ABRAÇO DE AFOGADOS

PT de Alagoas quer bênção de Lula para voltar a ser servo de Renan

Por 50 boquinhas, PT alagoano perdoa Renan por 'golpear' Dilma

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Como o leitor do Diário do Poder soube primeiro em fevereiro deste ano, o Partido dos Trabalhadores de Alagoas resolveu finalmente expor a operação deflagrada para garantir mais de 50 boquinhas perdidas no governo de Renan Filho (PMDB), em setembro de 2016, por causa de um “contundente rompimento ideológico” com o PMDB de Alagoas. O presidente estadual dos petistas alagoanos, Ricardo Barbosa, oficializará, nesta terça-feira (10), na sede do Instituto Lula, em São Paulo, a abertura oficial de um recuo que ambos os partidos tratam como estratégico.

Ambos os partidos rendem-se instintivamente a um abraço de afogados entre Lula, o primeiro ex-presidente da República condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, e Renan Calheiros (PMDB-AL), o ex-presidente do Senado alvo de 17 inquéritos no Supremo Tribunal Federal, treze deles decorrentes da Operação Lava Jato.

Em agosto, Renan acolheu Lula em Penedo (Felipe Brasil/Gazetaweb)A pedido do presidente de seu partido, Ricardo Barbosa, Lula deve evocar seus poderes no cargo de “presidente de honra” do PT, para abençoar a nada honrosa aliança com o PMDB que, há cerca de um ano, foi chamado de “golpista”, por patrocinar o impeachment da ex-presidente petista Dilma Rousseff, com o voto do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) em sintonia com o seu então aliado político Michel Temer (PMDB).

“O senador Renan Calheiros adotou a política anti-Temer que hoje é uma de nossas bandeiras de luta e tem se colocado em defesa dos direitos dos trabalhadores. Acho que podemos construir uma frente, por isto estamos conversando. Tudo vai depender desta reunião com Lula”, disse Ricardo Barbosa, ao jornalista Arnaldo Ferreira, da Gazetaweb.

NÃO MUDOU NADA

Paulão negava aproximação com Renan Filho (Foto: Divulgação)Após ser candidato a prefeito de Maceió, em 2016, com discurso contra o PMDB de Temer, mas mantendo cargos no governo de Renan Filho, o ex-presidente do PT de Alagoas, deputado federal Paulão, negou a articulação de volta à aliança com Renan. Mas o Diário do Poder publicou que líderes petistas já visitavam os gabinetes do governo de Renan Filho, após terem frustrada uma “fuga” planejada para novos espaços nas prefeituras como de Arapiraca e Maragogi, onde seus aliados foram derrotados.

Quando o PT voltar a andar de mãos dadas com o PMDB de Renan, reassumirão o já tradicional papel de servidão ao PMDB, em 2018, apoiando a reeleição do senador Renan Calheiros e de seu filho governador. 

Realmente, o PT Lula não tem outra saída, em Alagoas, após eleger somente dois prefeitos de pequenos municípios sertanejos de Alagoas – Inhapi e Olho d’Água do Casado. E, na capital alagoana, nem mesmo outros partidos de esquerda admitem aproximação com petistas.

Com novas alianças sendo costuradas pelo governador Renan Filho, o PT de Alagoas vê em Lula sua única chance de barganhar espaço político para sobreviver a 2018.

Se pudesse, certamente, o governo alagoano do PMDB seria generoso com o PT de Lula. Mas os lotes mais cobiçados na folha de pagamento do Estado já estão sendo ocupados pelos novos aliados como o PDT. Mas com um PT cada vez menor em diversos aspectos, caberá em um canto improdutivo qualquer, com uma reforçada muleta para a “militância combativa”.

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