alagoas

Renan transforma ajuda a vítimas das chuvas em ato eleitoral

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O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) passou a fazer uso político das ações do governo de seu filho em Alagoas, desde que deixou a Presidência do Senado e se viu em decadência junto ao seu eleitorado. Após anos de distanciamento de seu eleitor em Alagoas, nessa sexta-feira (3), o senador voltou a praticar o oportunismo comum à proximidade das eleições, entregando cestas básicas distribuídas por equipes do governo de Renan Filho (PMDB) às vítimas das chuvas, no município de Viçosa-AL.

O registro fotográfico publicado pelo senador alagoano em seus perfis das redes sociais mostra o senador chegando com o prefeito de Viçosa, Davi Brandão (PDT), e outros correligionários. O Diário do Poder apurou que, na comunidade em que as imagens foram feitas, Renan demorou pouco, mas entregou cestas básicas a algumas vítimas, a quem dizia palavras de incentivo, como “Força!” e “Tudo vai ficar bem”.

Proximidade com eleitor é rara no estilo político de RenanApós as fotos, o senador deixou o local, em direção a outras comunidades da zona rural de Viçosa, e partiu em seguida para o município de Mar Vermelho, onde visitou obras do governo estadual de seu herdeiro político.

"Estive hoje na cidade de Viçosa, onde as chuvas deixaram cerca de 360 pessoas desabrigadas. Conversei com moradores e com políticos locais. Disse a eles que podem contar com o meu esforço em Brasília para ajudar nesse processo de reconstrução. Também estive em Mar Vermelho visitando obras do governo estadual", escreveu Renan, nas redes sociais.

SINTOMAS DE FRAQUEZA

A antecipação da campanha e o empenho incomum do senador junto ao seu eleitorado têm relação direta com o momento atual de desgaste político, causado pelos mais de dez inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeitas de corrupção no âmbito da Operação Lava Jato.

Levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, encomendado pelo portal Diário do Poder mostrou que, se as eleições fossem em março, as duas vagas de Alagoas no Senado da República ficariam com o deputado federal Ronaldo Lessa (PDT), que lidera com 35,3% das intenções de voto, e o ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), com 27,8% das intenções de voto. E, consequentemente, Renan Calheiros não seria reeleito, ficando em 3º lugar, com 25,1% da preferência do eleitorado.

Na capital, Maceió, a situação é pior. Antes mesmo dos novos inquéritos da Lava Jato abertos a partir da divulgação da Lista de Fachin, Renan já era sexto colocado, pontuando apenas 7,5%, perdendo as vagas para Heloísa Helena (Rede), que pontuou 20%, empatada tecnicamente com Ronaldo Lessa, que obteve 17% da preferência do eleitor, segundo o levantamento do instituto Falpe Pesquisas, encomendada por deputados estaduais alagoanos no início de abril.

O Diário do Poder não conseguiu contato com o senador nem com sua assessoria.

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