Hotel que só recebe em dinheiro vivo hospeda médicos cubanos
Proibido de contratar com poder público, hotel de Canhedo hospeda cubanos
Um jeitinho brasileiro burla um impedimento judicial de empresas condenadas a contratar com o poder público. Apesar de o empresário Wagner Canhedo Filho, dono do Hotel Nacional, ser proibido de fechar acordo com o governo, o hotel dele hospeda por três semanas mais de 300 médicos estrangeiros do Mais médicos.
Uma diária no antigo hotel de luxo gira em torno de R$ 420. Se cada médico estiver em quarto separado, o governo vai gastar R$ 8,8 mil por profissional, num rombo de R$ 2,6 milhões para os 21 dias de hospedagens. Além disso, o espaço do hotel onde é ministrado o curso de preparação do profissional também foi alugado.
Os médicos hospedados no hotel do empresário Wagner Canhedo representam apenas 10% de todos os novos profissionais que participam do curso de formação. Ou seja, o rombo com diárias dos estrangeiros pode ser ainda maior. Porém, o Ministério da Saúde esconde o valor. Apenas alega que a hospedagem faz parte de um acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).
Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde, as hospedagens durante o ?módulo acolhimento? são contratadas pela Opas através de Termo de Cooperação entre os órgãos. É a organização que contrata os serviços locais com infraestrutura necessária para garantir a estadia, alimentação e as aulas do curso.
No primeiro termo publicado (veja a íntegra) para trazer 4 mil médicos, a Opas levou do Ministério da Saúde R$ 510,9 milhões. O anexo mostra os valores em cinco categorias: diárias: R$ 1,3 milhão; passagens: R$ 12,2 milhões; serviços de terceiros ? pessoa física: R$ 469 milhões; serviços de terceiros ? pessoa jurídica: R$ 4 milhões; custos indiretos (5%): R$ 24,3 milhões.
Por causa dos problemas fiscais, os hóspedes do Hotel Nacional não podem pagar as diárias com cartões. As possibilidades são dinheiro ou cheque à vista. Mas nada disso foi impedimento para que a Opas contratasse os serviços do empresário. Wagner Canhedo acumula condenações por irregularidades da antiga Vasp. Chegou a ser preso por dívida trabalhista e só foi liberado ao pagar a conta. Ele também deixou os rodoviários da antiga Viação Planalto, em Brasília, na mão.
O Hotel Nacional ainda não retornou às ligações do Diário do Poder.