Alagoas

Renan pega carona em obras de Temer, mas desdenha de ministério

Ele diz que recusaria convite do presidente para ser ministro

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Sem ter muito o que fazer nos últimos dias como presidente do Senado, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) negou sua pretensão de assumir o Ministério da Justiça, ao pegar carona nas agendas positivas do governo de Michel Temer (PMDB) em Alagoas, ao visitar, nesta segunda-feira (16) as obras da duplicação da BR-101 à altura do município de Messias-AL e do trecho de asfaltamento da BR 316, entre o povoado Carié, em Canapi-AL, e o município de Inajá-PE, na divisa sertaneja de Alagoas com Pernambuco. A rara agenda do senador ao lado do herdeiro e governador Renan Filho (PMDB) é a primeira da pré-campanha à reeleição de ambos, utilizando obras do Governo Federal.

Na agenda com cobertura midiática mal disfarçada pela agência de notícias oficial do Governo de Alagoas, Renan parece querer recuperar a sua confiança perdida junto ao governo de Temer, enquanto tenta impedir a vitória do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) em sua sucessão à Presidência do Senado. Mesmo depois de o atual presidente medir forças com o PMDB e com os aliados de Michel Temer, tentando impor Romero Jucá (PMDB-RR) como sucessor, a ação do Governo do PMDB em seu Estado lhe serve de palanque.

De quebra, ainda tripudiou sobre Temer, ao afirmar não aceitaria o convite para ser ministro da Justiça, caso fosse convidado pelo presidente da República. "Não fui convidado para ser ministro da Justiça e não aceitaria porque não costumo ocupar os cargos que já ocupei. Só há um cargo que já ocupei que costumo ocupar que é o de presidente do Senado", disse o réu em ação penal por peculato e alvo de uma dezena de inquéritos da Operação Lava Jato.

O senador alagoano apenas mira o eleitorado local, garantindo espaço para marketing político de si mesmo para 2018, na agenda também eleitoral do herdeiro. O presidente Renan Calheiros faz gentileza com chapéu de Temer, após praticamente anular suas próprias chances de liderar o PMDB ou de presidir a poderosa Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, quando deixar o comando da Casa.

Na verdade, Renan pouco tem a ver com o espantoso avanço das obras que se arrastaram durante os governos do Partido dos Trabalhadores (PT). O atual estágio da duplicação da BR-101 e da BR-3016 foi alcançado por determinação do presidente Michel Temer. E é fruto da atuação do ministro Maurício Quintella, que se prestou ao papel de posar de coadjuvante dos Calheiros, neste início de semana.

Renan prometeu obra há oito anosPODER INÚTIL

A obra do trecho de 49 quilômetros da BR-316 vistoriada nesta segunda, nos limites entre o Sertão de Alagoas e Pernambuco, foi prometida pela primeira vez aos sertanejos alagoanos como “certeza” de ser iniciada em curto prazo, no distante ano de 2009, pelo senador Renan, quando já estava empoderado no governo do ex-presidente Lula.

Quatro anos depois, ao inaugurar um dos trechos do Canal do Sertão, em 12 de março de 2013 no município de Inhapi, a então presidente Dilma Rousseff refez a promessa e tratou a “obra” entre Carié e Inajá-PE como sendo uma “conquista política de Renan Calheiros”, que posou de poderoso aliado do PT por mais de uma década, sem evitar que Alagoas continuasse estagnada com seus péssimos indicadores sociais e econômicos.

Em novembro de 2015, já ao lado do governador Renan Filho, a presidente ativou o replay para reanunciar o início da obra. Mas o impeachment não lhe deu mais tempo para seguir com a enrolação. E no governo de Temer, a obra finalmente foi iniciada.

 

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