Crime bárbaro

Polícia indicia sete em caso de estupro coletivo no Rio

Para delegada, 5 participaram do estupro; 2 divulgaram vídeos

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A Polícia Civil do Rio finalizou nesta sexta-feira, 17, o inquérito que investiga o estupro de uma adolescente de 16 anos na zona oeste carioca, em maio, e concluiu que quatro pessoas, incluindo um menor de idade, estupraram a vítima e dois divulgaram as imagens do vídeo nas redes sociais. Os policiais civis encarregados da apuração não encontraram indícios da participação de 33 criminosos no crime, como a jovem contou em depoimento que teve repercussão internacional.

Um dos acusados pelo estupro é um menor de 17 anos, traficante do Morro da Barão. Ele teria sido o responsável por fazer um dos vídeos em que a jovem aparece nua e desacordada. A delegada Cristiana Onorato Bento, da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV), pedirá à Justiça a sua apreensão. Antes, o menor tinha sido apontado pelos acusados como Jefinho, mas a investigação descobriu que se tratava do apelido de um outro traficante, que morreu, empregado na tentativa de despistar os investigadores. 

Os outros indiciados pelo estupro serão Raí de Souza, de 22 anos, Raphael Belo, de 41, e o traficante Moisés Camilo Lucena, o Canário, que está foragido. Raí e Raphael estão presos temporariamente. O primeiro desde o dia 30 de maio. O segundo desde o dia 1º deste mês. 

Raí será acusado de fazer imagens da jovem, com o próprio celular, e manipular o corpo dela. Em seus depoimentos, ele negou que tenha participado do crime, mas os policiais identificaram a sua bermuda, pé e mão nos vídeos dos abusos divulgados.

Raphael Bello é o homem que aparece em selfie em que a vítima nua está em segundo plano, deitada. Ele também é mostrado em vídeos tentando introduzir objetos na vagina da adolescente, segundo a perícia feita nas imagens. Antes de se entregar, Raphael, que é cinegrafista e dono de um lava-jato no Complexo do Morro São José Operário (do qual a Barão faz parte), escreveu nas redes sociais que a atitude "foi mais uma zoação, brincadeira" e que os acusados não machucaram a jovem. 

Canário estava em liberdade condicional, revogada depois que passou à condição de suspeito no crime. Ele foi apontado pela vítima como o homem que a segurava quando acordou no abatedouro. Um mandando de prisão foi expedido contra Canário, que está foragido. 

Marcelo Miranda da Cruz Corrêa, de 18 anos, e Michel Brasil da Silva, de 20, serão indiciados pela divulgação dos vídeos e imagens nas redes sociais. Há mandados de prisão temporária contra os dois, que estão foragidos. A delegada não pretende renová-los, pois considerou que o crime dos quais são acusados não justifica a prisão temporária. 

A polícia também pedirá a prisão do chefe do tráfico do Morro da Barão, Sérgio Luiz da Silva Júnior, o Da Russa. A jovem contou em depoimento que encontrou Da Russa ao sair do abatedouro, como é conhecido o casebre onde foi estuprada na favela, após participar de um baile funk na madrugada de 21 de maio. Até agora a delegada não encontrou provas do envolvimento de Da Russa na agressão sexual. 

O inquérito segue agora para o Ministério Público do Estado do Rio. Cristiana pretende abrir um outro inquérito caso surjam informações sobre a participação de novos suspeitos no crime, além dos que já foram identificados. Ela afirmou não acreditar que chegue a 33 criminosos. 

A delegada pretendia fazer uma videoconferência com a jovem, que está em programa de proteção, para esclarecer dúvidas. Não conseguiu ouvi-la. Nesta terça-feira, ela esteve no presídio para ouvir novamente os acusados. Raphael falou. Raí se recusou a conversar com a delegada. (AE)

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