Corrupção

Propina a parlamentares é difícil de provar, diz procurador da Zelotes

Lobistas sacavam grana na boca do caixa, o que dificulta rastreamento

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O procurador da República Frederico de Carvalho Paiva, da força-tarefa responsável pela Operação Zelotes, afirmou nesta terça-feira, 26, que será “difícil” comprovar pagamento de propina de lobistas a parlamentares no suposto esquema de compra e venda de medidas provisórias.

Paiva explicou que a denúncia ajuizada na Justiça Federal em Brasília demonstrou até agora o recebimento de vantagens por ao menos dois servidores públicos: a ex-assessora da Casa Civil e ex-secretária executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex) Lytha Spíndola; e o ex-chefe do setor de Comunicação do Senado Fernando César Mesquita. Ambos negam.

O procurador afirmou que os recursos pagos por montadoras para escritórios de consultoria responsáveis pelo lobby das MPs no Congresso e na Fazenda foram retirados na boca do caixa, o que impede o rastreamento da trilha do dinheiro. Houve, segundo ele, saques de R$ 1 milhão. 

“Na medida em que você tem cash, mochila lotada de dinheiro, você não consegue rastrear mais. Parlamentar deve ter recebido, mas provar isso é muito difícil. A gente vai até um limite”, declarou o promotor. 

O procurador disse que o MPF não conseguiu aprovar diligências necessárias para comprovar o envolvimento de parlamentares porque o primeiro juiz do caso, Ricardo Leite, indeferiu os pedidos.

“O juiz Leite rejeitou alguns dos nossos pedidos. A gente não foi tão longe quanto poderia. O entendimento dele é que não pode investigar esse tipo de gente. Eu não quero criticar juiz”, afirmou. Atualmente quem comanda o processo da Zelotes é o juiz Vallisney de Souza Oliveira.

Paiva afirmou ainda que as MPs poderiam ser editadas e aprovadas sem o pagamento de propinas. Os pagamentos, reiterou, foram para acelerar a tramitação. “Houve uma graça, um azeite para a MP andar”, ressaltou.

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