Ironias do senador

Renan mostra carta chamando Temer de 'mordomo de filme de terror'

Senador tenta divertir governistas ridicularizando o vice

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O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), cogitou enviar uma carta ao vice-presidente Michel Temer depois que os dois trocaram farpas, nessa quarta-feira, 16, em torno da decisão da Executiva Nacional do PMDB de aprovar resolução destinada a interferir em filiações ao partido.

Renan levou um esboço de seus escritos e pediu a opinião de colegas no plenário. Segundo relatos, ele disse que iria sugerir ao vice que, se perdesse o cargo, Temer poderia pensar em outros empregos, como "mordomo de filme de terror ou carteiro".

A referência a "carteiro" seria uma alusão à carta privada que o vice endereçou à presidente Dilma Rousseff na qual reclamava de que não tinha a confiança da petista. "Mordomo de filme de terror" foi ironia lançada contra Temer, em 1999, pelo ex-senador Antônio Carlos Magalhães, já falecido. Na época, ACM era presidente do Senado e reagiu a nota enviada pelo peemedebista, então presidente da Câmara.

"Não envie carta alguma, o senhor não deve se rebaixar", aconselhou um senador petista a Renan ainda nessa quarta, no plenário. As considerações não foram suficientes e o presidente do Senado resolveu consultar outros colegas no jantar de Natal oferecido por ele na residência oficial.

Bem-humorado, Renan se uniu a uma roda de senadores de oposição e confessou o plano de escrever uma carta, sugerindo as novas qualificações de Temer. Os senadores se divertiram com a possibilidade, mas recomendaram temperança. "Escreve, dorme e amanhã o senhor avalia se deve enviar", sugeriram.

Alguns parlamentares, no entanto, levantaram a hipótese de que Renan não enviaria a carta. Mostrando seus escritos de roda em roda durante o jantar, ele já faria com que o recado chegasse facilmente a Temer, sem precisar mandar selar o envelope.

O vice-presidente não foi convidado para a festa. "Se foi, já foi desconvidado", suspeitou um tucano. Outro avaliou que o jantar é para o Senado e que, nos últimos anos, também não contou com o vice.

Temer e Renan trocaram críticas, nessa quarta-feira, após a Executiva decidir que a direção nacional do PMDB, sob comando do vice-presidente, dará a palavra final em filiações partidárias. O objetivo seria impedir a entrada de nomes pró-governo suficientes para reverter a troca do líder do PMDB na Câmara.

O presidente do Senado, que é presidente do diretório estadual do partido em Alagoas, chamou a medida de "retrocesso" e "um horror". Em resposta, Temer disse que "o PMDB não tem dono e nem coronéis".

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