Justiça expõe política

Renan evidencia drama pessoal ao elogiar Lula e criticar Justiça

Culpar o Judiciário é sintoma da iminente derrocada de Renan

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O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) demonstrou, nesta terça-feira (18), que está mesmo focado na estratégia de exercer retórica populista para tentar minimizar o desgaste político que ameaça sua reeleição, em Alagoas, ao elogiar o apenado ex-presidente Lula, quando pegava mais uma carona na agenda do governador e seu herdeiro político, Renan Filho (PMDB), na entrega de ambulâncias, em Maceió. Mas o discurso é inevitável, diante do cerco em que enfraquecido senador alagoano se encontra.

Com mais de uma dezena de inquéritos resultantes da Operação Lava Jato, o senador réu da ação penal em que a Procuradoria Geral da República (PGR) o acusa de crime de peculato criticou a atuação do Poder judiciário, que tem condenado dezenas de corruptos das esferas mais altas do poder público do Brasil. A declaração ocorre justamente no momento em que um acordo entre o Brasil e o Panamá possibilitou a localização de contas secretas de um acusado de ser um dos principais operadores de Renan.

Renan critica Justiça pelos riscos que corre (Foto: Márcio Ferreira/Agência Alagoas)Antes mesmo de ser questionado sobre a suposta visita do ex-presidente Lula a Alagoas, o senador considerou ser este o pior momento da política nacional, porque “a política está muito exposta” pelo que o jornal El País chamou de “supremacia do Judiciário”, que na opinião de Renan, não é bom, porque “desequilibra a relação entre as instituições”.

O senador alagoano defendeu que o triplex no Guarujá não era do ex-presidente Lula, mas que testemunhas apenas diziam que o imóvel estava sendo preparado para ele. “Você condenar e tentar tirar do processo eleitoral uma pessoa com a representatividade do Lula é muito ruim. Na democracia, o povo é quem julga. Você não pode atravessar um processo judicial para impedir que as pessoas participem do processo”

Renan ainda criticou o financiamento público de campanha, ao defender uma mudança radical para “esvaziar a política” que ele diz existir entre os poderes e instituições. E aproveitou para também criticar o presidente Michel Temer e sua agenda de reformas. E disse que boa era a sua malfadada “Agenda Brasil”, criada para justificar a retomada de sua aliança com a presidente cassada Dilma Rousseff, em 2015, antes de se aliar a Temer para assegurar o impeachment.

A retórica adotada pelo senador alagoano, em si, talvez digam mais sobre os riscos que ele corre, do que sobre o que realmente ele defendeu para o Brasil e para Alagoas, ao longo de sua extensa carreira de muita conquista de poder, com quatro eleições vencidas para a Presidência do Senado, e muito poucas mudanças efetivas na qualidade de vida de seus eleitores alagoanos, que já o rejeitam nas pesquisas de intenção de voto, desde o início do ano.

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