CONTRA ANIQUILAÇÃO

PT de Alagoas diz abraçar Renan em nome do 'projeto Lula 2018'

Só petistas históricos veem união com PMDB como 'desastrosa'

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Depois de ser alvo de críticas de petistas que condenam a reconciliação do Partido dos Trabalhadores com o governo de Renan Filho (PMDB), a Executiva Regional do PT de Alagoas justificou que decidiu, nesta terça-feira (31), recompor a base política do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) em Alagoas, “em nome do projeto Lula 2018”.

A justificativa para a aliança foi de que, para não ser aniquilado em 2018, o Lula condenado por corrupção e lavagem de dinheiro precisa da ajuda do Renan Calheiros alvo de mais de uma dezena de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF). E foi dada por meio de nota assinada pelo presidente estadual do PT, Ricardo Barbosa. Para ele, a caravana eleitoral de Lula não começou por acaso em seu Estado.

A posição do PT de Alagoas foi uma resposta ao manifesto publicado por quase 100 militantes históricos, na última quinta-feira (26), no qual criticaram o que chamaram de “proposta desastrosa” de reaproximação do PT com o PMDB, desde o “contundente rompimento ideológico” ocorrido em setembro de 2016, quando petistas chamavam Renan e seu filho de aliados do “golpe” que derrubou Dilma Rousseff do Planalto e conduziu Michel Temer à Presidência da República.

“Em Alagoas, uma das maiores expressões do PMDB nacional, senador Renan Calheiros, vem se postando publicamente contra Temer e suas reformas e em defesa aberta de Lula. Tal qual o senador, o Governo do Estado vem assumindo a mesma oposição e postura de aproximação ao projeto do PT para 2018, inclusive acenando claramente para que o Partido ocupe espaços dentro de sua estrutura. […]Estamos em uma disputa encarniçada de projeto político e programático cujo seus maiores representantes, Lula e o PT, correm grande risco de serem aniquilados e, junto com eles, todas as esperanças do povo brasileiro que um dia aprendeu que pode sim ser feliz”, diz a nota da Executiva do PT em Alagoas.

LONGE DAS BASES

PT autorizou negociação com PMDB de Renan em Alagoas (Youtube)No manifesto do fim de semana passado, os petistas históricos disseram estar surpresos com a reaproximação do PT com o PMDB, porque o rompimento foi decidido por mais de 300 militantes, após “o voto de Renan no golpe”. Para eles, o PT, junto dos Calheiros, a fasta o partido de suas bases sociais e é uma posição completamente contraditória àquela aprovada no 6° Congresso Nacional do PT, sua instância máxima, que rechaçou alianças eleitorais com “golpistas”.

“As atitudes concretas do governo Renan Filho (PMDB) contra a base social que o PT pretende representar (trabalhadores do campo e da cidade; movimentos sociais e populares), o desmonte dos serviços públicos e da Casal, o genocídio contra a juventude da periferia, estão aí a indicar que um eventual retorno do PT ao governo Renan só trará prejuízos ao processo de reconstrução de nosso partido e o afastará de suas bases sociais”, disse o manifesto dos petistas históricos contrários à união do PT com os Calheiros.

Antes do rompimento "ideológico" com o governo Renan Filho, o PT ocupava cerca de 50 cargos que garantiam renda à militância. Enfim, Renan parece ser realmente a única saída para o PT Lula, em Alagoas, após eleger somente dois prefeitos de pequenos municípios sertanejos de Alagoas – Inhapi e Olho d’Água do Casado. E, não ter, na capital alagoana, nem mesmo outros partidos de esquerda admitem aproximação com petistas.

Com a decisão, o PT pode até alcançar o objetivo de ter "apoio eleitoral" para campanha. Mas deve conseguir mesmo é virar um apêndice do comitê calheirista, que usará a retórica petista como estratégia para salvar o próprio mandato.

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