Eleição municipal de 2016

Pretensões de Tarso Genro geram incômodo no Rio

Presidente estadual do PT critica ex-governador, que planeja candidatura própria

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Derrotado na disputa pela reeleição em 2014, o petista Tarso Genro, ex-governador do Rio Grande do Sul, escolheu o Rio como base para uma frente de esquerda em oposição ao domínio do PMDB no Estado e em defesa de futuras candidaturas próprias do PT. A movimentação dele, ministro da Educação e da Justiça no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, incomoda petistas fluminenses.

"É muito bom que Tarso defenda a essência de uma frente de esquerda para o Brasil, que também defendemos. Mas não pode vir aqui fazer discussão eleitoral. Então vamos reconstruir o PT do Rio Grande do Sul. O PT lá é muito sectário, nunca reelegeu ninguém", diz o presidente do PT-RJ, Washington Quaquá, prefeito de Maricá (região metropolitana) e integrante da corrente majoritária petista Construindo um Novo Brasil (CNB).

Genro, da tendência Mensagem ao Partido, tem dito que o Rio será decisivo para o futuro da política nacional a partir de 2016. Aos petistas, assegurou não querer mudar a posição dos favoráveis à aliança com o PMDB. Em conversa com correligionários, ele disse não ter "essa pretensão" mas que isso não o impediria de "ouvir companheiros e dar opinião". Para Genro, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), uma das principais lideranças do PMDB, tornou-se uma "trava" ao governo pelas derrotas impostas à presidente Dilma Rousseff. Esse tipo de aliança, diz ele, deve ser evitada.

Quaquá insiste que o PT "não tem nome" para disputar a sucessão do prefeito peemedebista Eduardo Paes e defende a manutenção da aliança com o PMDB. O vice-prefeito é o petista Adilson Pires. Na eleição de 2014, o presidente do PT-RJ liderou o rompimento com o PMDB no Estado e o lançamento do senador Lindbergh Farias (PT) ao governo, que ficou em quarto lugar. "Nossa grande liderança, Lindbergh, sofreu derrota brutal. Não temos candidato à prefeitura. Ou o Tarso está pensando em se candidatar?", ironizou Quaquá.

O petista gaúcho disse aos colegas que pretende ter uma segunda residência no Rio, onde planeja passar temporadas, mas que isso se trata de um plano "familiar". No fim de semana, ele negou em redes sociais que sairá do PT. Disse não ser "candidato a nada em lugar nenhum". "No Rio,(…) defendo candidatura própria. Defendo que o PT se renove e saia da aliança com o PMDB. Temos que ter atitudes fortes para sair da crise. Entendo que aquilo que ocorrer no Rio vai influenciar a política nacional na próxima década. Daí meu interesse em colaborar no debate."

Mesmo entre petistas pró-frente de esquerda em oposição a Paes há dúvidas sobre as intenções de Genro no Rio. Mas eles consideram positiva a defesa de nova política de alianças. Em 2014, o PMDB-RJ abriu dissidência em apoio ao tucano Aécio Neves à Presidência, mas Paes e o governador Luiz Fernando Pezão, ambos do PMDB, defenderam a reeleição de Dilma.

No passado, Genro estimulou a aliança PT-PMDB no Rio. No segundo turno de 2008, com o deputado petista Alessandro Molon fora da disputa pela prefeitura, o então ministro da Justiça apoiou Paes. Em 2012, apoiou a reeleição do prefeito peemedebista, aliado ao PT desde o primeiro turno. O ex-governador diz não se arrepender de ter estimulado a aliança com o PMDB, que ajudou a "dar governabilidade aos governos do presidente Lula".

Na próxima sexta-feira, o ato público "A saída é pela esquerda" reforçará a formação de frente suprapartidária de esquerda no Rio. "Permaneço na mesma linha de que é preciso apresentar alternativa à sociedade do Rio de Janeiro, defendo uma frente de esquerda que tenha um candidato que seja do PT ou não, isso dependerá da construção política", disse Molon. (AE)

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