Operação Lava Jato

Pizzolatti retirava propina para evitar taxa, diz Ceará

Ex-deputado ia pessoalmente a escritório de Youssef, diz delator

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O ex-deputado João Pizzolatti (PP/SC), suposto beneficiário do esquema de propinas instalado na Petrobrás entre 2004 e 2014, fazia questão de retirar pessoalmente dinheiro em espécie no escritório do doleiro Alberto Youssef, em São Paulo, para não pagar taxa de transporte de valores – 3% sobre o montante embolsado. Na campanha de 2010 foram destinados R$ 5,5 milhões a Pizzolatti. As revelações foram feitas por Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará, novo delator da Operação Lava Jato.

Ceará atuava como entregador de dinheiro do doleiro. Entre 29 de junho e 2 de julho de 2015, ele prestou 19 depoimentos para força-tarefa composta de três defensores públicos da União, dois procuradores da República e um delegado da Polícia Federal. Todos os depoimentos do delator – integralmente gravados em meio audiovisual – foram juntados aos autos da Lava Jato em curso no Supremo Tribunal Federal sob relatoria do ministro Teori Zavascki.

O PP detinha o controle da Diretoria de Abastecimento da Petrobrás, um dos mais robustos focos da corrupção na estatal. O engenheiro Paulo Roberto Costa, primeiro delator da Lava Jato, foi indicado pelo PP para a Diretoria de Abastecimento. Para se manter no cargo, Paulo Roberto Costa direcionava a parlamentares do PP porcentual de contratos fraudados com as maiores empreiteiras do País.

Ceará afirmou que começou a prestar serviços a Youssef quando ele mantinha no Paraguai a casa de câmbios Onyx. Mais tarde, depois que Youssef foi preso no caso Banestado – evasão de divisas nos anos 1990 -, Ceará mudou de função e passou a entregar dinheiro vivo para os políticos, já no âmbito do esquema Lava Jato, entre 2008 e 2009.

Na ocasião, o doleiro Youssef se estabeleceu com escritório na Avenida São Gabriel, em São Paulo. O delator disse que sabia que o dinheiro que entregava a deputados tinha origem na corrupção, mas não sabia que era do esquema na Petrobrás.

Além de Pizzolatti, o delator citou outros parlamentares que são alvo da Lava Jato e já foram condenados pelo juiz federal Sérgio Moro. “Nas entregas para os deputados federais o declarante sabia quem eram os destinatários; entregou dinheiro na mão dos ex-deputados federais Ioão Pizzolatti, Pedro Corrêa (PP/PE) e Luiz Argôlo (SD/BA). Além disso, entregou dinheiro ao filho do deputado federal Nelson Meurrer (PP/PR).” (AE)

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