PESQUISA DA UFAL

Promessa esquecida por Dilma e Temer melhoraria mobilidade em Maceió

Ufal atesta BRT como melhor opção de transporte para Maceió

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Uma pesquisa da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) elegeu como alternativa mais viável para aliviar, coletivizar e humanizar as vias de transporte em Maceió uma descumprida promessa de campanha veiculada nacionalmente no guia eleitoral de 2014 da ex-presidente cassada Dilma Rousseff (PT) e do atual presidente Michel Temer (PMDB). Trata-se do BRT (Bus rapid transit), que seria contemplado pelo Pacto da Mobilidade Urbana, dentro da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), que investiria R$ 400 milhões só na capital alagoana.

O projeto da Ufal, intitulado Alternativas para a massificação do transporte público coletivo: o caso da cidade de Maceió, busca identificar incentivos que podem ser apresentados para o uso do transporte público com maior ênfase. E avaliou a viabilidade de implantação de dois modais na capital, um veículo leve sobre trilhos (VLT) da Durval de Góes Monteiro à Avenida Fernandes Lima, entre os bairros do Tabuleiro e Farol; e um BRT, na Avenida Menino Marcelo, no bairro da Serraria.

Curitiba foi pioneira mundial do BRT (Foto: Divulgação)Entre os dois, o BRT foi avaliado como a melhor opção de modal para trafegar nos eixos viários principais, por seu menor custo de instalação, operação e manutenção, cerca de dois terços menor. Porém o estudo avalia que o prosseguimento do projeto do VLT previsto poderá acarretar em uma maior migração de usuários para o transporte público, por suas qualidades estéticas e maior conforto.

O anúncio do investimento de R$ 118 milhões do Pacto da Mobilidade Urbana no BRT foi feito por Dilma Rousseff após a pressão popular nacional que ficou conhecida como “voz das ruas”, em junho de 2013. E foi oficializado em visita presidencial a Maceió, em fevereiro de 2014, quando o prefeito Rui Palmeira (PSDB) presenciou a ordem oficial da então presidente petista para o investimento. Mas o prefeito tucano acabou frustrado pela falta de envio de recursos pelo Governo Federal, mesmo tendo havido a aprovação dos projetos elaborados pela Prefeitura de Maceió, no Ministério das Cidades.

Dilma ordenou investimento ao lado de Rui (Foto: Pei Fon/Secom Maceió)

Na edição de 20 de novembro de 2014 do Diário Oficial da União (DOU), foi publicada uma portaria que assinalava e inseria as quatro propostas, apresentadas pela Prefeitura de Maceió ao Ministério das Cidades, no Pacto pela mobilidade: o BRT seria implantado em quatro pontos da cidade, sendo dois na Avenida Menino Marcelo, um na Avenida Juca Sampaio/Muniz Falcão, e outro na Cachoeira do Meirim/Benedito Bentes, além de Estudos e Projetos de Mobilidade Urbana – Projetos de Planos Inclinados. Sem recursos, nem satisfação, a implantação do BRT não saiu da página do DOU.

FALTA PLANEJAMENTO

Atualmente, o VLT operado pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), entre Rio Largo e Maceió, está sendo ampliado do Centro da capital alagoana a Jaraguá. Mas, a estudante Taynah Rabelo, participante do projeto, explica que as estratégias para melhorar a mobilidade urbana não podem ser pensadas pontualmente. “Quando o VLT [da Fernandes Lima] for implantado, não sabemos como o sistema vai se organizar, porque o Plano de Mobilidade Urbana prevê algumas outras mudanças que deveriam ser implantadas juntas. Não se pode planejar a cidade pontualmente, pensar na Fernandes Lima, por exemplo, e esquecer do restante da cidade. É preciso muito estudo e só o governo tem condições de bancar”, concluiu.

Pesquisa rendeu certificado de excelência acadêmica (Foto: Ufal)A deficiência na variedade de modais é o ponto fraco no caso de Maceió, onde o principal tipo de transporte público urbano é o ônibus. O orientador da pesquisa, professor Alexandre Lima, explica que a possibilidade de integração do ônibus com outros modais são alternativas já pensadas, mas que esbarram em dificuldades financeiras. “Ambos [VLT e BRT] já estão elaborados, mas ainda falta o recurso para os projetos serem colocados em prática”, explica.

O VLT é um sistema sobre trilhos, com estrutura mais leve que os metrôs e trens. Exige uma infraestrutura maior quando comparado ao BRT, mas a capacidade de transporte é maior. “Para justificar esse investimento é necessário ter comprovadamente uma demanda de passageiros que certifique a implantação deste modal. Se efetivamente houver, aí sim a médio prazo esse custo termina sendo válido”, completa.

O BRT é um ônibus comum, que utiliza vias já existentes, mas conta com um processo de integração tarifária e de bilhetagem mais rápida, feita assim que o passageiro entra no terminal, dando a possibilidade de uma quantidade maior de usuários transportados de forma rápida.

O estudo sobre o transporte público de Maceió começou em 2015, já foi renovado e faz parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic). O trabalho foi apresentado no Congresso de Engenharia, Ciência e Tecnologia (Conecte) e no Pluris, congresso fruto de parceria entre pesquisadores do Brasil e de Portugal realizado desde 2005. Recentemente, o projeto ganhou certificado de excelência acadêmica pela Ufal.(Com informações da Ascom da Ufal)

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