PROTESTOS

Pressionados a trabalhar, médicos pedem saída de ministro da saúde

Ato ainda denunciou baixos salários de alagoanos concursados

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Uma semana depois de anunciar quase R$ 18 milhões em investimentos em Alagoas, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, foi alvo de protestos de médicos da rede pública, nessa quinta-feira (3), contrários às suas críticas e iniciativas à frente da pasta. Em Maceió, um dos grupos que protestaram Brasil afora pediu a exoneração do ministro, que durante sua visita à capital alagoana, há uma semana, reforçou que Sistema Único de Saúde (SUS) não funciona sem que seja exigido ponto eletrônico para  médicos. 

O protesto fez parte de movimento nacional e levou o pequeno grupo à porta da Secretaria de Estado de Saúde (Sesau), com faixas que culpavam o governo de Michel Temer (PMDB) pelo caos na Saúde e gritavam “Fora Barros”, ao acusá-lo de não exercer o cargo com dignidade e não respeitar os profissionais da saúde. E as críticas também foram direcionadas à gestão da saúde do governo de Renan Filho (PMDB), em Alagoas.

Ato reuniu pequeno grupo em Maceió (Imagem: Ricardo Lêdo/Gazetaweb)Entre as falas do ministro que foram consideradas insultos pelos profissionais de saúde estão a que Ricardo Barros afirmou que o “Governo Federal deveria parar de fingir que paga aos médicos, e os médicos pararem de fingir que trabalham”. 

Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed), Wellington Galvão, a manifestação recebeu a solidariedade do secretário estadual de Saúde, Christian Teixeira, que também é cobrado por melhores condições de trabalho nas unidades estaduais, como o Hospital Geral do Estado (HGE).

“O HGE é uma unidade de guerra. Naquele lugar você afeta até o seu psicológico trabalhando sem as condições dignas. Tenho amigos que não conseguem trabalhar ali. Todos sabem que lá não há condições de trabalho e falta uma maior vontade do governo para mudar essa realidade”, disse Galvão, em entrevista à Gazetaweb, ao ponderar que a sobrecarga seria motivada pelo fato de o HGE receber pacientes de todos os municípios alagoanos.

O presidente do Sinmed expôs ainda que 75% dos servidores estaduais que trabalham na urgência e emergência do estado são prestadores de serviço. E chegam a ganhar mais que o dobro do que é pago aos profissionais concursados. “O médico concursado plantonista de 24h ganha em torno de R$ 3 mil a R$ 4mil, enquanto nas mesmas condições o prestador de serviço ganha de R$ 8 mil a R$ 10 mil pelo o mesmo serviço”, denunciou.

A Sesau emitiu nota em que informa que a tabela de remuneração dos servidores varia de acordo com perfil de atendimento da unidade, que pode ser normal, de urgência ou emergência.

VAI TER PONTO SIM

Ministro virou inimigo de médicos, após declarações (Foto: Elza Fiuza/ABr)Na semana passada, o ministro disse que vai sim implantar ponto eletrônico: “Eu vou exigir a presença dos médicos nas unidades de saúde. Vamos implantar a biometria e eles vão ter que cumprir o horário. Não há razão para essa reação. Eles fizeram concurso público, têm um contrato com o poder público de tantas horas por semana e vão cumprir. Senão, o sistema não funciona. E, também, evidentemente, estou me propondo a pagar melhor. Porque, se o médico vai ficar o tempo contratado na unidade de saúde, é preciso remunerá-lo por esse tempo. Nós temos que avançar neste sentido. O que eu disse é exatamente isso. Vamos pagar melhor os médicos, vamos exigir o cumprimento do horário. E é isso que vamos fazer”, disse Ricardo Barros, ao Diário do Poder.

O Ministério da Saúde reforçou que continuará atuando na melhoria da infraestrutura da saúde, dando prioridade a informatização e biometria, fundamentais para a oferta de serviços de mais qualidade ao cidadão, com garantia da presença do médico, sobretudo na atenção básica, além de dar maior transparência e eficiência aos gastos públicos.

E deu destaque à liberação, em julho, de R$ 2 bilhões para a ampliação do atendimento da atenção básica em todo o país, com credenciamento de 6,4 mil equipes e 12,2 mil agentes comunitários de saúde. E ainda disse terem sido atendidos todos os seis mil novos serviços hospitalares que estavam com documentação pronta aguardando habilitação. Além disso, estão em andamento 7,1 mil obras de saúde no país. 

O presidente do Sinmed de Alagoas esclareceu que o ato não prejudicou a população, porque os médicos lotados nas unidades de urgência e emergência trabalharam normalmente durante todo o dia. 

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