Gatunagem no FI-FGTS

Propinas a Cunha em 5 operações seriam de ao menos R$ 15,9 milhões

Delator contou que o deputado cobrava comissões dos repasses feitos pelo FI-FGTS

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O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), teria levado ao menos R$ 15,9 milhões em propina em cinco das 12 operações do Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS) com grandes empresas, delatada pelo ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto.

Cunha é suspeito de achacar grandes empresas que buscavam financiamento do fundo. Apadrinhado de Cunha na Caixa, Cleto também participava do esquema e recebia uma porcentagem das propinas, que ele admitiu ter somado R$ 5 milhões em uma conta na Suíça, valor que será ressarcido por Cleto como multa.

O lobista Lucio Bolonha Funaro, apontado como operador de Cunha, preso preventivamente na Operação Sépsis, deflagrada nesta sexta-feira, 1, também participava do esquema cobrando os valores das empresas e operacionalizando os pagamentos de propina. Cleto disse em sua delação que não cobrava pessoalmente propina das empresas. A tarefa caberia ao próprio Cunha ou a Funaro, que o teria apresentado ao peemedebista.

Segundo o jornal O Estado de São Paulo, a comissão de Cunha seria de ao menos 1% numa operação de R$ 940 milhões com a Eldorado, do Grupo J&F, o que equivale a R$ 9,4 milhões. A empresa é alvo de um mandado de busca e apreensão nesta sexta-feira, 1.

Na negociação de R$ 400 milhões com a Brado Logística, de acordo com Cleto, a comissão teria sido de 0,5% ou R$ 2 milhões. Outro aporte, para uma subsidiária da OAS, de R$ 386,7 milhões, teria envolvido suborno de 0,3% (R$ 1,16 milhão). O delator detalhou ainda comissão de 1% a Cunha pela emissão de R$ 250 milhões em debêntures pelo FI-FGTS, pleiteada pela OAS para obras no Corredor Raposo Tavares, em São Paulo, e na Concessionária Rota do Atlântico, em Pernambuco. O porcentual corresponde a R$ 2,5 milhões.

Outro caso envolveu suposta cobrança de 1% sobre repasse de R$ 90,5 milhões para a Empresa de Saneamento de Tocantins (Saneatins), controlada pela Odebrecht Ambiental, o que equivale a R$ 905 mil.

No entanto o delator acredita que Cunha cobrava porcentuais até maiores do que admitia nas conversas sobre o esquema.

Eduardo Cunha nega recebimento de vantagem indevida. “Desminto, como aliás já desmenti, qualquer recebimento de vantagem indevida. Se ele cometeu irregularidades, que responda por elas. Desafio qualquer um a provar a veracidade dessas delações como também qualquer vinculação, de qualquer natureza, com as contas mencionadas por esses delatores”, disse.

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